A cada
ano, como Igreja somos convocados a reavivar o mistério Pascal em nossas vidas.
Mistério pelo qual recompomos nossas forças espirituais, reavivamos nossas
expectativas mais íntimas e reafirmamos nosso propósito de cooperar na
construção de uma sociedade mais fraterna e acolhedora, onde os princípios
evangélicos possam nortear nossas ações nos direcionando a uma verdadeira
abertura ao próximo.
Abertura
essa, que evidencie a disposição de assumirmos um projeto, não qualquer
projeto, mas um projeto que dê sentido pleno a nossa vida, revigore nossas
energias para transformação e favoreça nossas relações interpessoais nos
encaminhando a uma verdadeira comunhão; que nos é traduzido por Reino de Deus.
Deste
modo, o ciclo pascal, nesse tempo quaresmal que acabamos de vivenciar, muito
possibilitou essa ação, ao nos trazer a pertinente reflexão da CF deste ano de
2015, Fraternidade: Igreja e Sociedade, com o lema: “Eu vim para servir (cf. Mc
10,45)”. Uma Igreja em constante saída que se coloca à serviço da vida com o
intuito de levar a paz por meio de sua ação solidária e participativa. Muito
pertinente, pois nos propõe atitudes concretas de um intenso agir missionário
em contramão com atitudes de fechamento e intolerância marcam nossa sociedade.
A
experiência da Páscoa que a partir de hoje iremos vivenciar com maior
intensidade em nossos atos litúrgicos, devem nos levar a uma verdadeira ação
regeneradora em nosso modo de pensar, conduzindo-nos a uma postura mais
agregadora e serviçal, como mostra em sua vida nosso Mestre e Senhor, Jesus
Cristo. Não devemos apenas viver como expectadores de seu projeto o qual,
certamente, admiramos, mas que, por ocasiões, podemos não assumimo-lo
plenamente como nosso. Devemos sim participar de seu projeto, de seu Reino,
celebrado e iniciado nos cultos de nossas inúmeras comunidades, e expandi-lo
para as realidades mais necessitadas da Palavra que salva e da ação fraterna
que liberta.
Certamente
não é fácil em nosso tempo, superarmos esquemas utilitaristas que se convergem
em ações mesquinhas e individualistas denotando um ambiente de profunda
insegurança, incerteza e fechamento. Num momento de desconfiança e pessimismo,
evidenciemos nossa fé a partir de um testemunho concreto da caridade cristã que
se acentua no cuidado e comprometimento com aqueles que mais sofrem e são
injustiçados.
A
alegria pascal vivenciada concretamente em nossas celebrações litúrgicas a cada
semana devem nos fazer convergir para um comprometimento verdadeiro, destemido
e amoroso em nossas realidades, em uma atitude de constante abertura e saída
para além de nós mesmos descobrindo outros campos de missão como nos aponta
nosso querido papa Francisco.
Hoje, a
partir consagração dos óleos que servirão para ungir um povo caminheiro,
fatigado, mas alegre pois é sempre esperançoso na ação divina, reafirmamos
nosso compromisso ao Deus que estabelece conosco uma única e eterna Aliança
(Cf. Is 61, 8b), trazendo conforto, alívio e determinação para a superação das
dificuldades e conflitos nos estimulando a uma prática solidária.
Não nos
desencorajamos com as atitudes de intolerância e descredito na bondade humana,
que por vezes tem ecos maiores que a mensagem evangélica. Mas, testemunhemos a
partir de uma práxis servidora por meio de nossas ações pastorais a alegria de
Igreja inquieta por salvaguardar a dignidade reanimando-nos sempre para a
missão e seus novos desafios.
Celebrar
a Páscoa é assumir a abundância da vida nos dada por Deus, na alegria de
expressar nossa fé em comunhão com todos! Participemos com amor e dedicação
desses grandes momentos que manifestam a núcleo na nossa fé:
Paixão-Morte-Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deixemo-nos, na
celebração desses sagrados mistérios, nos fecundar pela graça divina para que
frutifiquemos nossas comunidades com amor concreto convertido em serviço ao
mais necessitado.
Vamos
proclamar a alegria da Ressurreição do senhor neste domingo de Páscoa:
aclamaremos “Cristo ressurgiu! Não está morto, mas é o Vivente”. Ao chegar este
grande dia veremos que Ele é a novidade, e
N’Ele tudo se renova, pois eis que Cristo nossa páscoa foi imolado.
Assim, a
maior festa de toda a cristandade é a ressurreição de Jesus Cristo, pois se
trata de um acontecimento que está no centro da experiência religiosa que Jesus
Cristo fez de Deus, é o cume do caminho feito por Ele. Com sua ressurreição os
seguidores de Jesus descobrem quem Ele é, qual sua missão e qual é seu futuro.
Que o
amor do Cristo ressuscitado esteja nos corações de todos/as. Um abraço fraterno
e uma feliz e santa Páscoa a todos vocês!
Dom
Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo
Diocesano de Limeira, SP
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