4º Domingo do Tempo Comum

O Deuteronômio nos apresenta o projeto de uma nova sociedade. Inclui leis referentes à pessoa do rei e também leis que regulamentam a vida dos levitas. E é dentro desse contexto que Deus promete um profeta com as seguintes características: não ter nenhum compromisso com o poder político e religioso e ser para o povo porta-voz e intérprete do projeto de Deus, que visa a construção de história e sociedade novas.

As religiões vizinhas a Israel tinham seus profetas. Mas a função deles era sustentar o sistema que concentrava a vida na mão de poucos em detrimento da maioria sofrida. Por isso, Deus proíbe a existência de adivinhos, astrólogos e magos que eram consultados pelas autoridades pelas autoridades, quando se tratava de questões que diziam respeito ao bem do povo. É claro que sempre se colocavam ao lado das autoridades ou da classe dominante.

O profeta do povo de Deus é diferente. É suscitado pelo Deus libertador e se assemelha a Moisés, líder que organizou e conduziu o povo rumo à libertação e posse da terra por Deus prometida. O povo, então, deve ouvir o que o profeta diz, pois o próprio Deus vai pedir contas a quem não escutar as palavras que o profeta pronuncia. E o profeta que tiver a ousadia de dizer em nome de Deus alguma coisa que o Senhor não lhe ordenou, ele deverá morrer.

Paulo, mais uma vez, procura responder as muitas indagações das comunidades. Ele não tem respostas, mas analisa tudo na perspectiva da evangelização. As primeiras comunidades viviam na expectativa do fim do mundo. A urgência da evangelização e a possibilidade do fim eminente do mundo levaram alguns líderes à decisão de não casar. Mas para Paulo, virgindade/celibato só adquire sentido enquanto doação plena e total ao Reino.

O evangelista Marcos está preocupado em mostrar quem é Jesus. Mas ele não tem explicações abstratas e mostra Jesus agindo. No Evangelho de hoje, encontramos o primeiro ato público de Jesus. O evangelista situa no tempo e no espaço o relato do primeiro milagre: é um dia de sábado e Jesus entra na sinagoga, acompanhado pelos dois discípulos que acabara de convocar.

O sábado era umas das instituições sagradas no tempo. Dia para celebrar a vida e a comunhão com Deus. A sinagoga era lugar de estudo e aprendizagem. Mas o sábado e a sinagoga não estavam favorecendo a vida, E Jesus começa a ensinar. Marcos não diz o que ensinava. Ao que parece, ensino e prática são a mesma coisa. O povo se admira, porque ensina como quem tem autoridade e não como os doutores da lei. E depois, que um homem possuído pelo demônio foi libertado, o povo fica espantando e todos se perguntam: “Que é isto? Um ensinamento novo, e com autoridade” (1,27).

O ensinamento de Jesus é novo, porque liberta ao mesmo tempo que ensina. Aí se situa a diferença entre o seu ensinamento e o dos doutores da lei. Ao entrar na sinagoga, Jesus se volta para quem não recebia  atenção. Ele faz com que o possuído pelo demônio se torne o centro das atenções, e sua libertação é, ao mesmo tempo, prática e ensino.
Marcos quer mostrar quem é Jesus. O espírito mau reconhece que Jesus veio para destruir todas as raízes do mal e suas manifestações: “Vieste para nos destruir?” (1,24) Jesus é aquele que veio destruir o mal que aliena e despersonaliza a pessoa.

O espírito mau já sabe quem é Jesus e diz: “tu és o santo de Deus” (1,24). O Mestre é a pessoa escolhida pelo Pai para libertar a todos. Na Bíblia, conhece o nome significa ter o controle sobre a pessoa. Jesus é o forte. O espírito da alienação não tem poder sobre ele.

Diocese de Limeira

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