A parábola que nós
ouvimos hoje nos mostra duas situações cotidianas de nossa vida. Nós podemos
nos considerar de um lado e de outro ou, muitas vezes, viver a dualidade. Jesus
quer nos mostrar, com esses dois exemplos, qual é o caminho que, de fato, nos
eleva ao céu e faz com que a nossa oração cheguem até Ele.
Quem já é da caminhada
cristã, quem caminha ao lado do Senhor há um tempo, corre o sério risco de se
tornar um fariseu na prática da sua fé, inclusive a própria oração pode se
tornar “farisaica”. Quando rezamos muito e achamos que os outros rezam pouco, nós
medimos a nossa oração e damos propensão ao nosso coração para que ele ceda ao
orgulho e à tentação de nos acharmos o máximo. Quando nos consideramos melhores
do que qualquer pessoa, mais santos, menos pecadores, mais justos, mais salvos,
cometemos outro risco; bem como quando olhamos os defeitos dos outros e não
somos capazes de olhar os nossos, nem de reconhecer nossas faltas e misérias.
Talvez você pense:
“Quem rouba, quem mata, quem adultera são os outros! Eu nunca cometi nada
disso!”. E nisso, os pecados que nós não consideramos nada vão, muitas vezes,
se escondendo debaixo do tapete e ficam na penumbra do nosso coração.
A oração que agrada a
Deus é a oração do pecador; a oração
feita com humildade e do fundo da alma, a oração de quem se faz pequeno, de
quem se apresenta diante do Senhor não com grandeza, mas com pequenez;
reconhecendo suas misérias, suas faltas, seus erros e nunca apontando o dedo
para os outros, mas sempre para si mesmo, reconhecendo, a cada dia, que sem a
graça de Deus nós não somos nada.
O pecado do farisaísmo
é o orgulho e a autossuficiência. Uma pessoa orgulhosa e autossuficiente na
vivência da fé já se acha experiente, conhecedora de todas as coisas; sempre
olha os outros de cima e se acha o máximo. Para Deus só há um “máximo”: é quem
se faz pequeno, é quem se humilha e nunca humilha os outros. É quem reconhece a
sua pequenez e se aproxima do coração d’Ele para clamar por misericórdia, por
perdão e por piedade.
Que o Senhor Deus hoje
nos ensine a oração agradável ao Seu coração, que Ele nos ensine a oração que
realmente liberta a nossa alma. Que nunca seja a oração da justificação, mas
sim a oração da contrição e do reconhecimento, por meio da qual tocamos em
nossa miséria e jamais não nos sentimos superiores a ninguém.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade
Canção Nova
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