3º Domingo do Tempo Comum

Lucas começa a obra (1,1-4) revelando aos que amam a Deus (= Teófilo), aos amigos/as, a solidez dos ensinamentos recebidos, sobretudo através dos apóstolos e discípulos de Jesus. A vida e os ensinamentos de Jesus, manifestados desde a Galileia até Jerusalém, reavivam a fé e o fervor missionário (24,13-35). Jesus, conduzido pelo Espírito, está anunciando a mensagem de esperança na região da Galileia. Sua pregação inaugural num dia de sábado, na sinagoga de Nazaré, é programática para a missão que realizará no “sábado” como cumprimento da promessa de Deus para os famintos, os enfermos, os presos (4,31-37; 6,1-5; 6,6-11; 13,10-17; 14,1-6). Seu projeto salvífico faz alusão a Is 61,1-2; 58,6: O Espírito do Senhor me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres, a libertação aos presos; a recuperação da vista aos cegos, a liberdade aos oprimidos e o ano de graça do Senhor. Sentado, como verdadeiro Mestre, Jesus ensina que “hoje” se cumpriu plenamente a salvação. Jesus, o Ungido/Cristo com a plenitude do Espírito (3,22; 4,1.14), realiza o ano da graça do Senhor através da nova justiça, amor solidário, reconciliação, partilha. O “ano da graça” devia conceder a liberdade aos oprimidos, talvez por causa de dívidas (Ne 5,1-10), o retorno às suas terras que é dom de Deus (Lv 25).

A leitura de Neemias é uma solene liturgia, que mostra o povo reunido em torno da palavra, reconstruindo sua identidade após as ruínas do exílio. A palavra, explicada a todos os que falavam o aramaico e já não entendiam bem o hebraico, suscita conversão e partilha.

O salmista medita na Lei do Senhor, a Torá, alegria do coração e luz no caminho da justiça e fraternidade.

Paulo, na leitura de 1Coríntios, lembra a unidade que provém do batismo: Embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo pelo Espírito.

A palavra de Deus nos interpela, provoca, cria comunhão e nos salva. Como corpo de Cristo, membros de uma Igreja servidora, somos chamados a seguir o exemplo das comunidades de Lucas, que embora, em sua maioria, pobres, eram solidárias com os mais necessitados.

Nesta celebração, reunidos em comunidade para escutar a Palavra de Deus e dar graças, recebemos o mesmo Espírito que ungiu Jesus e o consagrou como Messias. Também nós recebemos de Deus a graça da santificação que nos fortalece na missão, nos habilita a sermos anunciadores da Boa Nova de Jesus aos pobres e nos abre ao dom da justiça e solidariedade.

Revista de Liturgia

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