Tenho a certeza de que
você passa por grandes desafios na sua casa. Mas como fazer para que a sua
família seja de Deus?
Os brasileiros têm uma
virtude belíssima: são solidários. E é na família que aprendemos a ser assim.
Eu imagino que, na sua casa, sempre haja mais “água no feijão”, como disse o
Papa Francisco.
“Caríssimos, amemo-nos
uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e
conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.
Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o
seu Filho único, para que vivamos por ele. Nisto consiste o amor: não em termos
nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar
os nossos pecados. Caríssimos, se Deus assim nos amou, também nós nos devemos
amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos mutuamente, Deus
permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. Nisto é que conhecemos que
estamos nele e ele em nós, por ele nos ter dado o seu Espírito, (João 4, 7-10).
Quando São João
escreveu essa primeira carta, tinha grandes intenções, pois a dirigiu às
famílias. Até hoje, em Israel, há uma força que mexe e impulsiana a vida deles:
os familiares. Por que eles são tão importantes para o povo israelense? Porque,
em Israel, tudo acabou. Acabaram-se os sacerdotes e as instituições; só as
famílias se mantiveram em pé.
Quando li essa carta de
São João, perguntei-me o que ela tinha a ver com a família. Descobri que a
razão é o fato de ela falar do amor e da caridade.
Há pais e mães que não
se cumprimentam em casa. E quando estes não manifestam o amor, afetam a
família. A experiência do amor familiar começa com os cônjuges. A mulher é
responsável pelo amor que ela expressa a seu marido. A mesma coisa acontece com
o homem, pois seu amor pela esposa precisa ser manifestado.
Quando eu era criança,
meu pai dizia: “Rafael, você nunca deve ir a um boate, porque verá coisas que
nunca deveria ter visto”. Passado um tempo, eu resolvi: “Vamos à boate!”.
Então, meu amigo me perguntou: “Você viu alguma coisa que não deveria?”. Eu lhe
disse: “Sim, meu pai!”.
Se o amor não é
testemunhado, não existe família. O amor é o ponto central na carta de São
João. É Deus quem nos amou primeiro, por isso o sinal maior na família é o
amor.
Como é difícil amar os
nossos irmãos de sangue! Amar um amigo é nota dez, mas amar um irmão e uma irmã
não é fácil. Quando amamos, tocamos no amor mais fraterno que existe. O amor
fraterno que não cresce na família traz sérios problemas. No livro que escrevi,
a parte mais difícil foi falar sobre o amor fraterno.
O maior desafio na
família é fazer com que os filhos sintam o amor fraterno. Quando os irmãos não
se conhecem, o relacionamento é muito difícil. Talvez, haja irmãos que não se
falem há muito tempo! Damos mais atenção aos amigos do que aos irmãos. Por que
será que nós fechamos o nosso coração para o amor fraterno? O primeiro amor vem
do casal fraterno e depois do amor pelos nossos irmãos e irmãs.
Se o casal é capaz de
fortalecer esse amor e os irmãos são capazes de se amar, existe uma coisa
linda! Uma família bem constituída constrói uma sociedade estruturada.
O Papa Francisco nos
ensina: “Vamos sair das nossas casas! Vamos ao encontro do outro!”. O que o
Senhor quer dar às famílias? O que Ele está colocando no coração de cada uma
delas?
O casamento é um
sacramento, uma aliança de Deus com a Igreja. Precisamos nos conhecer para nos
amar. Há casamentos que passam por experiências de dor, mas é o sofrimento
entre um homem e uma mulher que santifica a humanidade. A família sempre foi
sinal dos tempos.
Fico muito triste
quando vejo famílias que não querem ter filhos. Há aquelas que querem educar
seus filhos pelo Iphone, porque os querem quietos. Sabe o que está acontecendo
com o amor dos nossos filhos? Nós o estamos terceirizando, deixando que os
outros cuidem deles. A educação dos nossos filhos não nasce nas ruas, mas em
casa; não nasce na internet, mas na presença.
Você tem tempo para
seus familiares? Se não o tem, precisa colocar um sinal vermelho e dizer:
“Preciso estar com minha família!”.
Sabe o que meus pais
fizeram no dia do meu aniversário? Colocaram um bolo em frente ao Skype. Só nos
vemos uma vez ao ano, e eu aprendi a ser família com eles.
Há muitas pessoas
feridas nas famílias, e essas feridas estão lhes causando um dano terrível. O
primeiro mal é a indiferença, que dói no coração e acaba por se tornar doença.
Isso acontece quando uma pessoa nem olha no seu rosto, não o vê. Dai, você se
pergunta: “Quem é ela?”. E percebe que é sua mãe, que nunca olhou para você. É
o seu irmão, que, depois daquela briga, não fala mais com você.
Eu não conheço nenhuma
família que, depois de ter acabado com a indiferença, não descobriu o bálsamo
do amor!
Qual é a pessoa da sua
família que o incomoda e você não quer nem se aproximar dela? Eu o convido a
pensar nela agora, a pensar por que é tão difícil para você se aproximar dela.
Peça ao Espírito Santo a graça de se aproximar dessa pessoa!
Padre Rafael Solano
Sacerdote da
Fraternidade Javé Salvador
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