No livro de Jó
percebemos como Deus se preocupa com nossos sofrimentos. Jó é uma pessoa
sofrida por vários motivos: a desgraça se abateu sobre a vida familiar, a falta
de solidariedade da esposa e dos amigos; a impressão de que Deus está calado e
ausente de tudo. E se aparece algum sinal da presença de Deus na dor, é para
amedrontar e aterrorizar com pesadelos. Dia e noite o sofrimento não tem fim. E
Deus onde está?
Jó se pergunta: que
sentido tem a vida dos sofredores? Para ele, a vida é um “trabalho pesado”, uma
espécie de serviço forçado no qual outros desfrutam seus resultados. É como
trabalho de um mercenário que põe em risco a própria vida para salvar apele dos
outros. Como por fim ao sofrimento? Se não há esperança de felicidade, melhor e
desejar a morte.
Diante do sofrimento,
ou descobrimos o rosto do Deus verdadeiro, ou fazemos dele um monstro que nos
devora. E a melhor maneira de descobri-lo é solidarizar-nos com os sofredores
que vivem no meio de nós e ao nosso redor.
A carta relata que na
comunidade de Corinto havia “fortes” e “fracos” na fé; Os “fortes” afirmavam
que podiam comer as carnes sacrificadas aos ídolos sem incorrer na idolatria.
Paulo concorda com eles, mas a sua preocupação é com os “fracos” que, diante
disso, poderiam perder a fé. Os “fortes” não perdem sua liberdade se, em vista
dos “fracos”, se abstêm de fazer o que prezam.
É muito bonita a
trajetória de Paulo evangelizador. Sua vida se inspira em Jesus, que assumiu plenamente
a realidade humana. “Com os fracos me fiz fraco, para ganhar os fracos. Para
todos eu me fiz, para certamente salvar alguns. Por causa do Evangelho eu faço
tudo, para dele me tornar participante” (1Cor 9,22.23).
No Evangelho de hoje,
Jesus se desloca da sinagoga à casa de Simão e André. A casa se opõe à
sinagoga. Jesus sempre vai sentir-se muito bem em casa, ao passo que, a
sinagoga irá suscitar conflitos, culminando na decretação da morte de Jesus por
parte dos fariseus e alguns do partido de Herodes.
A sogra de Pedro está
de cama e com febre. No tempo, acreditava-se que a febre tinha origem
demoníaca. Marcos mostra Jesus pegando a mão da mulher, ajudando-a a se
levantar. Com essa cena, o evangelho nos mostra quem é Jesus: é aquele que
ajuda as pessoas a caminhar com as próprias pernas e ser sujeitos do próprio
agir. “A febre a deixou, e ela se pôs a servi-los” (1,31). Jesus liberta, e as
pessoas, como resposta, se põem a serviço do libertador.
O modo como Jesus age é
simples, mas ao mesmo tempo profundo: ele liberta tocando, pegando pela mão,
ajudando a pessoa a se libertar.
Jesus ajudou a sogra de
Pedro a se levantar. Lendo com atenção o Evangelho, percebemos o sentido do
Batismo e sua função na sociedade: é um levantar-se para pôr-se a serviço do
projeto de Deus.
Toda a cidade está
reunida em frente da casa de Simão. Aí estão todos os doentes e todos os
possuídos pelo demônio.
Ao dizer que “Ele curou
muitos que sofriam de diversas enfermidades; expulsou também muitos demônios”
(Mc 1,34), Marcos está retomando um tema que apareceu no Batismo de Jesus, o do
servo sofredor que carrega as enfermidades da humanidade. Aparece também silêncio
imposto aos demônios. A descoberta de quem é Jesus é resultado de longo
aprendizado na fé e na adesão à boa notícia por Ele trazida, e isso só se
concretiza depois que o discípulo acompanhou o Mestre até a cruz.
Diocese de Limeira
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