A 1ª
Leitura, afirma a liberdade humana diante da proposta de Deus: “se você quiser”
observar os mandamentos, eles guardarão você; “se quiser” confiar em Deus, você
vai ver. Deus deu-lhe a capacidade de escolher entre o fogo e a água, entre a
vida e a morte, o bem e o mal. Você receberá o que preferir. A sabedoria de
Deus é imensa. Ele é forte e bondoso e tudo vê. Deus tem cuidado de quem o teme
e conhece nossas obras. Ele não nos mandou agir erradamente e não nos dá
licença de pecar.
Na
2ª Leitura, São Paulo, fala da misteriosa sabedoria de Deus, que os foi
revelada através do Espírito.
No
Evangelho, continuamos ouvindo o sermão da montanha, no qual Jesus ensina o que
está na origem do Reino de Deus. Ele não veio abolir a lei e os profetas, mas
veio dar-lhes pleno cumprimento. Para Jesus, as Sagradas Escrituras devem ser
integralmente cumpridas. Quem compreender isto e assim ensinar será grande no
Reino de Deus, mas quem fizer o contrário será o menor.
O
contexto em que o primeiro evangelho surgiu é aquele após a destruição de
Jerusalém e do templo pelo império romano. Os grupos existentes no judaísmo
(saduceus, zelotas e essênios) haviam sido dizimados. Das ruínas materiais e da
crise espiritual emerge um grupo fariseu que unifica o judaísmo normativo,
excluindo qualquer pluralismo.
A
comunidade do evangelho de Mateus é constituída por judeus que reconheceram
Jesus como o Messias. A rejeição aos cristãos vai se intensificando, até
tornar-se oficial na assembléia de Jamnia,
entre os anos 85 a 90 d.C. Os judeu-cristãos são expulsos formalmente das
sinagogas.
O
trecho do evangelho que ouvimos hoje expressa bem a tensão existente entre os
cristãos e os fariseus. Para quem segue Jesus ressuscitado, a prática da
justiça é fundamental, Jesus fala com uma autoridade que está acima dos mestres
do judaísmo. Jesus cumpre a lei e os profetas em seu sentido profundo.
O
reinado de Deus é a meta. Quem pertence a esse reinado do Senhor tem que
superar a prática da justiça dos letrados e dos fariseus. Jesus expõe sua
posição diante da lei tradicional, indo além, exigindo atitudes interiores,
conversão profunda, na forma reiterada: “foi dito” – “eu vos digo”. A lei de
Jesus supera a lei de Moisés que é, ao mesmo tempo, lei religiosa e civil.
Nos
versículos 21-26, sobre o homicídio, radicaliza-se a atitude interior de onde
brota a violência de matar e se estendem as ofensas menores – xingamentos,
insultos, desprezo, rancor, inveja – que podem levar ao homicídio. Há uma
hierarquia para o castigo: tribunal local, conselho nacional, o próprio Deus,
com o castigo escatológico do fogo.
Do
preceito negativo de “não matar” estende-se a exigência positiva da
reconciliação, antes da participação no culto. Os versículos 27-30 são sobre o
adultério sua proibição sob pena de morte.
A
nova lei atinge a atitude interior de desejo consentido que entra pelos olhos e
pelos outros sentidos e membros. Novamente é lembrando o fogo escatológico como
castigo. Os versículos 31-32 falam do divórcio concedido ao homem. Jesus se
opõe à lei e à sua legalidade. Os versículos 33-37 falam sobre o juramento.
Entre
os irmãos cristãos, a sinceridade deve ser tal que inutilize todo juramento:
“Sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem com
outro juramento qualquer. O vosso sim seja sim, e o vosso não, não. Então não
estareis sujeitos a julgamento.” O juramento era procedimento legal e prática
religiosa admitidos e respeitados. No juramento, se oculta a desconfiança na
palavra humana; o juramento busca o respaldo de uma instância superior. Não se
deve colocar Deus em meio a nossas questões humanas.
Diocese
de Limeira
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