Amados irmãos e irmãs
em Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, nós hoje temos a graça de partilhar a
Parábola do Filho Pródigo. Na verdade, eu gosto mais de olhar essa parábola a
partir do pai, porque, na verdade, o grande pródigo é mesmo o pai: é ele quem
esbanja amor, misericórdia, bondade e doçura.
O filho, que morava com
o pai, reclama a sua parte na herança. E como podemos entender a herança que o
filho pede ao pai? É o desejo de liberdade. É como se ele dissesse: “Pai,
permita-me fazer o que eu quero, permita-me ser como os outros, permita-me ir para
o mundo, viver o que eu tenho vontade de viver e fazer!”.
O grito que bateu no
coração daquele filho é o grito que, muitas vezes, bate também no coração de
cada um de nós: o desejo e o anseio pela autonomia, pela liberdade e, muitas
vezes, até a vontade de viver o que o mundo vive. Muita gente que é de Deus,
algumas vezes, se cansa de ser diferente; às vezes, sente a tentação de que é
preciso viver no mundo como todos vivem. Nós não somos melhores do que ninguém,
mas estamos na casa do Pai!
É o mundo largo, com
propostas, tentações e aberturas, ao qual, muitas vezes, sucumbimos com um
tremendo chamado dentro de nós. Quantos filhos estão longe dos seus pais;
quantos maridos vivem a experiência de ser pródigos, deixam seus filhos, sua
esposa e vão viver no mundo como querem.
Eu, muitas vezes, digo:
temos que fazer de tudo para manter os nossos ao nosso lado. Mas chega um tempo
em que, muitas vezes, é preciso deixá-los e lhes dar aquela mesma liberdade que
o pai deu para o filho. É verdade que nem todo filho pródigo volta, pois muitos
filhos partiram para longe da casa de Deus e não voltaram. É óbvio que o
coração do Pai está aberto e sempre espera que o filho volte.
Se nós fizemos a
experiência de ir para longe dos braços e do colo de Deus, que bom que voltamos!
É importante pedirmos a graça de Deus para permanecermos firmes, mas se nós
estivermos longe do Senhor será preciso pedir a graça d’Ele para voltar ao Seu
coração. E aqui “voltar” não significa somente voltar a frequentar a igreja.
Nesta passagem bíblica, a primeira coisa que o filho pediu ao pai foi perdão,
foi um reconhecimento sincero de que ele fraquejou, que ele desperdiçou, que
ele mesmo colocou a sua vida em risco. Ele mesmo diz: “Pai, pequei contra Deus
e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho” (Lucas 15, 21).
A humildade é a graça
de que nós precisamos para voltar ao coração do Pai! Peçamos a esse Pai
misericordioso que nos conceda, neste tempo da graça chamado “Quaresma”, a
graça de um coração arrependido, sincero, humilde para que sejamos novamente
acolhidos nos braços d’Ele.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade
Canção Nova
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