2º Domingo do Tempo Comum

Na 1ª Leitura, lembrando a Aliança contraída no Sinai, ao tempo de Moisés, Isaías a refaz como quem lembra uma celebração nupcial em que Javé é o esposo e Israel, a esposa: Não mais me chamarão Abandonada e tua terra não mais será chamada Deserta, teu nome será Minha Predileta e a tua terra será a bem-casada, pois o Senhor agradou-se de ti e tua terra será a desposada. Desde o grande pequeno profeta Oséias, contemporâneo do profeta Isaías, é que a aliança de Javé com o seu povo é comparada à aliança de um esposo com a sua esposa amada. A mesma metáfora usada por Teresa de Ávila em relação à experiência mística.

Na 2ª Leitura, a pequena comunidade cristã fundada por Paulo era como uma pequena peça de um grande tabuleiro de religiões pagãs e seus respectivos cultos. Não admira que Paulo, embora longe, se preocupasse e muito com a sua comunidade de Corinto que durante perto de dois anos esforçara-se  por fundar e consolidar. A comunidade de Corinto tinha de ser muito criativa e perseverante tão complexa era a  cidade de Corinto. Toda comunidade religiosa é uma estrutura social complexa que exige ao mesmo tempo uma coesão interna e uma variedade do que Paulo chama de carismas, ou seja, dons específicos e complementares sem o que a comunidade não pode funcionar. O dom da palavra, o dom da ciência, o dom da cura são todos dons do mesmo Espírito que devem funcionar em vista do bem comum e jamais dentro de um espírito competitivo. É contra essa competitividade que Paulo previne os seus amigos de Corinto.

O ponto de partida para a nossa reflexão sobre o evangelho de hoje é a palavra de Maria, aparentemente um tanto precipitada, a Jesus de que os donos da festa não tinham mais vinho, ou seja, muito em breve eles passariam por uma grande humilhação. As bodas de Cana mais do que uma narrativa são uma parábola. Então devemos perguntar-nos: o que significa para nós essa preocupação de Maria? Essa preocupação de Maria aponta para a preocupação que Deus, nosso Pai, tem por nós. Para além da nossa autonomia pessoal e sem prejuízo dela, Deus se preocupa conosco e vela sobre nós. Nós estamos nas mãos de Deus e quando ajudamos os nossos irmãos as nossas mãos fazem as vezes das mãos de Deus. E por que transformar a água em vinho se a água já é um dom tão precioso? Por que Deus quer o melhor para seus filhos. As bodas de Cana afastam-nos de uma visão penitencial da religião e nos convidam para a festa, para o banquete nupcial, sem esquecer que a mesa desse banquete é uma mesa imensa onde cabem todos os filhos de Deus.

Pe. José
Colégio Santa Cruz

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