Domingo da Ressurreição

A 1ª Leitura dos Atos dos Apóstolos, acentua que, no mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo, Deus aboliu toda a “discriminação entre as pessoas”. A boa Nova da paz, manifestada em Cristo, destina-se a todos os povos, Jesus de Nazaré, ungido por Deus com o Espírito Santo, “andou fazendo o bem e curando todos os que estavam dominados pelo diabo”. Seu ministério começou na Galileia e terminou em Jerusalém através de sua morte salvífica por todos.

“Mas Deus o ressuscitou e o constituiu juiz dos vivos e dos mortos”, fazendo renascer a esperança dos que crêem em seu nome. O itinerário da fé conduz a libertação e ao seguimento de Cristo, manifestado no testemunho de suas palavras e ações salvíficas. Os discípulos anunciam a mensagem libertadora da ressurreição de Jesus, acompanhada de gestos misericordiosos de  justiça e fraternidade.

A 2ª Leitura da carta aos Colossenses impele a viver como ressuscitados, seguindo o caminho da vida nova em Cristo: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto”. Pelo Batismo, participamos da ressurreição, da vitória de Cristo sobre a morte. Renascidos para uma vida nova, assumimos o compromisso de viver conforme seu projeto salvífico: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vivem em mim”.

A vida nova de comunhão com Jesus ressuscitado, iniciada no Batismo, se manifestará plenamente na glória com ele junto ao Pai. Enquanto caminhamos com fé e esperança, testemunhamos nossa experiência de ressuscitados através do amor e da entrega da vida. O texto seguinte, que descreve um conjunto de exigências práticas no caminho do discipulado, convida a revestir-se do amor que é vinculo da perfeição.

A proposta alternativa da leitura da primeira carta aos Coríntios sublinha, igualmente, a novidade da vida recebida no Batismo. Quem está em Cristo celebra a Páscoa “com os pães ázimos da sinceridade e da verdade. Cristo é o verdadeiro cordeiro pascal que doou a vida pela salvação de todos, indicando o caminho da vida nova, sem maldade e opressão.

A leitura do evangelho de João começa com a atitude de Maria de Madalena, que se dirige ao túmulo de Jesus, “bem de madrugada, quando ainda estava escuro”. É o primeiro dia da semana, que expressa o sentido teológico da nova criação, da Páscoa definitiva que nasce a partir da doação total de Jesus. Ao ver o tumulo vazio, já que a pedra fora removida, ela volta correndo para avisar Pedro e o discípulo amado. Como representante da comunidade, Maria Madalena afirma: “Tiraram o Senhor do tumulo e não sabemos onde o colocaram”. Essa notícia leva os dois discípulos a correrem para o sepulcro.

“Senhor”, título atribuído a Jesus após a Páscoa, expressa a fé da nova comunidade. Em meio às perseguições e mortes, que estava enfrentando no final do primeiro século, a comunidade renasce pela ação criadora e vivificadora do Espírito de Cristo ressuscitado. A fé na ressurreição do Senhor é assimilada ao longo do caminho.

As dificuldades em crer, diante do mistério da morte e da humilhação da cruz, são superadas por quem corre ao encontro de Jesus e vive em sintonia com seu projeto. O amor solidário leva a reconhecer, nos sinais da ausência do corpo de Jesus: túmulo vazio e faixas mortuárias no chão, a presença viva do Ressuscitado. O discípulo amado, que “viu e creu”, expressa a adesão da fé, o caminho ideal do discipulado.

As testemunhas primitivas, guiadas pelo amor no itinerário da fé, encontram na Escritura, o sentido da morte salvífica de Cristo e de sua ressurreição: “Eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos”. A ressurreição de Jesus, atestada pela Escritura, proporciona acreditar sem a necessidade de ver.

Na continuação do relato, Maria Madalena reconhece o Senhor pela voz, pela escuta de sua palavra: ”Jesus falou: Maria! Ela voltou-se e exclamou: Rabbuni”, que em hebraico quer dizer Mestre. Maria Madalena faz a experiência do encontro com o Ressuscitado, que a chama pelo nome. Ela expressa sua adesão a Jesus ressuscitado através doa núncio da Boa Notícia aos discípulos: “Eu vi o Senhor!”. Como ela, os que fazem a experiência do encontro com o Senhor tornam-se missionários, anunciadores de sua mensagem a todos os povos.

A leitura de evangelho de Lucas narra o encontro do Ressuscitado com os discípulos de Emaús. Faz uma releitura da história de Jesus à luz das Escrituras, oração, fração do pão, anúncio do encontro com o Ressuscitado. Emaús reflete também a dispersão dos discípulos, a desilusão diante da morte humilhante de Messias. Após paixão e a morte de Jesus, seus seguidores enfrentam dificuldades, perseguições, decepções na caminhada. Mas, iluminados pelas Escrituras, compreendem o sentido da morte salvífica de Jesus e retomam o caminho, a missão.

Os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram, Jesus, quando ele “tomou o pão, pronunciou a benção, partiu-o e deu a eles”. O Encontro com Jesus ressuscitado, que se manifesta no caminho da vida, na palavra, no partir o pão, leva a reconhecer sua presença viva e a recriar a comunidade. Os dois discípulos retornam a Jerusalém e testemunham a fé na ressurreição, na comunidade reunida: “Realmente, o Senhor ressuscitou!”. A recordação das palavras e ações de Jesus, a memória de sua vida doada totalmente por amor fortalece a missão dos discípulos, o anúncio da Boa-Nova a todos os povos.


Diocese de Limeira

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