6º Domingo da Páscoa

Continuando o seu discurso de consolação aos discípulos, Jesus oferece aos que o amam a promessa da vida no Espírito e da sua própria presença no meio deles. O Espírito, chamado por Jesus de parákletos,reúne muitas explicações que se complementam: defensor, advogado, consolador, intercessor, fiador. Trata-se da realização de figura muito forte no Antigo Testamento, o goel, amigo dos pobres e desamparados. Da figura do goel, Jesus passa para outra imagem também muito expressiva, a da mãe atualizando as palavras do profeta: “Poderia a mãe se esquecer do seu filho? Ainda que ela esqueça, eu não me esqueceria de você”.

A relação da comunidade com o Ressuscitado possui, desta maneira, a estabilidade da relação padrinho-afilhado, mãe-filho, isto é, as relações estruturadas pelo amor. A fé na ressurreição não é um apostar no inimaginável ou no prodigioso, mas um desdobrar-se da força e da potência do amor, mediada pela prática dos mandamentos.

A partir deste domingo, ao mesmo tempo em que invocamos a vinda do Espírito prometido, somos chamados a crer na sua presença que age no mundo como dom permanente do Ressuscitado. Como diz um pai da Igreja, Cirilo de Alexandria, “Os que possuem o penhor do Espírito e vivem na esperança da ressurreição, como se já possuíssem aquilo que esperam, podem dizer que são pessoas espirituais... Já não vivem mais sujeitos à fraqueza da corrupção, porque finalmente chegou a justiça do Cristo”.

Na 1ª leitura, Filipe anuncia a Boa Nova de Cristo na Samaria. Pedro e João são os enviados da comunidade de Jerusalém para acolher os novos convertidos. Eles rezam e impõem as mãos, invocando o dom do Espírito Santo sobre a comunidade. A ação do Espírito rompe as fronteiras e une as comunidades no amor e na solidariedade. O salmista, ao lembrar as ações libertadoras de Deus, como na passagem pelo mar Vermelho, exclama: como são grandes vossas obras! A 2ª leitura acentua que Cristo sofreu a morte na existência humana, mas recebeu nova vida no Espírito. O testemunho da esperança em Cristo leva a transformação social, a manter a firmeza na fé, a praticar o bem em meio às adversidades.

Retirado da Revista de Liturgia

Nenhum comentário: