Jesus está à caminho de
Jerusalém (9,51), seu êxodo que vai culminar (9,31) com sua morte e
ressurreição. Depois do apelo a perceber os sinais do tempo presente
(12,54-56), ele convida à conversão (12,57-13,9). A morte violenta de um grupo
de galileus por Pilatos e das vítimas do incidente com a torre de Siloé suscita
a pergunta: Vocês pensam que estes eram mais pecadores e culpados que os
outros? Conforme a mentalidade da época, as mortes pela violência, acidentes,
catástrofes da natureza eram consequência do pecado (Jó 31,3; Pr 10,24). Jesus
chama à conversão para não perecer (13,3.5) diante das injustiças e opressões.
Sua mensagem é de salvação (13,23), é de paz, de amor solidário. Por meio da
parábola da figueira que simboliza o caminho
da aliança (Jr 8,13; Os 9,10), Jesus interpela a uma resposta mais
profunda ao seu chamado. O agricultor não corta a figueira, mas cava ao seu
redor e coloca adubo na esperança da colheita. Assim é o Deus revelado em
Jesus, misericordioso e paciente, que não se cansa de esperar e oferecer
oportunidades de conversão (Rm 2,4; 2Pd 3,9). Com Jesus chegou o tempo novo da
graça e da salvação (Lc 4,18-19), o momento de produzir frutos abundantes (Jo
15,8) que manifestam a presença do Reino de Deus e sua justiça (Mt 6,33).
A leitura do Êxodo
sublinha que o Deus sempre presente na vida e história vê, ouve, conhece os
sofrimentos dos oprimidos no Egito, liberta e conduz para uma terra boa.
O salmo convida a
bendizer o Senhor, que é misericordioso
e compassivo, paciente e repleto de bondade.
A primeira carta aos
Coríntios interpela a seguir o caminho da vida nova em Cristo através do
batismo, prefigurado na nuvem e na passagem do mar (Ex 13,21;14,22), e mediante
a eucaristia que alimenta e sacia plenamente, simbolizada no maná e na água da
rocha (Ex 16; 17).
Diante da tragédia que
agride a terra e seus habitantes, sem dúvida, faz-se necessário identificar os
causadores e as causas para evitar que se repita. Mais do que tudo, é preciso
tomar a defesa dos mais fracos, pois é sempre deste lado que a corda costuma
romper. Qualquer que seja o desfecho, há um discernimento que cabe a todos,
pois o mal tem repercussão coletiva assim como a salvação. Ninguém vai se
salvar sozinho.
Que Eucaristia deste
domingo nos tire da passividade e renove em nós o fervor de seu Espírito.
Iluminados e guiados pelo paráclito possamos sempre discernir e decidir em
favor da justiça e da compaixão.
Revista de Liturgia
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