A cena é bem conhecida de todos nós: uma azinheira, árvore de porte médio e de extrema simplicidade com suas folhas miúdas e arredondadas. Sobre ela, um anjo e depois uma Senhora, vestida de branco e, abaixo, ao pé da árvore, cabeças totalmente voltadas para o céu, três crianças que pastoreiam o rebanho no baixio desértico.
Da Senhora, os pequenos ouvem conselhos e, especialmente, pedidos de oração pela paz no mundo, pela queda do comunismo, pelo perigo representado pela Rússia, pela castidade. Reunidos pela devoção popular, os conselhos e pedidos da Mãe do Céu se tornaram um dos cânticos religiosos mais conhecidos no mundo. Eis alguns trechos:
Se o mundo quiserdes da guerra livrar
Fazei penitência por tanto pecar
Por essa recomendação da Virgem, vemos que nenhum ato de penitência, oração ou de sofrimento unidos à cruz de Cristo se perde. Pelo contrário, é capaz de evitar até uma guerra. Graças à penitência dos pastorezinhos e de todo o povo que se uniu a eles, Portugal livrou-se da guerra.
A penitência por ela recomendada indica, também, o poder dessa prática de livrar-nos da pena do pecado. Sabemos como o sacramento da Reconciliação apaga totalmente nossas culpas, mas nos deixa as penas, a serem reparadas por nossa penitência aqui, nesta terra, ou depois de nossa morte, no purgatório. Antes fazer penitência e unir nossos sacrifícios e sofrimentos ao de Cristo ainda aqui nessa terra que ter que padecer no purgatório.
É uma pena que hoje, atraídos pelos prazeres da vida, não demos à penitência seu justo valor, seja como intercessão, seja como reparação pelas penas dos nossos pecados e os dos nossos irmãos.
A Virgem lhes manda o terço rezar
A fim de alcançarem da guerra o findar
Segundo Joao Paulo II, o Rosário é a “escola de Maria”. Ao recitá-lo, unimos nosso coração ao dela, que está sempre unido ao nosso e ao do Filho. Dessa forma, pouco a pouco, a vamos imitando, tendo seus mesmos pensamentos e sentimentos, amando Jesus e os homens como ela os ama.
Se a Senhora nos aponta o grande poder da penitência, não nos deixa de apontar, também, o terço e o rosário como armas poderosas inclusive sobre a guerra. Talvez hoje a guerra que travemos não seja em nível mundial, mas certamente há, ainda, muitas guerras a evitar, muitos ânimos a aplacar, não somente entre os povos, mas especialmente entre pessoas de nossas famílias e em nosso interior. Por experiência própria e a nível comunitário, podemos testemunhar o extraordinário poder do rosário.
Vesti com modéstia, com grande pudor,
Olhai como veste a mãe do Senhor
Dos conselhos e orientações sobre como evitar ou acabar as guerras de todos os tipos, passamos a um conselho que, aparentemente, está fora de contexto, inclusive com relação aos outros versos da música. Ocorre que a modéstia e pudor no vestir-se denotam liberdade interior com relação ao que o mundo e a moda tentam nos impor. Essa liberdade, própria dos filhos de Deus, é também própria dos que promovem a paz, dos misericordiosos, dos pobres de coração, dos mansos, dos humildes, dos que têm os olhos no céu e por ele esperam. Está, portanto, intimamente ligada à paz e é sinal e conseqüência de uma vida voltada para Deus.
Com estes cuidados a mãe amorosa
Do céu vem os filhos salvar carinhosa
Jesus nos salvou por seu sangue derramado por amor. Maria “nos salva” levando-nos a fazer a vontade de Deus, levando-nos a poder usufruir das graças da salvação, as graças conquistadas para nós por Jesus Cristo. Seus conselhos e cuidados nos recolocam no caminho de seu Filho.
Neste mês de maio, recorramos ao terço, recitemos o rosário, sem esquecer a penitência como ato de amor a Deus. Através do terço, oração, entremos na escola de Maria, que tudo guardava em seu coração e que era toda somente de Deus. Vale à pena entrar para essa “escola” bendita, freqüentada por Jesus em sua vida terrena, contemplada por ele na sua glória, freqüentada por todos os santos e sempre aberta a novos discípulos.
Maria Emmir Nogueira
Retirado do Site da Comunidade Shalom
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