“Lendo aprendemos a
ler; escrevendo aprendemos a escrever; caminhando aprendemos a andar; amando
aprendemos a amar e a viver. Para viver intensamente é preciso conhecer as
profundezas do amor” (Frei Anselmo – ‘Amor é vida’). A vida se tornaria tão
simples se descobríssemos qual lugar o amor deveria ocupar em nosso dia a dia.
Não sabemos ao certo o
quem vem primeiro: quem ama educa ou quem educa ama. Ao rabiscar as primeiras
linhas deste texto, chegou ao meu alcance um livro de 1970 escrito por Frei
Anselmo, o qual traz como título ‘Amor é vida’. Um livro curioso, que apresenta
várias situações que nos estimulam a ler até compreender o que é o amor e o que
com ele se parece, mas não é amor. O amor é visto como o sentimento que “dá
tudo em troca de nada, que compreende sem condenar, o amor é paciência,
bondade, ternura, perdão e generosidade”.
O amor é um “estado
subjetivo”, considerado como um conjunto de ação sensorial como ver ou ouvir.
Por isso, amar e educar pode acontecer simultaneamente. A consequência da
decisão de amar educando, amar ensinando o filho a cuidar dos seus pertences,
amar dando exemplo de respeito à família e às amizades será a de formar filhos
educados e amados.
Discriminar aquilo que
sentimos e falar sobre esses sentimentos são comportamentos aprendidos, os
quais adquirimos por meio da comunidade verbal que geralmente nos ensina a
descrever o que fazemos, o que pensamos e o que sentimos. E essa prática deverá
ser de todos que se dispõem a educar seus filhos amando-os. Neste caso, a
primeira comunidade verbal para um filho é a família. De acordo com Skinner
(1967), o comportamento é uma interação entre indivíduo e ambiente. Portanto,
podemos investir no amor e todas as coisas nos serão acrescentadas. As pessoas
consideram os sentimentos como fenômenos mentais, abstratos, que ficam
preservados na mente humana.
Quando alguma coisa
externa evoca esses sentimentos, eles saem de seu reduto e se expressam publicamente,
explica Hélio José Guilhardi em seu artigo ‘Autoestima, autoconfiança e
responsabilidade’. Por exemplo: se algum fato provocar uma irritação na pessoa,
a raiva dela, que parecia estar acomodada, aparecerá em gestos de
agressividade. Não tão diferente será com a tristeza, pois se uma pessoa perder
alguém muito querido, a tristeza, que também estava silenciosa em seu ninho
mental, aparecerá e se mostrará em forma de choro. Assim também é o amor. Se o
filho for educado por seus pais com base no amor, este, que estava acomodado,
aparecerá e se mostrará em forma de um comportamento adequado, alegre e
amoroso.
Os pais precisam amar
os filhos de tal forma que a educação oferecida a eles evoque os sentimentos
bons que estão guardados dentro destes, a fim de que expressem seus sentimentos
publicamente, de forma a refletir justamente o amor recebido. Todas as pessoas
que educam para o amor deveriam fazer uso de contingências reforçadoras
positivas, pois elas apresentam várias vantagens.
1. Fortalecer os comportamentos
adequados dos filhos;
2. Produzir maior
variabilidade comportamental, pois assim a criança ficará mais criativa;
3. Desenvolver nos
filhos comportamentos de iniciativa;
4. Estimulá-los a
produzir sentimentos bons, tais como satisfação, bem-estar, alegria,
autoestima, autoconfiança e responsabilidade.
Guilhardi sugere alguns
questionamentos para que os pais possam refletir sobre a sua forma de educar os
filhos produzindo as contingências reforçadoras positivas:
1. Tive tempo para
conversar e fazer algumas atividades com meu filho sem pressa para encerrar
logo a interação?
2. Ensinei meu filho a
fazer alguma coisa?
3. Sei dizer que
atividades meu filho gostaria de fazer em minha companhia?
4. Sei dizer que
atividades meu filho gostaria de fazer sem mim, mas com os amigos dele?
5. Fiz algo com ele
para agradá-lo e não para me agradar?
6. Dei a ele alguma
demonstração clara de atenção, carinho e amor?
7. Valorizei alguma
coisa que ele fez sem especificar critérios de qualidade ou nível de
desempenho?
8. Dei alguma forma de
atenção e carinho sem exigir antes nenhuma forma de comportamento adequado?
9. Revi ações ou
comentários meus considerados excessivos a partir de queixas fornecidas pela
minha mulher ou por meu filho?
10. Abracei meu filho e
lhe disse que o amo, que senti saudades dele no exato momento em que me
encontrei com ele sem me preocupar com seus comportamentos ou se estava suado,
com roupa suja, despenteado etc.?
11. Eu lhe dei alguma
coisa de que ele goste como uma bala, uma figurinha, uma flor, simplesmente
porque me lembrei dele (não do que ele fez)?
12. Eu lhe impus alguns
limites que considerei necessários?
13. Eu lhe disse algum
“não”?
Se suas repostas foram
positivas, você está amando tão bem o seu filho que o está educando para o
amor.
Judinara Braz
Psicóloga especializada
em Análise do Comportamento.
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