Neste caminho quaresmal rumo a Páscoa não é a toa que a Santa Mãe Igreja nos propõe os exercícios quaresmais de conversão Oração, Jejum e Esmola, pois ao vivermos estes três exercícios crescemos nas virtudes teologais da fé, esperança e caridade. Essa é a trilha básica para o caminho de santidade de todo o cristão, não somente por quarenta dias, mas para toda a sua vida.
Se a oração atinge o relacionamento do homem com Deus, o jejum o celebra no seu relacionamento com os bens criados na virtude da esperança.
No seu relacionamento com a natureza criada, o homem é chamado a ser livre, a ser senhor da criação. Acontece porem, que muitas vezes se escraviza a ela. Por isso, a Igreja convida o homem a realizar um gesto de liberdade e de respeito em relação aos bens criados, através do rito do jejum.
O rito do jejum não vale pelo que é, mas pelo que significa. Na ação de comer e de beber é que o homem mais se apropria das coisas. Ele mesmo consome a comida; ele a faz tornar-se parte de si mesmo. Não só dela se apodera, mas muitas vezes, apoderando-se dela, a ela se escraviza. Por isso, o alimento e a bebida tornam-se símbolo de tudo quanto envolve o homem.
Jejuar é abastecer-se de um pouco de comida ou bebida. É estabelecer o correto relacionamento do homem com a natureza criada. A atitude de liberdade e de respeito diante do alimento torna-se símbolo de sua liberdade e respeito para com tudo quanto o envolve e o pode escravizar: bens materiais, qualidades, opiniões, idéias, pessoas apegos e assim por diante.
Temos mais. Jejuar significa fazer espaço em si. Fazer espaço para Deus, fazer espaço para o próximo, fazer espaço para os valores que permanecem. Jejuando, a Igreja evoca o Cristo jejuando quarenta dias no deserto, o Cristo em sua atitude de liberdade e de domínio sobre a natureza e sobre o mal. Evocando-o, torna-o presente hoje.
A Igreja constituí o prolongamento do Cristo livre, do Cristo rei da criação. A Igreja exercita e celebra a atitude de liberdade e respeito diante da natureza durante a Quaresma, para que os cristãos vivam sempre esta atitude de harmonia com a natureza, usando dos bens para o seu crescimento em Deus. Temos, portanto, um exercício de conversão.
Padre Luizinho
Retirado do Blog da Canção Nova
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