Continuamos
a reflexão daquilo que escutamos no Evangelho de ontem quando o demônio, depois
da Ceia Eucarística, entrou no coração de Judas. Porque Judas já era um escravo
do dinheiro, era um administrador do dinheiro daquele grupo e deixou-se seduzir
por aquilo que o dinheiro, muitas vezes, pode realizar no nosso coração. Sem
perceber as consequências do que iria fazer, Judas oferece aos sumos sacerdotes
uma ocasião para entregar Jesus. Por isso, ele pergunta: “Quanto me dareis se
vos entregar Jesus?”.
Judas
está vendendo Jesus, porque querem transformá-Lo numa mercadoria e por Ele foi
combinado trinta moedas de prata.
Dinheiro
pode ser uma bênção, uma graça; serve para muita coisa boa, melhora as nossas
condições de vida. Com o dinheiro podemos fazer o bem, podemos ajudar uns aos
outros. Eu poderia aqui elucidar uma série de benefícios e importâncias que o
dinheiro tem para nossas relações pessoais.
Não
posso deixar de dizer, a partir daquilo que Judas faz e que a reflexão do
Evangelho nos mostra, que o dinheiro na maioria das vezes é uma maldição. O
dinheiro é sinal de tragédias, brigas e disputas entre as pessoas. Com o
dinheiro as pessoas se vendem, compram umas as outras. Com o dinheiro as
pessoas se corrompem e não é apenas no mundo político, é no mundo em que
vivemos, no dia a dia e assim por diante. O dinheiro transforma pessoas
humanas, filhos e filhas de Deus, em mercadorias.
As
pessoas estão vendendo sua dignidade por causa de dinheiro, as pessoas tratam
melhor aqueles que tem dinheiro e são indiferentes aos que não tem. As pessoas
tratam dignidade através de dinheiro. Desta maneira, o que poderia e deveria
tornar-se uma bênção é, muitas vezes, um sinal de maldição.
Não
deixe-se escravizar pelo “deus dinheiro”, ele é deus e senhor deste mundo. Não
podemos servir a Deus e ao dinheiro!
Na
meditação desta Semana Santa, precisamos refletir, com seriedade e serenidade:
Que lugar o dinheiro ocupa na minha vida? Ele provoca-me inquietação de mais
quando tenho ou quando não tenho? Sou escravo dele, dominado por ele? Ele
domina minha vida e minhas preocupações? Tenho liberdade para lidar com ele? Eu
domino as pessoas ou sou dominado pelas pessoas que tem dinheiro? Por que será
que em nossas igrejas as pessoas com dinheiro são melhores tratadas? São bem
queridas e, muitas vezes, fechamo-nos em relação ao pobre ou aquele que pouco
tem? Por que tratamos melhor as pessoas que mais têm e temos uma certa
indiferença ou pouca preocupação com quem não tem? Por que amanhecemos o dia
fazendo conta? Por que terminamos o dia contando dinheiro ou contando o que não
temos?
O
dinheiro pode ser uma bênção, se for bem usado e administrado, mas ele pode ser
também uma maldição, pois destrói vidas, casamentos, relacionamentos, divide a
humanidade, coloca as pessoas umas contra as outras e as transforma em
mercadorias.
Que
não sejamos, de forma nenhuma, escravos do deus dinheiro.
Deus
abençoe você!
Padre
Roger Araújo
Sacerdote
da Comunidade Canção Nova
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