Chegamos ao último domingo
da Quaresma. Depois destes quarenta dias de profundo jejum, continuada
penitência e grande retiro de oração vamos contemplar hoje o tema da
Ressurreição e da Vida. Este quinto domingo da Quaresma, pelos antigos chamado
de Domingo da Paixão, é ressaltado pelo grande episódio da Ressurreição de
Lázaro. Ressurreição de Lázaro que causou ódio das autoridades civis daquele
tempo contra Jesus, dando um sinal de como deveria ser a própria ressurreição
do Senhor. O episódio de hoje conduz à Páscoa da morte e ressurreição de Nosso
Senhor Jesus Cristo.
A 1ª Leitura fala do
tema da ressurreição, com a visão dos ossos revivificados pelo Espírito de Deus.
Observamos, na leitura atenta desta perícope, que os ossos revivificados pelo
sopro de Deus, explica uma visão precedente: a revivificação dos ossos. A morte
serve aqui como figura de Israel, vivendo no Exílio, mais morto do que vivo. A
revivificação é o gesto de Deus para reconduzi-lo a sua terra. Em tempos mais
recentes, esta visão foi interpretada como a ressurreição dos mortos
propriamente, e com razão, porque mais ainda que a volta do exílio, a
ressurreição é obra do espírito vivificador de Deus e volta à plena comunhão
com o Pai.
A 2ª Leitura, fala do
espírito que vivifica, mesmo se o corpo estiver morto; o espírito daquele que
ressuscitou Jesus dos mortos fará viver até os nossos corpos mortais. Assim, a
missa de hoje, abre uma doce perspectiva que sustenta nossa conversão pascal, a
partir da ressurreição do Cristo. A esperança no Senhor Ressuscitado que nos
chama para a vida plena, para a ressurreição, a vida que não se acaba. O
Espírito de Cristo nos faz viver pela justiça e sempre dá a vida aos corpos
mortais. Em Romanos 6 que é a oitava
leitura da vigília pascal São Paulo
falou da integração do cristo no Mistério da morte e ressurreição de Cristo.
Quando o homem só vive de seu próprio Eu, ele é carne, existência humana
precária e limitada. Não pode agradar a Deus. Mas com a integração em Cristo,
pelo batismo, receber o Espírito, que ressuscitou Cristo dos mortos. Contudo,
experimentamos em nós mesmo, que esta transformação ainda não tomou
completamente conta de nós. Por isso, nossa fé é também esperança: o Espírito de
Deus nos transformará sempre mais, se lhe dermos suficiente espaço.
No Evangelho, Jesus hoje
está a caminho de Jerusalém . É a sua última viagem. Em Betânia, que fica
distante apenas 3 km de Jerusalém, faz o grande milagre da ressurreição de
Lázaro, a doação da plenitude da vida. O próprio Cristo nos anuncia: Eu sou a
Ressurreição e a Vida, ligando com a liturgia do domingo precedente: Eu sou a
Luz do Mundo, quem me segue não andarás nas trevas, mas terá a Luz da Vida.
No terceiro domingo da
Quaresma, no episódio da Samaritana se falou em água viva, em água que jorra
para a vida eterna, e o Senhor se apresente como quem é capaz de dar de beber
esta água salvadora. No quarto domingo da Quaresma, Jesus se apresentou como a
Luz do Mundo. A água e a luz fazem crescer, vivificar os seres vivos. Sem água
e sem luz, temos a morte. Por isso, a partir da água e da luz, Jesus reafirma a
sua divindade e o seu poder de dar a vida, e a vida plena, que não se acaba.
Exatamente, isso, com caridade extrema, foi à atitude de Jesus a ressuscitar
Lázaro.
Da morte de Cristo
irrompe e nasce a vida plena. Os mortos ouvirão a voz do Cristo e brotarão
ressuscitados, porque todo o homem que crer no Senhor não ficará morto para
sempre.
Betânia era parada
obrigatória para os peregrinos que iam a Jerusalém. Ali eles tomavam banho, se
preparavam para entrar em Jerusalém. E não podia ser diferente com Jesus e com
os apóstolos. E a parada de Jesus era a carta de Maria, de Marta e de Lázaro, seus
amigos íntimos. Mas, qual seria a grande lição do Evangelho deste domingo: as palavras de Jesus: Eu sou a Ressurreição e
a Vida. A mesma pergunta de Jesus a Marta é a pergunta que devemos nos fazer
hoje: Crês isto? E, também, a resposta de Marta é a mesma resposta que Cristo
espera de cada um de nós: Creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus! Diante de
um túmulo fechado, com choros e lamentações dos irmãos e dos conhecidos de
Lázaro, estava a humanidade perdida e sem esperança. O homem é inerte perante a
morte se não a contemplar com os olhos da doce alegria cristã, a esperança na
vida eterna. Jesus chega diante do túmulo. Jesus, o homem-Deus, dá uma ordem e
Lázaro revive. A morte não é obstáculo para Jesus, porque Ele a venceu, vence e
sempre a vencerá, porque Ele é a vida sem fim. Neste gesto cândido e santo, de
dar a vida a um mortal fiel, Jesus nos anuncia o nosso destino, se cremos Nele,
vivermos Para Ele e Seguirmos os Seus Mandamentos, a sua Palavra de Salvação.
Ressurreição e Luz são
dois temas intimamente ligados, porque são sinônimos da salvação: Se alguém
caminha de dia, não tropeça; mas tropeçará, se andar de noite.
O tema central do
Evangelho de hoje é a vida. Vida que foi restituída a Lázaro e que está ligada
à amizade, ao amor fraterno, a compaixão, atitudes cristãos que estão presentes
na glorificação de Deus, que é o destino dos homens e mulheres que crêem
verdadeiramente. A vida verdadeira, que o Cristo trouxe, tem face humana e face
divina, que se misturam.
A ressurreição de
Lázaro é um dos maiores sinais de Jesus. Jesus, assim, vai manifestando a sua
filiação divina, seu poder messiânico, sua missão salvadora, e provoca, cada
vez mais, a admiração, a fé, o testemunho daqueles que são beneficiados pela
sua ação evangelizadora. O próprio Evangelista João anuncia que Jesus fez
muitos outros sinais, e que Estes sinais foram escritos para que creiais que
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, em crendo, tenhais a vida.
Assim, poderíamos
afirmar que a vida do homem é a razão de ser da encarnação de Jesus. Os
milagres e sinais de Jesus foram efetuados para destacar a vida plena, a vida
que só ele pode nos dar.
Padre Wagner Augusto
Portugal
Blog Homilia Dominical
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