Após
cerca de 17 dias de viagem, a 12 de outubro de 1717, chegava o Conde de
Assumar, com sua comitiva, à região de Guaratinguetá. Entre os acontecimentos
que então se deram relatam os manuscritos da época o seguinte:
“A Câmara
da Vila notificou então os pescadores que apresentassem todo o peixe que
pudessem haver para o dito governador. Entre muitos, foram pescar em suas
canoas Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso e, principiando a
lançar suas redes no porto de José Corrêa leite, continuaram até o porto de
Itaguassú, distância bastante, sem tirar peixe algum. E lançando neste porto
João Alves a sua rede, de rasto tirou o corpo da Senhora, sem cabeça, e,
lançando mais abaixo outra vez a rede, tirou a cabeça de mesma Senhora, não se
sabendo nunca quem ali a lançasse. A imagem encontrada media 38 cm de altura e
apresentava cor bronzeada.
E, continuando a pescaria, não tendo até então peixe algum, dali por diante foi tão copiosa em poucos lances que, receosos de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, ele e os companheiros se retiraram a suas moradas, admirados deste sucesso” (cf. Marcondes Homem de Mello, Álbum da Coroação. Brasílio Machado, A Basílica de Aparecida).
E, continuando a pescaria, não tendo até então peixe algum, dali por diante foi tão copiosa em poucos lances que, receosos de naufragarem pelo muito peixe que tinham nas canoas, ele e os companheiros se retiraram a suas moradas, admirados deste sucesso” (cf. Marcondes Homem de Mello, Álbum da Coroação. Brasílio Machado, A Basílica de Aparecida).
Após
limpar e recompor a imagem os pescadores a levaram para as suas casas; mas
verificaram-se alguns sinais milagrosos, que chamaram a atenção do Pe. José
Alves Vilela, pároco de Guaratinguetá. Certa vez, durante uma dessas práticas
aconteceu que, embora a noite estivesse muito calma, de repente se apagaram as
velas que alumiavam a imagem da Senhora. Os fiéis, querendo reacendê-las,
verificaram com surpresa que elas por si, sem intervenção de alguém, se
reacenderam.
O Padre
José Alves então decidiu construir para a Santa Mãe uma capela para satisfazer
ao crescente número de devotos da Virgem. Depois esta capela foi substituída
por outra maior no morro dos Coqueiros em 1745, morro que tomou o nome de
“Aparecida” (hoje cidade de Aparecida do Norte).
Em 1846
foi iniciada a construção de templo maior, que ainda existe em Aparecida do
Norte. No ano de 1980 foi abençoada a nova e grande Basílica pelo Papa João
Paulo II, alvo de peregrinações numerosas durante o ano inteiro.
Em 1884 a Princesa Isabel doou uma coroa a Nossa Senhora Aparecida. Com a doação desta jóia, a princesa pagava uma promessa feita a Maria, em que pedira, em 1868, um herdeiro para o trono. Sete anos após ter feito o pedido, a princesa Isabel deu à luz D. Pedro de Alcântara.
Em 1884 a
princesa retornou a Aparecida com a coroa e com os três filhos, D. Pedro de
Alcântara, D. Luiz Felipe e D. Antônio. A Coroação aconteceu em 1904.
Em 1930 o
Brasil foi solenemente consagrado a Nossa Senhora Aparecida pelo Cardeal D.
Sebastião Leme na presença do Presidente da República e de numerosas
autoridades religiosas, civis e militares.
Entre os
milagres que provocavam o fervor do povo, conta-se o do escravo, ocorrido
por volta de 1790 e famoso nos tempos subsequentes. Segundo a versão mais
abalizada, as correntes se soltaram das mãos do escravo, quando este implorava
a proteção de Nossa Senhora Aparecida diante da respectiva imagem. Eis como o
refere o Pe. Claro Francisco de Vasconcelos pelo ano de 1838:
“Um
escravo fugitivo, que estava sendo conduzido de volta à fazenda pelo seu
patrão, ao passar pela Capela, pediu para fazer oração diante da Imagem.
Enquanto o escravo estava em oração, caiu repentinamente a corrente, deixando
intato o colar que prendia seu pescoço. A corrente se encontra até hoje
pendente da parede do mesmo Santuário como testemunho e lembrança de que Maria
Santíssima tem suprema autoridade para desatar as prisões dos pecadores
arrependidos. Aquele senhor, tocado pelo milagre, ofereceu a Nossa Senhora o
preço dele e o levou para casa com uma pessoa livre, a fim de amar e estimar
aquele seu escravo como pessoa protegida pela soberana Mãe de Deus” (relato
extraído da obra de Júlio J. Brustoloni, A Mensagem da Senhora Aparecida, Ed.
Santuário, Aparecida, SP, 1994).
O S.
Padre Pio XI houve por bem acolher o pedido da hierarquia e dos fiéis, que
desejavam fosse Nossa Senhora Aparecida proclamada Padroeira principal de todo
o Brasil. Aos 16 de julho de 1930 publicava S. Santidade o seguinte “Motu
proprio”:
“… Por
conhecimento certo e madura reflexão Nossa, na plenitude de Nosso poder
apostólico, pelo teor das presentes letras, constituímos e declaramos a mui
Bem-aventurada Virgem Maria concebida sem mancha, sob o título de “Aparecida”,
Padroeira principal de todo o Brasil diante de Deus. Este padroado gozará dos
privilégios litúrgicos e das outras honras que costumam competir aos Padroeiros
principais de lugares ou regiões. Concedendo isto para promover o bem
espiritual dos fiéis no Brasil e aumentar cada vez mais a sua devoção à Imaculada
Mãe de Deus, decretamos que cada vez mais a sua devoção à Imaculada Mãe de
Deus, decretamos que as presentes letras estejam e permaneçam sempre firmes,
válidas e eficazes, surtindo seus plenos e inteiros efeitos”.
É bom
lembrar que D. Pedro I, o primeiro Imperador, confirmando aliás antiga provisão
de Sua Majestade o rei de Portugal do ano de 1646, declarou a Virgem da
Conceição Padroeira do Brasil.
A
presença do sobrenatural em Aparecida exigiu que se empreendesse a construção
de nova e mais vasta Basílica. Esta, iniciada em 1955 sob os auspícios do
Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, estava concluída, com todas
as suas capelas e quatro naves, em 1980. A área construída é de 23.000 m² e a
área coberta mede 18.000 m². A lotação normal é de 45.000 pessoas, podendo a
lotação máxima chegar a 70.000 pessoas. Até hoje são relatados milagres e
favores de ordem física obtidos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida em
seu Santuário; todavia o que mais importa aí, são os numerosos casos de conversão
espiritual e reencontro da paz interior alcançada pelo patrocínio de Nossa
Senhora, Padroeira desse bom povo que a seus pés busca socorro espiritual.
O fato de
que a imagem da Senhora Aparecida tem a cor preta, tem sido objeto de
comentários … Na verdade, o fenômeno se explica pela longa permanência da
estátua dentro da água do rio, mas é inegável que ela apareceu no Brasil bem na
época da escravidão dos negros, e é difícil não ver na sua cor uma mensagem aos
brancos de que os negros são seus irmãos.
É comovente
ir a Aparecida do Norte e participar de uma Santa Missa, com o povo lotando a
enorme Basílica, especialmente nos finais de semana. E o templo está cada vez
mais bonito – o que Nossa Senhora merece – e é o povo mais pobre e humilde que
custeia isso com suas doações. É a Casa Santa do povo de Deus.
Prof. Felipe Aquino
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