“Agora, diz o Senhor,
voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos;
rasgai o coração e não as vestes; volte o Senhor vosso Deus: ele é benigno, e
compassivo, paciente e cheio de misericórdia” (Joel 2, 12-13). Essa reflexão é
para aquele pai que perdeu o endereço do seu filho e quer reencontrá-lo.
Lendo o livro ‘Eu e
Deus, Deus e Eu’, da autora Cristiana Miranda Lima, fiquei pensando que ali
estaria o jeito certo de iniciar este escrito. A autora nos provoca a pensar
sobre a importância de nos apresentarmos a Jesus como somos e com o que
trazemos dentro de nós. “Se teu coração já não cabe em você de tanta dor e
sofrimento, traga-o, em lágrimas e gemidos, com todas as feridas, e junte-o ao
coração de Jesus. O Sangue d’Ele vai curar o seu coração. Jesus é
misericordioso e zela por você, porque n’Ele nasce e morre todos os nossos
sentimentos”, assegura Cristiana Lima. Pois bem, queremos apresentar a
esperança e o consolo a todos os pais que tanto desejaram ser pai, mas as
circunstâncias mudaram os seus planos. Quer seja pela morte de um filho, uma
separação indesejada, o abandono dos seus rebentos ou até mesmo, por não terem
conseguido cumprir a sua missão dignamente, e hoje, se encontra só,
arrependido, com o coração cheio de lágrimas e gemidos a Jesus.
Pai, onde está o teu
filho?
Volte para o Senhor e,
juntamente com você, traga o seu filho. Este seria, sem dúvida, um bom retorno.
Não voltar sozinho, mas acompanhado de quem você permitiu que viesse ao mundo.
Assim, grandes serão as possibilidades de perdão, reencontro, amor, compromisso
e aceitação. O Senhor é benigno, compassivo, paciente e cheio de misericórdia
para acompanhá-lo nesse retorno. O Senhor é aquele que larga as noventa e nove
ovelhas e sai em uma busca de uma. Podemos imaginar o que ele não faria para
obter uma família de volta; em especial, um relacionamento saudável entre pai e
filho. Eu o convido a pensar na figura do Pai que esteve fora do lugar, mas que
decidiu reconquistar o que nunca havia perdido: o amor do filho.
Pai, onde está o seu
filho?
Ao entrar em uma casa
de assistência aos idosos, observamos tantos pais ali presentes. Sem nenhum
julgamento, a curiosidade pesa sobre as causas que os levaram a morar naquele
espaço sem a presença da família. Assim também imagino o que levaria uma criança
ou um adolescente, um jovem… Enfim, um filho a passar o dia na rua ou diante do
WatsApp em busca de uma companhia virtual. Compreendo a semelhança entre o
idoso na casa de abrigo, na maioria das vezes abandonado pela família, e esse
adolescente na casa de abrigo conhecido como “internet”. Essa prática é
consequência da indisciplina dos cuidadores.
Todos, com certeza,
queriam estar em suas casas, ao redor da mesa, recebendo diariamente o carinho
dos filhos; e os filhos, por sua vez, mesmo que não transpareçam, querendo ser
alcançados pelos seus pais. Não é a proibição do computador que vai trazer de
volta o filho à mesa, mas a inteligência do pai redimido ao reconhecer que se
deixou ser substituído. É a brincadeira, o diálogo saudável, o ambiente alegre,
a relação sólida entre pai e filho. É o cultivo da fé que manterá essa chama
acesa.
E agora, José, onde
estão os seus filhos?
Os pais precisam
permitir que seus filhos os alcancem. Filhos precisam alcançar os pais quando
pequenos, para que estes possam continuar lhes alcançando por toda a vida. Quem
não alcança quem quer no tempo certo, perde-se desse alguém em algum tempo, não
é mesmo? Portanto, de tudo fica a certeza de que os filhos não podem perder o
pai de vista, e o pai deve aprender como e quando alcançar o filho que nasceu
para ser seu para sempre.
Atenção, pais, aos
filhos que não lhes correspondem, porque esses também correm o risco de ser
abandonados. Os filhos que se assumiram homossexuais, aqueles outros envolvidos
com drogas, os que não se formaram doutores, as filhas que não casaram com um
bom partido ou aquelas que preferiram a prostituição também precisaram estar na
consciência do seu coração. Ainda há tempo, e se assim fizer, não mais
precisará continuar se apresentando ao Senhor com o coração cheio de lágrimas e
gemidos, mas agradecido a Deus, por ter feito um caminho de volta a partir do
reconhecimento das suas faltas.
Pai, busque o seu filho
de volta
Que, ao terminar de ler
este texto, seu coração e seus pensamentos estejam em movimento. Você se
sentirá um pai perdoado por Deus e acolhido pela missão que, em algum momento
da vida, quis ter. Pai, o seu filho precisa estar ao lado de alguém que não
desistiu de ser pai dele. Lembre-se: “Maria é aquela que sabe transformar um
curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de
ternura” (Exortação Apostólica – A Alegria do Evangelho do Papa Francisco).
Faça você o mesmo em sua casa.
Judinara Braz
Psicóloga especializada
em Análise de Comportamento.
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