A vitória da Igreja

Nosso Senhor Jesus Cristo nunca perde batalhas: “No mundo tereis tribulações; mas confiai, Eu venci o mundo” (Jo 16,23), declarava o Senhor às vésperas da Sua aparente derrota na cruz. E a sua promessa estende-se à Igreja que fundou: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

De todas as perseguições, a Igreja saiu purificada e engrandecida, de todas as falsidades ela triunfou. Enquanto os anticristos ruíam por si mesmos ao longo destes vinte séculos, a Igreja lhes sobrevivia.

Georges Chevrot, na sua obra “Simão Pedro”, tem umas palavras que merecem reproduzir-se aqui: “Já em tempos de Santo Agostinho de Hipona os inimigos da Igreja declaravam: 'A Igreja vai morrer, os cristãos tiveram a sua época'. Ao que o bispo de Hipona respondia: 'No entanto, são eles que morrem todos os dias e a Igreja continua de pé, anunciando o poder de Deus às gerações que se sucedem'.

'Vinte anos mais – dizia o infeliz filósofo francês Voltaire -, e a Igreja Católica terá acabado...' Vinte anos depois, Voltaire morria e a Igreja católica continuava a viver. [...]

Assim, desde Celso, no século III, não houve uma única geração em que os coveiros não se preparassem para sepultar a Igreja; e a Igreja vive. O notável escritor Charles Forbes René de Tryon, conde de Montalember dizia-o magnificamente, em 1845, na Câmara dos Pares: 'Apesar de todos os que a caluniam, subjugam ou atraiçoam, a Igreja Católica tem há dezoito séculos uma vitória e uma vingança asseguradas: a sua vingança é orar por eles; a sua vitória, sobreviver-lhe'”.

Mesmo o doloroso espetáculo dos mártires não deve desanimar-nos, antes o seu exemplo deve servir-nos de estímulo e orientação. Martírio significa “testemunho” e, na verdade, trata-se do máximo testemunho da fé; e por isso o Senhor associou a ele as mais sentidas promessas de glorificação e fecundidade.

Referindo- se aos mártires deste século que acaba de passar, João Paulo II dizia: “A Igreja encontrou sempre, nos seus mártires, uma semente de vida”. Sanguis martyrum, sêmen Christiano-rum (Tertuliano, Apologeticum 50, 13: PL 1, 534): esta célebre (lei) enunciada por Tertuliano, sujeita à prova da História, sempre se mostrou verdadeira. Por que não haveria de sê-lo também no século e milênio que começamos? Talvez estivéssemos um pouco habituados a ver os mártires de longe, como se tratasse de uma categoria do passado associado especialmente com os primeiros séculos da era cristã. A comemoração jubilar descerrou-nos um cenário surpreendente, mostrando o nosso tempo particularmente rico de testemunhas, que souberam, ora de um modo, ora de outro, viver o Evangelho em situações de hostilidade e perseguição, até darem muitas vezes a prova suprema do sangue”.


Padre Inácio José do Vale

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