A festa mais importante do ano, a celebração do acontecimento central e
máximo de toda a história da humanidade é a Páscoa. E porque ela é tão grande,
merece uma preparação à altura. Começa na “Quarta-Feira de Cinzas” a nossa
preparação para a Páscoa.
E como inauguramos esta preparação? Colocando cinza sobre a nossa
cabeça, como sinal de penitência, isto é, como sinal de que estamos dispostos a
nos alinharmos no caminho de Deus com seu projeto de justiça e paz para todos.
Além disso, passamos esse dia fazendo jejum, também como sinal de penitência.
Serão então quarenta dias de preparação: Quaresma. A Campanha da
Fraternidade, enfocando um problema social que mais aflige a sociedade, à luz
da Palavra de Deus vai nos ajudando na preparação para a Páscoa.
Quarta-Feira de Cinza! Celebramos neste dia o mistério do Deus
misericordioso que acolhe nossa penitência, nossa conversão, isto é, o
reconhecimento de nossa condição de criaturas limitadas, mortais, pecadoras.
Conversão que consiste em crer no Evangelho, isto é, aderir a ele, viver
segundo o ensinamento do Senhor Jesus. Numa Palavra, trata-se de entrar no
caminho pascal de Jesus. “Convertei-vos, e crede no Evangelho”: é o convite que
Jesus faz.
Esta Palavra, a gente ouve, recebendo cinzas sobre a nossa cabeça. Por
que cinzas? É para lembrar que, de fato somos pó! A fé em Jesus ressuscitado
faz com que a ida renasça das cinzas. Quando o ser humano reconhece sua
condição de criatura realmente necessitada da ação de Deus, em Cristo e no
Espírito, então Jesus Cristo faz brotar vida de nossa condição mortal.
Reconhecer-se assim, é entrar na atitude pascal, isto é, de passagem com Cristo
da morte para a vida. Esta páscoa, a gente vive na conversão, através dos
exercícios da oração, do jejum e da esmola ou partilha de bens e gestos
solidários, no espírito do Sermão da Montanha.
Páscoa que celebramos na Eucaristia, pela qual aclamamos Deus como
aquele que, acolhendo nossa penitência, corrige nossos vícios, eleva nossos
sentimentos, fortifica nosso espírito fraterno e, assim, nos dá a graça de nos
aproximarmos do seu jeito misericordioso de ser, e nos garante uma eterna
recompensa.
Por isso que o sacerdote, em nome de toda a assembléia, canta na Oração
Eucarística: “Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso..., vós acolheis
nossa penitência como oferenda à vossa glória. O jejum e abstinência que
praticamos, quebrando nosso orgulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia,
repartindo o pão com os necessitados... Pela penitencia da Quaresma, vós
corrigis nossos vicio, elevais nossos sentimentos, fortificais nosso espírito
fraterno e nos garantis uma eterna recompensa”.
Junto com a oferta total de Cristo ao Pai, pelo Espírito Santo, na
Liturgia eucarística, une-se também a oferta de nossa penitência quaresmal. E Deus,
por sua vez, nos recompensa com o Corpo entregue e o Sangue derramado de seu
Filho Jesus, na santa comunhão.
Que o Cristo pascal nos ajude, para que o nosso jejum seja realmente
agradável a Deus e nos sirva de remédio para a cura dos nossos vícios. E assim
possamos celebrar dignamente a santa páscoa de Cristo e nossa Páscoa.
Retirado do Livro Liturgia em Mutirão – Ed. CNBB
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