Um mito é uma coisa
inacreditável, um enigma, uma utopia, uma pessoa ou coisa incompreensível. É
também uma interpretação alegórica de um fato real. Algumas pessoas são
consideradas mitos, porque fizeram algo extraordinário, impensável para a
época, quase impossível.
Dependendo da lente com
a qual enxergamos o mundo e nos posicionas nele, a felicidade pode ser um mito
para nós.
Se, por exemplo,
digitarmos a palavra “felicidade” no Google, aparecerão mais de 34 milhões de
possibilidades. Os primeiros resultados mostram frases feitas, atribuídas a
pensadores, personalidades, intelectuais, artistas e pessoas desconhecidas. É
essa a verdadeira felicidade da qual falamos e que nós cristãos almejamos? No
dicionário, a felicidade se traduz em bem-estar, contentamento e bom êxito; é o
estado de quem é feliz.
Novelas e redes sociais
Revistas, filmes,
novelas e redes sociais nos apresentam pessoas sempre bonitas, bem vestidas,
muito sorridentes em suas belas casas, desfrutando de longas viagens em lugares
paradisíacos, com seus carros do ano, roupas de grife e cabelos da moda. São
vidas que parecem tão absolutamente perfeitas, que alçam pessoas comuns ao
status de “mito”, e atribui aquele estilo à felicidade. Afinal, nem todos nós
teríamos condições de, um dia, usufruir essa vida cara, estereotipada e
padronizada que nos é apresentada como modelo de felicidade.
Nessa ótica, talvez
passemos pela vida considerando a felicidade um mito se assumirmos que
precisamos de tal padrão para sermos felizes. Infelizmente, o que há de pessoas
que não conseguem enxergar nem valorizar o que tem e, por isso, consideram-se
infelizes, não está no gibi!
Jesus dá uma receita
Jesus deu uma
receitinha boa de felicidade, que não tem nada de mitológica, ao contrário, está
completamente ao nosso alcance, ao alcance da nossa essência, e se torna mais
fácil ou mais difícil de viver conforme nosso comprometimento com Seu
Evangelho. Essa “receita” está na passagem conhecida como o sermão das
bem-aventuranças. Não vou descrever todas aqui, apenas atentar-me a um ponto: “Felizes
os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” (Mt5,7).
Entramos no Jubileu da
Misericórdia. O Papa Francisco abriu a Porta Santa e declarou um Ano Santo, ou
Jubileu da Misericórdia, o que significa a abertura de um caminho
extraordinário para a salvação, um convite a voltarmos às raízes do
Cristianismo, que não exclui ninguém, mas está de portas abertas para acolher a
todos, sem distinção. Nisso consiste a verdadeira felicidade. A misericórdia
não é um mito, ela é real, mas depende de nós para que se materialize em
felicidade para nossa vida e para a vida dos demais.
A palavra
“misericórdia” é a junção de dois termos latinos: miseratio (compaixão) +
cordis (coração). Trazendo essa junção para nossa vida, entendemos como “ter o
coração compadecido” pelos demais, com sentimentos e ações que demonstrem essa
misericórdia. A compaixão pelo outro nos recorda a compaixão que o próprio Deus
tem por cada um de nós.
Quem de nós é digno e
merecedor
Quem de nós é digno e
merecedor de tudo aquilo que Deus faz em nossa vida? Ele tem uma misericórdia
infinita, que não leva em consideração nossa pequenez nem fraqueza, e só isso
já deve ser motivo suficiente para sermos felizes. Por mais que não consigamos perceber
a mão de Deus nas diferentes situações de nossa vida, a misericórdia nos
alcança. Sejamos felizes por isso!
Eu o desafio a fazer um
propósito em 2016: pare de falar que você não é feliz. Se as coisas estão
ruins, reze e faça a sua parte, busque sair do seu lugar e tente fazer as
coisas de maneira diferente. Passe menos tempo admirando a vida dos outros e
esses estereótipos de felicidade, e mais tempo cultivando a sua vida, a sua
família, os seus amigos, e construindo a sua história de felicidade. Seja
misericordioso com quem está mais perto de você. Isso mesmo!
A felicidade é
acessível
Então, que tal se,
antes do julgamento, praticássemos a misericórdia entre nós, na nossa casa, no
nosso trabalho e com a vizinhança? Que saiamos da superfície das relações, para
agir com misericórdia, aproximando nosso coração do coração do outro. Que o nosso
coração se dobre com a dor e a dificuldade do outro, que saibamos ser Jesus na
vida das pessoas que estão perto de nós.
A felicidade não é um
mito. Ela é acessível a nós e não depende de dinheiro, fama ou de seguirmos
nenhum estereótipo. Ela passa entre outras bem-aventuranças, como a nossa
atitude de misericórdia no mundo. Façamos as escolhas que podemos fazer e
sejamos felizes com elas. Quanto àquilo que não podemos escolher, acreditemos
na misericórdia de Deus e sejamos misericordiosos com quem está perto de nós.
Desejo a todos nós um
2016 de menos mitos e mais misericórdia!
Mariella Silva de
Oliveira Costa
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