O evangelho se estrutura na oposição entre a figura do mercenário e a do bom pastor, este apresentado progressivamente como aquele que se importar, que conhecer, que é reconhecido e que chega a dar a vida voluntariamente. Esta é a proclamação central da passagem: Jesus dá não é vítima das autoridades deste mundo, a sua morte é uma opção de amor. É claro o sentido universalista e missionário do texto: o pastoreio de Jesus é colocado sob o sinal da unidade de um só rebanho e um só pastor.
A comunidade de Jesus é descrita através de uma relação de intimidade e reciprocidade, expressa pelo verbo conhecer e ser conhecido, que, bem mais que o sentido de um conhecimento intelectual possui, na sensibilidade bíblica, uma dimensão afetiva e esponsal. A aliança entre a comunidade, “ovelhas”, e Jesus, “pastor”, é a forma em que se dá este conhecimento e se estrutura da mesma forma que o Pai e o filho estabeleceram seu pacto de amor.
Participar da assembleia litúrgica – esta celebração – é entrar neste jogo de conhecer/ser conhecido entre o rebanho e o pastor. A liturgia é, exatamente, este diálogo comunitário com o Senhor ressuscitado, com momentos onde o pastor escuta o seu povo em oração e a comunidade escuta o seu pastor. Ao mesmo tempo, esta relação acontece sob uma perspectiva universalista: assembleia revivida é católica, universal e aberta.
Revista de Liturgia
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