Perseverança até quando?

O ser humano é realmente frágil diante das agruras da vida. Somos capazes de grandes heroísmos. Mas diante da presença do mal, das oposições contínuas de gente mal-intencionada, sentimos a falta de coragem. A tentação da fuga, pura e simples, é uma alternativa aliciadora. “Todos os discípulos, deixando-o, fugiram” (Mt 26, 56). Nisso somos parecidos com os animais que, diante do perigo, por instinto de conservação, fogem rapidamente.

Os homens, por educação ou por graça divina (martírio), têm a capacidade de resiliência. Essa capacidade nos faz esperar que os tempos mudem, e tudo pode tomar um rumo novo. As pessoas, – homens ou mulheres, e até jovens – que têm perseverança e firmeza de conduta tornam-se arrimo para outros mais frágeis. Os que têm personalidade, e não se deixam desviar dos seus intentos, são líderes e vencedores. Essas pessoas se tornam heroínas pelo fato de abrirem caminho aos pusilânimes. Mas a perseverança é virtude proposta a todos, não só aos heróis. Este desafio nos é aberto em dois sentidos.

Antes de tudo, somos chamados ao heroísmo da fé. A tentação do desânimo, de abandonarmos a fé diante de outras propostas mais tentadoras, de alcançarmos a solução dos problemas pela via rápida dos milagres fáceis, pode nos fazer balançar. “Maldito seja aquele que vos anunciar um evangelho diferente daquele que eu anunciei” (Gal 1, 8).

A Igreja possui a doutrina de Jesus (imagem do Pai). Nesta doutrina seremos perseverantes e seguiremos o que ensinavam os apóstolos: “Sede firmes na fé”. Entre nós católicos há muitos que se deixam seduzir com facilidade, e abandonam a fé do seu batismo, para aderirem a soluções menos complicadas. Outro chamado, feito a todos, é de sermos perseverantes na prática do bem. Trabalhar gratuitamente em benefício dos outros pode cansar. As ingratidões e a falta de compromisso podem nos levar ao desânimo e a “jogar tudo para cima”. É mais fácil ter vida mansa e assistir tudo de camarote. Mas a Escritura nos alerta: “Quem for perseverante até o fim, este será salvo” (Mt 10, 22).

Dom Aloísio Roque Oppermann
Retirado do Blog da Canção Nova

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