O pai sai de manhã para
trabalhar, deixa o filho dormindo, volta à noite, o encontra no computador e de
lá, o filho não sai e nem fazem questão que ele saia. O filho, muito
inteligente, mesmo que julgado por todos, encontra, naquele meio de
comunicação, um espaço para conviver e interagir. Ao mesmo tempo em que fica a
esperar um grito ou uma voz saudosa dizendo:-Saia do computador! Eu cheguei meu
filho, e quero ficar com você. Vamos conversar. Eu, o seu pai, quero que você
venha para mesa pra gente conversar. Estou com saudade de você…É necessário
fazermos o caminho de volta e reencontrarmos o nosso lugar na vida dos nossos
filhos. Seja qual for a motivação para um Pai se relacionar com o filho, essa
relação precisará estar sustentada no amor, na educação e nos ensinamentos
transmitidos entre eles.
O pai deverá permanecer
na função de quem ensina ao filho a conviver desde a mais tenra idade. A
obediência e a educação são pilares para uma boa convivência. Quanto mais o
filho cresce, mais experiência os pais vão tendo para educá-los e, a obediência
deverá ser um comportamento almejado por todos que fazem parte da vida de um
filho independente da sua idade. Ensinar um filho a obedecer e a ser educado é
estar comprometido com o bem. Não são poucas as vezes que o Pai recua da sua
função por receio de estar desagradando o filho e/ou algumas pessoas da
família, como por exemplo: a esposa, a sogra, a tia mais velha. Tem filhos?
Eduque e os ensine a obedecer desde a infância.
Após o fim da segunda
infância, se é que a infância tem um fim, inicia-se um período bem marcante na
vida de um filho. Ele se despede da Educação Infantil e dá início ao seu
ingresso no Ensino Fundamental. Período que se estende até a adolescência, em
que a criança está na fase que vai de 6 até os 11 anos de idade.
Época em que os filhos
apresentam grande interesse em participar de jogos grupais e procuram se ocupar
em relação ao seu envolvimento social, tanto no seio familiar como também no
ambiente escolar. Gosta de participar de jogos coletivos baseados em regras;
demonstra estar sempre motivado para aprender e alcançar vitórias no que se
propõe a fazer. Contudo, mesmo trazendo consigo tal disposição, esse processo
não acontece tão fácil, pois essa criança dependerá muito do ambiente em que convive.
O modelo comportamental que ela encontra nesse lugar servirá de condutor para o
seu desenvolvimento biopsicossocial.
Porque, nessa fase, a
criança também vive transições que exigem dos seus pais paciência, boa conduta
e disposição para continuar educando com a mesma disposição e alegria como era
na sua infância. Grande é a sensação de abandono por parte de um filho, quando
ele começa a crescer, adolescer e os pais, vão deixando-os sem perceber as
consequências danosas que virão pela frente. Abandonando o ensinamento dos
procedimentos, das cortesias, dos valores… Acreditando que ele tem autonomia ou
idade para SER e FAZER sozinho.
A figura paterna, nessa
fase, deverá ser um grande mediador dos conflitos, ouvinte nas crises
emocionais vividas pelo filho; auxílio para enfrentar os obstáculos e obter uma
boa convivência com a família; ensiná-lo a expressar seus sentimentos através
da demonstração e comunicação com os outros e capacitar-se para acolher o filho
quando ele não se sentir adaptado às pressões sociais. Só mesmo a sabedoria de
um Pai para conseguir educar o filho focado no que ele mesmo espera dessa
criação.
Folheando o livro
Aprender Brincando, dos autores Denise Weston e Mark S. Weston, encontrei
algumas brincadeiras que aproximam a família dos seus rebentos. O Dia do Irmão,
por exemplo. Neste dia é feriado na família, todos se encontram e os irmãos
poderão planejar o dia sem que necessariamente os pais estejam presentes.
Medalha de ouro do amor que sugere que, durante a semana, o Pai escolha um dia
para que todos possam dar sua medalha de amor a quem fez o ato amoroso mais
generoso na família. Brincadeiras como Toalha, Eu te amo; Pôster da Família;
Enquadrando o Amor e tantas outras que o Pai poderá promover em seus dias de
folga a fim de colaborar na construção do caráter, de um bom comportamento e da
inteligência emocional dos filhos. Atitudes assim, demonstram quanto o Pai não
parou no tempo e nem fez opção de repetir a sua criação como se a época e os
próprios pais fossem os mesmos. Assim como os adultos (homens) modernos buscam
melhorias profissionais, participam de congressos, vídeos, conferências e
outras ações, assim deveria fazer na função de Pai.
Atualizar-se sem perder
a sua essência e autoridade, para que não se sinta fora do mercado. Um pai fora
do mercado é aquele que não acompanha o ritmo presente e cede a tentação de
deixar a educação do filho pelo caminho. Não faz jus a sua decisão de educar e
ensinar a obediência desde a infância. Ele vive a mais doida de todas as
ilusões: pensa que por ser o provedor, já garantiu, na visão do filho, a
referência maior.
Aparentemente, obedecer
parece se tratar de uma resposta alienada aonde as pessoas deixam de ser
protagonistas da sua história e se assumem como submissos aos outros. Não!
Engana-se quem pensa assim, quando o assunto for educação de filhos. É
importantíssimo que o filho saiba o que Pai almeja sobre o presente e o futuro
dele. Essa atitude jamais irá recalcá-lo, mas o alertará para que o Pai não
deseje qualquer coisa para a vida que vem pela frente. Portanto, vamos dar
valor a função do Pai dentro da família independente da sua idade e honrar o
que tanto ele, tentou que fôssemos: obedientes, inteligentes, criativos, amigos
e educados. Se o mesmo não aconteceu em sua formação, acredito que não dê para
pegar o leite que foi derramado. Então, que tal perdoar e remontar sua história
com seu filho fazendo de volta um novo caminho?
Judinara Braz
Psicóloga especializada
em Abordagem e Análise do Comportamento e Diretora Pedagógica da Escola João
Paulo I
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