Em primeiro lugar,
devemos fazer uma constatação: a maior honra e glória da nossa vida é sermos
cristãos! Não são os títulos que temos ou mesmo os bens que possuímos, mas sim
a graça de sermos cristãos católicos. Mas afirmo que isso não é fácil!
É mais fácil viver de
filosofias; viver a radicalidade do Evangelho não é fácil. É desafiador ser
católico pelas coisas que Deus exige de nós. De forma muito clara, a liturgia
de hoje nos mostra uma espécie de código moral de como devemos nos comportar:
“A vós que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que
vos odeiam” (Lc 6,27). Amados, isso não é fácil, mas Aquele, que é amor, nos dá
esta ordem: devemos amar a todos!
No Antigo Testamento, o
profeta Jeremias nos ensina que Deus tem entranhas de misericórdia e, no Novo
Testamento, São João nos mostra a essência de Deus: o amor. Quem é Deus? É um
Pai que possui entranhas de misericórdia e que é amor!
Somos chamados, no
primeiro mandamento da Lei de Deus, a amá-Lo sobre todas as coisas, ou seja,
quando O colocamos em segundo plano as coisas não dão certo. Se possuímos o
amor, somos chamados a amar os nossos semelhantes. Mas, muitas vezes, somos
seletivos: nós elegemos uns e deixamos de lado os outros.
Mas, como cristãos
somos chamados a amar também os nossos inimigos. Não é uma tarefa fácil,
sabemos disso, mas precisamos fazer isso. Se amar o próximo já é complicado,
imagine os inimigos? Mas somos chamados por Jesus Cristo a também amá-los.
Devemos ir ao encontro do Senhor, Ele nos ajudará nesta difícil tarefa.
Sejamos, pois, como as crianças que foram sem reservas correndo ao encontro de
Jesus. Se desejamos ser filhos e filhas de Deus, somos chamados a amar e a agir
com misericórdia com todos.
Você lembra quem foi o
primeiro seguidor de Jesus que deu a vida aos pés d’Ele? Estêvão. Apesar de ter
sido apedrejado, ele não detestou aqueles que o machucaram, mas os perdoou.
Aquilo que humanamente não temos o poder de realizar, o Senhor tem o poder de
tudo fazer e restaurar. Tudo isso é para que sejamos santos, pois devemos pagar
o ódio com o bem!
Há muitos anos, uma
senhora vinha aos encontros na Canção Nova. Ela tinha um único filho, que, ao
sair de um comércio, foi assaltado e morto por um bandido. Aquela mulher foi
até a prisão onde o assassino de seu filho estava preso e disse-lhe: “Você
tirou a vida do meu filho, mas, a partir de hoje, você será o meu filho.”
Amados, ela perdoou aquele homem e ainda o assumiu como filho! Você teria esta
coragem? Seu coração é livre para amar desta forma?
Saiba que esta é a
exigência do Senhor. Não é fácil ser cristão e agir desse modo, mas, em Deus, é
possível. O mal destrói, mas o bem transforma. É possível ser santo!
Para amar os inimigos,
o Senhor nos diz que o rancor e a inveja não podem fazer parte da nossa vida e
que devemos exercitar o perdão. Ao nos exercitarmos em fazer o bem, quando
vierem as situações difíceis, teremos forças para sobreviver a elas!
Para conseguirmos essa
graça o Senhor nos convida a sermos imitadores da bondade de Deus: “Sede
misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não
sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis
perdoados. Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida,
transbordante será posta no vosso colo; porque com a mesma medida com que
medirdes os outros, vós também sereis medidos” (Lc 6, 36-38).
Padre Hamilton
Nascimento
Sacerdote da Comunidade
Canção Nova
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