A leitura de Isaías mostra que o Servo do Senhor “como
discípulo” terá êxito.
No salmo, o justo
sofredor suplica confiante: Vem depressa em meu socorro.
O hino cristológico, na
carta aos Filipenses, celebra o esvaziamento (em grego, kénōsis) de Cristo que
assume a condição de Servo até a morte na cruz. Por isso, foi exaltado e toda
língua proclama que ele é o Senhor.
A entrada de Jesus em
Jerusalém aponta para o sentido simbólico, e lembra Zc 9,9 que anuncia a
chegada de um rei montado em um jumentinho. Os milagres vistos resumem seu
ministério como Messias servidor (4,18-19; 7,22). Bendito aquele que vem remete
ao Sl 118,26, parte do pequeno Hallel formado pelos Sl 113-118, cantados nas
grandes festas como Pesah, Shavuot e Sukkot. O projeto da paz, manifestado com
o nascimento de Jesus (2,14),realiza-se plenamente com sua glorificação
(13,34-35). O pedido para impedir a aclamação real revela falta de compreensão
da missão de Jesus. As ações proféticas de Jesus ao oferecer o pão e o vinho,
na Última Ceia com seus discípulos, reinterpretam o significado da Páscoa. No
monte das Oliveiras, ensina a discernir a vontade do Pai através da oração.
Rejeitado pelas lideranças ligadas ao Templo de Jerusalém, é entregue ao poder
político que ocondena à morte, apesar de sua inocência (23,4.14.15.22). Como
Servo Sofredor (Is 53,3-12), trilha o caminho para a cruz até à morte,
realizando assim a obra da redenção. O
véu que separava o Santo dos Santos do restante do Templo rasga-se, indicando o
caminho novo de encontro com Deus (Hb 10,19-22). A boa ação de José de
Arimateia no sepultamento do corpo de Jesus, evita que seja abandonados na cruz
destino dos crucificados.
Cabe bem neste domingo
de Ramos, a memória de Martin Buber, jornalista e teólogo judeu, defensor da
coexistência entre árabes e judeus. Ao falar dos profetas ele diz: “as
realidades significativas se realizam mais na profundidade do fracasso que na
superficialidade do êxito”. De fato, quem se recorda dos que mataram os
profetas e o Cristo?
Hoje, ao adentrar as
portas da igreja com os ramos de oliveira confessamos a nossa fé no Ungido de
Deus e com as palmas, proclamamos a sua vitória sobre a morte. Assim entramos
na semana santa da nossa redenção com profunda referência, imitando o Senhor,
com o olhar atento aos seus gestos e
atitudes, silenciando nosso eu, deixando que repercutam em nós somente
as ações e o silêncio de Deus.
Revista de Liturgia
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