A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos sublinha que o
encontro com Cristo ressuscitado acontece na comunidade de irmãos e irmãs. A
comunidade ideal está centrada na comunhão fraterna (koinonia), na escuta da
palavra, na fração do pão, memorial da ceia do Senhor e nas orações.
A vida nova de comunhão com Jesus manifesta-se no compromisso
solidário com os irmãos: “Todos os que abraçavam a fé, viviam unidos e possuíam
tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro
entre todos, conforme a necessidade de cada um”.
O testemunho da vida de Cristo, doada totalmente por amor,
fortalece a confiança na presença de Deus e na manifestação da salvação. O
louvor comunitário e a comunhão fraterna, a alegria e a simplicidade revelam a
eficácia da missão. O estilo alegre de vida, no seguimento a Jesus e no serviço
ao reino, interpela todo o povo e assegura o crescimento contínuo da
comunidade: “A cada dia, o Senhor acrescentava a seu número mais pessoas”, que
aderiam à sua proposta salvífica.
A segunda leitura da primeira carta de Pedro começa com um pequeno
hino litúrgico, que acentua a salvação realizada pelo Pai através do Filho.
Bendito seja o Pai, que em sua grande misericórdia e “pela ressurreição de
Jesus Cristo dentre os mortos, nos fez nascer de novo para uma esperança,
alicerçados na promessa da salvação definitiva, da vida plena em Deus.
O exemplo de Cristo, que passou pela paixão e morte para chegar
à glória da ressurreição, impulsiona o testemunho da fé com alegria, em meio ao
sofrimento e às provações. A imagem do ouro que, purificado pelo fogo,
manifesta todo o seu esplendor, ilustra o caminho existencial de transformação
pela ação do Espírito até a identificação com Jesus ressuscitado.
A adesão ao Senhor, na esperança e no amor solidário, torna-se
“fonte de alegria inefável e gloriosa”, pois proporciona experimentar, desde
já, a vida nova de ressuscitados.
A leitura do evangelho de João começa com a manifestação de
Jesus ressuscitado aos discípulos, na tarde do mesmo dia da ressurreição. “Ao
anoitecer daquele dia, o primeiro da semana”, o Ressuscitado se faz presente
nomeio dos discípulos reunidos com as portas fechadas por medo do judeus.
Após a crucificação do Mestre Jesus, os discípulos estavam com
medo, fechados. No final do primeiro século, época em que o evangelho foi
escrito, os seguidores de Cristo também estavam com medo, por causa das
hostilidades e das perseguições.
O Ressuscitado oferece a paz, que transforma os discípulos e
infunde confiança: “Jesus entrou e pôs-se nomeio deles. Disse: a paz esteja
convosco”. Conforme havia prometido, Jesus transmite a verdadeira paz, dom de
sua entrega por amor. Os sinais da paixão “nas mãos e no lado” revelam sua
doação até a cruz e levam os discípulos a reconhecerem sua presença viva no
meio deles. “Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor” o
Ressuscitado.
A paz do Ressuscitado é a plenitude da salvação, que confirma os
discípulos na missão libertadora: “Como o Pai me enviou também eu vos envio” .
Os discípulos são enviados para anunciarem a alegria e a paz, dádivas do
Ressuscitado. Eles são renovados, investidos com o Espírito Santo, com o sopro
da vida nova de Cristo ressuscitado.
Em Gn 2,7, Deus soprou sobre o ser humano, infundindo-lhe o dom
da vida divina, que o tornou um ser vivente. A força do Espírito torna os
discípulos instrumentos de paz e de reconciliação. Portadores da misericórdia e
do perdão de Jesus: “A quem perdoardes os pecados, serão perdoados”.
“Oito dias depois”, Jesus revela novamente sua presença de paz
no meio da comunidade reunida, para celebrar o memorial de sua Páscoa. Tomé,
que era um dos Doze, representa as dificuldades dos discípulos em crer na
ressurreição de Jesus. A insistência de Tomé, em comprovar as marcas da paixão,
mostra que a fé em Cristo ressuscitado brota de sua doação total.
A aclamação litúrgica: “Meu Senhor e meu Deus” expressa a fé da
comunidade em Jesus crucificado/exaltado como Senhor e Deus. É a profissão de
fé de quem encontra o Senhor no caminho do discipulado.
Jesus proclama “bem-aventurados os que não viram e creram”, os
que crêem e vivem conforme seus ensinamentos. O encontro com o Senhor, na
comunidade que se reúne para celebrar a memória de sua vida, morte e
ressurreição, leva ao testemunho da fé, como os primeiros discípulos e
discípulas.
A ressurreição de Jesus é o grande sinal de amor, que plenifica
os demais, realizados ao longo de seu ministério. Os sinais que Jesus, o
enviado de Deus, realizou foram testemunhados e escritos, para levar os
seguidores de todos os tempos à adesão da fé e à vida, plena em seu nome. O
caminho da fé em Cristo ressuscitado é a fonte de vida eterna, que torna
possível um mundo novo, novos céus e nova terra.
Diocese de Limeira
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