O
Deuteronômio nos apresenta o projeto de uma nova sociedade. Inclui leis
referentes à pessoa do rei e também leis que regulamentam a vida dos levitas. E
é dentro desse contexto que Deus promete um profeta com as seguintes
características: não ter nenhum compromisso com o poder político e religioso e
ser para o povo porta-voz e intérprete do projeto de Deus, que visa a
construção de história e sociedade novas.
As
religiões vizinhas a Israel tinham seus profetas. Mas a função deles era
sustentar o sistema que concentrava a vida na mão de poucos em detrimento da
maioria sofrida. Por isso, Deus proíbe a existência de adivinhos, astrólogos e
magos que eram consultados pelas autoridades pelas autoridades, quando se
tratava de questões que diziam respeito ao bem do povo. É claro que sempre se
colocavam ao lado das autoridades ou da classe dominante.
O
profeta do povo de Deus é diferente. É suscitado pelo Deus libertador e se
assemelha a Moisés, líder que organizou e conduziu o povo rumo à libertação e
posse da terra por Deus prometida. O povo, então, deve ouvir o que o profeta
diz, pois o próprio Deus vai pedir contas a quem não escutar as palavras que o
profeta pronuncia. E o profeta que tiver a ousadia de dizer em nome de Deus
alguma coisa que o Senhor não lhe ordenou, ele deverá morrer.
Paulo,
mais uma vez, procura responder as muitas indagações das comunidades. Ele não
tem respostas, mas analisa tudo na perspectiva da evangelização. As primeiras
comunidades viviam na expectativa do fim do mundo. A urgência da evangelização
e a possibilidade do fim eminente do mundo levaram alguns líderes à decisão de
não casar. Mas para Paulo, virgindade/celibato só adquire sentido enquanto
doação plena e total ao Reino.
O
evangelista Marcos está preocupado em mostrar quem é Jesus. Mas ele não tem
explicações abstratas e mostra Jesus agindo. No Evangelho de hoje, encontramos o
primeiro ato público de Jesus. O evangelista situa no tempo e no espaço o
relato do primeiro milagre: é um dia de sábado e Jesus entra na sinagoga,
acompanhado pelos dois discípulos que acabara de convocar.
O
sábado era umas das instituições sagradas no tempo. Dia para celebrar a vida e
a comunhão com Deus. A sinagoga era lugar de estudo e aprendizagem. Mas o
sábado e a sinagoga não estavam favorecendo a vida, E Jesus começa a ensinar.
Marcos não diz o que ensinava. Ao que parece, ensino e prática são a mesma
coisa. O povo se admira, porque ensina como quem tem autoridade e não como os
doutores da lei. E depois, que um homem possuído pelo demônio foi libertado, o
povo fica espantando e todos se perguntam: “Que é isto? Um ensinamento novo, e
com autoridade” (1,27).
O
ensinamento de Jesus é novo, porque liberta ao mesmo tempo que ensina. Aí se
situa a diferença entre o seu ensinamento e o dos doutores da lei. Ao entrar na
sinagoga, Jesus se volta para quem não recebia atenção. Ele faz com que o
possuído pelo demônio se torne o centro das atenções, e sua libertação é, ao
mesmo tempo, prática e ensino.
Marcos
quer mostrar quem é Jesus. O espírito mau reconhece que Jesus veio para
destruir todas as raízes do mal e suas manifestações: “Vieste para nos
destruir?” (1,24) Jesus é aquele que veio destruir o mal que aliena e
despersonaliza a pessoa.
O
espírito mau já sabe quem é Jesus e diz: “tu és o santo de Deus” (1,24). O
Mestre é a pessoa escolhida pelo Pai para libertar a todos. Na Bíblia, conhece
o nome significa ter o controle sobre a pessoa. Jesus é o forte. O espírito da
alienação não tem poder sobre ele.
Diocese de Limeira
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