2º Domingo do Tempo Comum

As leituras deste domingo têm como eixo transversal o convite de Deus a toda a humanidade a assumir como próprio o projeto do Reino, de projetar, em liberdade e sinceridade, uma maneira nova de ser homem e mulher, de ser criação e sociedade.

O texto da primeira leitura faz parte do segundo Cântico do Servo (Is. 49,1-50,7), nele há uma identidade do povo de Israel como o servidor de Deus.

Este Israel mencionado aqui não representa a totalidade do povo de Deus, mas sim, talvez, se refira àquela pequenina comunidade de crentes, desterrada na Babilônia, a esse grupo reduzido que mantém viva a esperança e a fé. Esse grupo que, apesar de estar longe de sua terra, mantém sua confiança que Javé, trará a salvação a todo o povo de Israel e ao mundo inteiro, pois Deus colocou seus olhos nele e assinalou a missão a todo o povo de Israel e ao mundo inteiro, pois Deus olhou para ele e lhe concedeu a missão de expressar a toda a criação o seu desejo mais profundo: salvar a todos sem exceção.

O autor do cântico assinala uma grande diferença quanto à compreensão da salvação prometida por Javé; sendo o tempo do exílio, o profeta anuncia uma salvação para todas as nações, não unicamente para o povo de Israel.

Na 2ª Leitura, Paulo inicia sua carta confirmando a universalidade do Reino de Deus; expressando que a mensagem de salvação é para todos os que, em qualquer lugar e tempo invocam o nome de Jesus Cristo. Contudo, pela maneira solene que Paulo escreve (à Igreja de Deus em Corinto), pode-se afirmar que o apóstolo está se referindo à única e universal igreja de Cristo, que se faz historicamente presente nos cristãos da comunidade de Corinto.

Isto é, ainda que Paulo tenha escrito de amaneira particular a uma comunidade, sua mensagem ultrapassa os limites do espaço e do tempo, adquirindo em todo momento atualidade e relevância, pois é uma Palavra dirigia à humanidade inteira. Homens e mulheres recebem a graça de ser filhos de Deus, por meio de Jesus; fomos consagrados por Deus para realizar em nossas vida a “vocação santa”, que em nossa linguagem corresponderia à “missão” de tornar presente, aqui e agora, o reino de Deus: fazer deste mundo um lugar mais justo e solidário, menos violento, destruidor, mais livre e fraterno.

Quem assume como modo normal de vida este horizonte libertador, está invocando o nome de Jesus.

O evangelho de João manifesta a universalidade da salvação de Deus por meio da vida e missão de Jesus de Nazaré, visto este como cordeiro de Deus, que se sacrifica, se entrega obedientemente à vontade do Pai para salvar da morte (do pecado) a toda a Humanidade.

Jesus é o enviado do Pai, o ungido pelo Espírito de Deus, o servidor de Javé de que fala o profeta Isaías (49,3) que tem como especial missão estabelecer no mundo a justiça do reino. É quem verdadeiramente traz a salvação de Deus à humanidade. João Batista já havia compreendido sua própria missão e a missão de Jesus.

Por tal razão o profeta do deserto diz que atrás dele vem um que é mais importante do que ele, pois o que vem é o Messias, Palavra nova de Deus para o mundo. O Batista reconhece Jesus como o Filho de Deus, por isso dá testemunho dele. E o faz com as imagens daquele tempo, imagens que há muito tempo ficaram sem base e que até perderam sua inteligibilidade.

Falar de Cordeiro de Deus, sacrificado, que expia nossos pecados, que tira o pecado do mundo com seu sangue, que nos "redime” é falar em categorias que somente podemos conhecer pelo estudo histórico-bíblico, por cultura especializada religiosa, porém que não podemos captar “por sentido comum”, por uma vivencia que se respira através do subconsciente coletivo social, como normalmente são captadas as boas imagens, as imagens que estão vivas.

Algumas imagens já morreram, ainda que continuem sendo lidas ou repetidas. Uma tarefa pendente da comunidade que crê hoje é testemunhar esse encontro profundo com Jesus com metáforas novas, para que expressem e comuniquem esse encontro. Será essa a forma de se poderá concretizar uma vida fundada na entrega e no amor, na justiça e na comunhão com a Natureza.


Site Homilia Dominical

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