Cheios do Espírito Santo

A expressão “cheios do Espírito” é encontrada algumas poucas vezes no livro dos Atos dos Apóstolos. Em Efésios, Paulo manda que seus leitores “deixem-se encher pelo Espírito” (NVI), a tradução certa do grego. Paulo fala aos Gálatas que ele está sofrendo “dores de parto... até que Cristo seja formado” neles (4,19). Na segunda oração, registrada em Efésios, o apóstolo culmina seu pedido com a frase: “... para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus” (3,19b). Jesus também falou para seus discípulos, na noite de sua traição, que eles deveriam permanecer nEle, e Ele permaneceria neles. Por isso, examinemos o significado dessas palavras bíblicas e suas implicações para uma vida cristã autêntica.

Em primeiro lugar, parece-me provável que todas essas frases são, senão sinônimas, pelo menos paralelas. Se alguém está cheio de Cristo ou de Deus, entende-se que ele está cheio do Espírito, uma vez que este não é outro senão o Espírito de Cristo, ou o Espírito Santo de Deus. Cristo, formado num cristão, deve equivaler a alguém que goza da plenitude de Deus, “pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2,9). Acreditando firmemente que a Santíssima Trindade se compõe de três pessoas numa só essência, concluímos que é razoável crer que ficar cheio de um deles significa estar cheio dos outros.

Em segundo lugar, mesmo que não faça parte de nossa maneira contemporânea de falar, estar cheio de uma pessoa comunica que ela exerce uma influência forte sobre aquele. Diríamos que um indivíduo ficou sob o domínio do outro. Uma vez cheio do Espírito, a pessoa não agiria de modo independente. Estaria, consciente ou inconscientemente, controlado por um “espírito” distinto do seu espírito humano. O homem cheio do Espírito pensaria, falaria, desejaria e agiria de modo distinto daquele com que ele atuaria se estivesse apenas cheio de si.

Paulo fala dessa distinção quando se refere ao “espírito do mundo” ou o indivíduo “que não tem o Espírito de Deus” (traduz a palavra psuchikos, “almal”, 1 Cor 2.12,14). Os espirituais podem ser os que, tendo o Espírito, se dispõem a ouvi-lo e obedecer-lhe. Todos temos ouvido falar de pessoas possessas. Quer dizer, uma pessoa dominada por um espírito que nem é humano e nem divino. A única outra opção seria um espírito imundo ou demoníaco. Jesus enviou seus discípulos numa missão em que uma de suas tarefas era a de “expulsar espíritos imundos” (Mt 10.1). Porém, a maioria maciça dos não-cristãos não é de pessoas endemoninhadas. Paulo ensina que o príncipe do poder do ar, o espírito que está atuando nos que vivem na desobediência (Ef 2.2), influencia até os não-cristãos. Mas isso não quer dizer que todos os que não se submetem ao senhorio de Cristo estão cheios de Satanás, ou possessos! Claro que não!

Desejo de todo coração que cresçamos na intimidade com a pessoa do Espírito Santo, pois Ele carregará os nossos fardos, curará nossas feridas e aliviará nossas dores e angústias. Ele é o consolo do Pai para cada um de nós. Refúgio seguro, brisa leve e orvalho da manhã que revigora o coração dos que esperam no Senhor.

Por fim, gostaria de oferecer algumas orientações que poderão ser úteis num auto-exame e dirão se somos ou não cheios do Espírito.

1. Pessoas cheias do Espírito são as que mais se parecem com o Senhor Jesus. São imitadores de Jesus. Homens e mulheres de oração.
2. Pessoas que têm uma vida centrada na Eucaristia. Amam e fazem de tudo para receber o corpo e o sangue do Senhor Jesus. São amantes do Pão vivo que desceu do Céu.
3. São muito próximas de Nossa Senhora. Amam-na com um amor filial e esse amor é visível em sua vida.
4. São membros bem integrados na Igreja, o Corpo de Cristo, de maneira que a Cabeça evidentemente os controla. São unidos em torno da doutrina, da Palavra e da fé herdada dos Santos e mártires.
5. São pessoas humildes. Jesus os chamou de “pobres em espírito”. Consideram os outros superiores a si mesmos.
6. Elas buscam em primeiro lugar o Reino de Deus, e não seu próprio reino.
7. Elas confiam de tal maneira no controle soberano de Deus sobre todas as pessoas e eventos que não se preocupam com sua própria vida, mas se entristecem com o sofrimento dos outros.
8. Elas são semeadores da boa semente do Evangelho e se empenham na Evangelização.
9. Elas vivem na gloriosa esperança da Vinda do Senhor, de modo que não ficam desesperadas com a multiplicação da maldade no mundo.
10. Elas perdoam em vez de se vingarem.
11. Acima de tudo, são arraigadas e alicerçadas no amor. A caridade é a principal marca dos que são cheios do Espírito de Deus.

Vanilton Lima
Retirado do Site da Comunidade Shalom

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