É Natal

Nasceu para nós o Salvador!

O Natal é a celebração do amor de Deus. Ele nos encoraja para o compromisso concreto com a defesa e a promoção da vida, superando toda violência, aprofundando a justiça e a solidariedade e construindo a verdadeira Paz.

Confio à intercessão da excelsa mãe de Deus, a Virgem Maria, todas as lutas, sonhos e esperanças de nosso Povo por um mundo melhor.

No desejo de paz entre as populações, igrejas e religiões, nós estendemos nosso olhar sobre a humanidade, recordando que o Mistério da Encarnação, ora celebrado, nos impulsiona a levar o anúncio de paz aos corações, em todos os dias do Novo Ano.

Um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de alegria, de paz e de bênçãos de Deus.

A Virgem Maria e o esposo José, pai adotivo do Menino Deus, mais que ninguém, experimentaram em primeira pessoa a emoção e a trepidação pela Criança que nasceu. Não é difícil imaginar como passaram os últimos dias de espera, alimentando a emoção de abraçar o recém-nascido entre seus braços. Que sua atitude seja também a nossa.

Que o Menino Deus, ao nascer entre nós, não nos encontre distraídos ou dedicados simplesmente a decorar com luzes nossas casas, nossa ceia da noite de Natal. Preparemos em nosso coração uma digna morada para o Salvador que não encontrou lugar em nenhuma hospedaria de Belém, senão numa gruta, abrigo de pastores e dos animais que o acolheram com o seu calor na noite fria em que Deus se fez homem.

O pobre mundo de hoje cheio de violência e de morte, bem pode parar para se perguntar: a humanidade de nosso tempo ainda espera ou está interessada em acolher o verdadeiro Salvador, ou está interessada em promessas de políticos que não vivem para servir a quem representam? Muitos consideram Deus estranho a seus próprios interesses. Aparentemente não têm necessidade d´Ele, vivem como se Ele não existisse e, pior ainda, como se fosse um obstáculo que deve ser tirado de lado para poder realizar-se, porque preferem os atalhos da corrupção ativa e passiva e não a verdade e a justiça. Pobre homem contemporâneo que procura ser individualista, subjetivista, egoísta, para quem tudo é relativo, não se incomodando com o que alguém possa pensar sobre si.

A celebração do Natal do Senhor é a contemplação de Deus que se fez nômade pelas estradas do homem. O rei Davi quis construir uma casa estável para o seu Deus. E Deus lhe responde que sua permanente morada será um povo fiel à sua vontade. Ao longo dos séculos, para os cristãos foi sempre mais fácil construir templos de pedra do que construir comunidades viventes, testemunhas do evangelho. Antes, às vezes, a magnificência e a riqueza das igrejas foram o sinal da mundanidade, mais que a expressão artística da vitalidade e da fecundidade espiritual dos fiéis.

Não há dúvida que a comunidade cristã, nos modernos aglomerados urbanos, têm necessidade de novos espaços para encontrar-se reunida. Mas não é tudo. A verdadeira morada de Deus vivente é onde “dois ou três se reúnem em nome de Cristo” (Mateus 18,20).

A vocação essencial da igreja é missionária: caminhar com um Deus que em Cristo se fez para sempre nômade no meio de cada povo, raça, cultura. A tenda da “adoração em espírito e verdade” (João 4, 23) é continuamente construída na encruzilhada com os problemas e as tragédias, os sofrimentos e as esperanças da humanidade.

Também nossas igrejas de pedra devem sentir-se encruzilhadas para todos os transeuntes e pesquisadores de um futuro diverso. Assim todo homem e toda mulher e todo povo possa “habitar em sua casa e não seja perturbado e os iníquos não o oprimam” (2Samuel 7,10).

Com Cristo, coloquemo-nos todos no caminho da paz! Feliz Natal!

Cardeal Geraldo M. Agnelo
Retirado do Site da Comunidade Shalom

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