5º Domingo do Tempo Comum


No livro de Jó percebemos como Deus se preocupa com nossos sofrimentos. Jó é uma pessoa sofrida por vários motivos: a desgraça se abateu sobre a vida familiar, a falta de solidariedade da esposa e dos amigos; a impressão de que Deus está calado e ausente de tudo. E se aparece algum sinal da presença de Deus na dor, é para amedrontar e aterrorizar com pesadelos. Dia e noite o sofrimento não tem fim. E Deus onde está?

Jó se pergunta: que sentido tem a vida dos sofredores? Para ele, a vida é um “trabalho pesado”, uma espécie de serviço forçado no qual outros desfrutam seus resultados. É como trabalho de um mercenário que põe em risco a própria vida para salvar apele dos outros. Como por fim ao sofrimento? Se não há esperança de felicidade, melhor e desejar a morte.

Diante do sofrimento, ou descobrimos o rosto do Deus verdadeiro, ou fazemos dele um monstro que nos devora. E a melhor maneira de descobri-lo é solidarizar-nos com os sofredores que vivem no meio de nós e ao nosso redor.

A carta relata que na comunidade de Corinto havia “fortes” e “fracos” na fé; Os “fortes” afirmavam que podiam comer as carnes sacrificadas aos ídolos sem incorrer na idolatria. Paulo concorda com eles, mas a sua preocupação é com os “fracos” que, diante disso, poderiam perder a fé. Os “fortes” não perdem sua liberdade se, em vista dos “fracos”, se abstêm de fazer o que prezam.

É muito bonita a trajetória de Paulo evangelizador. Sua vida se inspira em Jesus, que assumiu plenamente a realidade humana. “Com os fracos me fiz fraco, para ganhar os fracos. Para todos eu me fiz, para certamente salvar alguns. Por causa do Evangelho eu faço tudo, para dele me tornar participante” (1Cor 9,22.23).

No Evangelho de hoje, Jesus se desloca da sinagoga à casa de Simão e André. A casa se opõe à sinagoga. Jesus sempre vai sentir-se muito bem em casa, ao passo que, a sinagoga irá suscitar conflitos, culminando na decretação da morte de Jesus por parte dos fariseus e alguns do partido de Herodes.

A sogra de Pedro está de cama e com febre. No tempo, acreditava-se que a febre tinha origem demoníaca. Marcos mostra Jesus pegando a mão da mulher, ajudando-a a se levantar. Com essa cena, o evangelho nos mostra quem é Jesus: é aquele que ajuda as pessoas a caminhar com as próprias pernas e ser sujeitos do próprio agir. “A febre a deixou, e ela se pôs a servi-los” (1,31). Jesus liberta, e as pessoas, como resposta, se põem a serviço do libertador.

O modo como Jesus age é simples, mas ao mesmo tempo profundo: ele liberta tocando, pegando pela mão, ajudando a pessoa a se libertar.

Jesus ajudou a sogra de Pedro a se levantar. Lendo com atenção o Evangelho, percebemos o sentido do Batismo e sua função na sociedade: é um levantar-se para pôr-se a serviço do projeto de Deus.

Toda a cidade está reunida em frente da casa de Simão. Aí estão todos os doentes e todos os possuídos pelo demônio.

Ao dizer que “Ele curou muitos que sofriam de diversas enfermidades; expulsou também muitos demônios” (Mc 1,34), Marcos está retomando um tema que apareceu no Batismo de Jesus, o do servo sofredor que carrega as enfermidades da humanidade. Aparece também silêncio imposto aos demônios. A descoberta de quem é Jesus é resultado de longo aprendizado na fé e na adesão à boa notícia por Ele trazida, e isso só se concretiza depois que o discípulo acompanhou o Mestre até a cruz.


Diocese de Limeira

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