A primeira leitura é do primeiro Isaías, profeta que atua entre 740-700
a. C. Portanto hoje ouvimos o primeiro Isaias que mostra que a classe dominante
assumiu o culto da religião assíria e é infiel à Aliança com Deus. A começar
pelo rei, vivem sem fé, corrompidos e sem escrúpulos. O rei chegou a sacrificar
o próprio filho ao ídolo Molok. O momento é de guerra e sofrimento para o povo.
Isaías traz dimensão messiânica da profecia que levava o povo a olhar
para o futuro, esperar pela vinda do Messias e a aguardar a realização do Reino
de Deus. A profecia, em sua palavra crítica, clareia o presente e esconde uma
palavra de esperança que anuncia o futuro. Na denúncia do mal do presente, deve
estar também o anúncio da Boa Nova.
Isaías anuncia o júbilo da natureza, a cura dos enfermos, a volta dos
exilados. A vinda salvadora de Deus transforma o deserto em paraíso, vence
todas as doenças e maldições; dá liberdade, alegria, felicidade. Todos
deprimidos criarão animo e coragem. As mãos ficarão fortes e firmes os joelhos.
A transformação da natureza é o símbolo que expressa a restauração do
povo oprimido e libertado pelo Senhor. Isaías é um canto de esperança e um
convite a celebrar antecipadamente a alegria da libertação, do Reino que vem. O
tema central da água no deserto suscita a memória de um novo êxodo.
Na 2ª Leitura, a exortação de Tiago, o irmão do Senhor, da comunidade mãe
de Jerusalém, começa contra as pessoas ricas que oprimem os pobres e se
enriquecem às suas custas, pois lhes retêm o salário. Tiago começa dizendo:
“agora vós, os ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para
cair sobre vós.” Repete assim, o grito dos profetas. O tesouro dos ricos, já
reduzido a nada pelos vermes e a ferrugem vai testemunhar contra eles no final dos
tempos. Nas comunidades primitivas, esperava-se que o Senhor voltasse em breve
para o julgamento final e definitivo.
Nos versículos 7 a 11, sua exortação abre-se para um horizonte
escatológico e Tiago pede que se tenha paciência, porque o Senhor está próximo.
Paciência, como a de quem coloca uma semente na terra e fica à espera da planta
que virá e dos frutos que ela via produzir sem impacientar-se com a demora.
Paciência, Constancia, firmeza no tempo de provação que antecede a vinda do
Reino. Paciência laboriosa no tempo que prepara a Parusia, a segunda
presença/vinda do Messias, segundo Advento do Senhor que proclamamos em nossa
liturgia.
Tiago propõe Jó como modelo de paciência. É a única vez que Jó é citado
no Segundo Testamento. Esse exemplo é conhecido no judaísmo e a comunidade de
Tiago é composta de cristãos vindos do judaísmo. O Senhor é rico em
misericórdia, benevolente e compassivo como foi com Jó. Esses são atribuídos
litúrgicos de Deus.
No evangelho de hoje, Jesus fala sobre João Batista. No início do
cristianismo, em algumas comunidades, houve a preocupação sobre o lugar de João
Batista com referência a Jesus. A perícope deste domingo reflete essa
preocupação. Podemos dividi-la em duas partes: Na primeira parte os discípulos
de João, que já está na prisão de Herodes, vão perguntar a Jesus sobre sua
identidade: “És tu o que devia vir, ou devemos esperar outro?”
Jesus responde, definindo sua identidade messiânica: “Informem a João
sobre o que vocês ouvem e vêem: cegos recobram a visão, coxos caminham,
leprosos são purificados, surdos ouvem, mortos ressuscitam, os pobres recebem a
boa notícia e feliz quem não tropeça por minha causa”. Nesta identificação do
Messias, ressoa a profecia de Isaías.
Na segunda parte do trecho de Mateus, Jesus esclarece à multidão sobre a
missão de João: O que foram contemplar no deserto? Uma taquara fininha,
delgada, agitada pelo vento? Um homem com roupas finas e ricas? Quem se veste
assim mora em palácio. Mas o que foram ver? Um profeta? Sim, e alguém que é
mais do que profeta.
Dele é que está escrito na sagrada Escritura: Eis que envio o meu
mensageiro à tua frente para preparar o teu caminho diante de ti. Jesus encerra
dizendo que, de todos os que nasceram, nenhum homem é maior do que João
Batista. Porém, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. As palavras das
profecias confirmam a missão de Jesus.
Site da Diocese de Limeira
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