Quarta-feira de Cinzas

A Quaresma começa, hoje, fazendo ecoar novamente em nossos ouvidos as inquietantes palavras do profeta Joel: “rasgai o coração, e não as vestes” (2,13a). Após descrever a invasão dos gafanhotos, presságio de que está próximo o dia do Senhor (2,1), o profeta mostra que, para o juízo de Deus, não basta preparar-se com um rito penitencial meramente exterior (“rasgar as vestes”), que não seja acompanhado do gesto interior de mudança de vida (“rasgar o coração”).É preciso que o ser humano, em sua inteireza, se volte para Deus. Assim, criaremos em nós o espaço para que a graça de Deus nos refaça e nos preencha. Nosso Deus é misericórdia, e torna sempre de novo, a iniciativa de nos perdoar.

Paulo nos convoca, em nome de Cristo, a nos deixar reconciliar com Deus, a não deixar passar em vão a sua graça (Cf. 2 Cor 5,20;6,1). E o Senhor nos diz: “no momento favorável eu te escutei, n dia da salvação eu te ajudei” (Is 49,8). “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (Cf. 3 Cor 6,2). O movimento da reconciliação começa com a iniciativa divina. Cabe a nós deixar-nos reconciliar com ele.

O Evangelho repete três vezes: “o Pai vê o que está oculto”. Ele sabe o que se passa dentro de nós, conhece nossas verdadeiras intenções e os valores para os quais orientamos nossa vida. A oração, a esmola e o jejum, as “obras de piedade” do judaísmo antigo, são gestos que marcam a nossa experiência com Deus, mas podem ser pura exterioridade, não terem ligação alguma com o nosso coração. O Pai é quem sabe com que intenção eu rezo, faço caridade e jejuo.


Diocese de Limeira

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