Comentário do Catecismo da Igreja Católica

45. O mistério da Trindade Santa poderia ser conhecido pela pura razão humana?

Deus deixou alguns vestígios do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser constitui um mistério inacessível à pura razão humana e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da vinda do Espírito Santo. Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios.


É bom ser sincero e verdadeiro, não se deve explicar o inexplicável, seria propaganda enganosa. O mistério da Santíssima trindade não é possível conhecer através da nossa inteligência humana. Ela não consegue alcançar e nem sequer imaginá-lo, foge à sua penetração. Como é possível entender que há um só Deus, mas são três pessoas iguais e distintas? Não é contra a razão, mas é incompreensível. Nós sabemos que existe a Santíssima Trindade porque Jesus Cristo, enviado pelo Pai, e o Espírito Santo nos revelaram este grande mistério de amor. É verdade que, como dizem os santos, entre eles o grande teólogo e místico Agostinho, em todas as coisas, olhando bem, encontraremos os “vestígios, sinais da Santíssima Trindade”, mas são sinais que fogem ao homem não acostumado às coisas divinas.

Mas a intimidade da Santíssima Trindade, o que ela é, não há como compreender, nem no Antigo nem no Novo Testamento, sem a revelação do Cristo Jesus. Diante deste grande mistério o que nos resta fazer é adorar com todo o nosso ser a grandeza de Deus. Em nenhuma religião encontramos o mistério trinitário. Podemos encontrar até uma “tríade de deuses”, que são mais importantes, mas não são um único Deus em três Pessoas iguais e distintas. É bom ter bem presente tudo isso, porque não vai ser o estudo da teologia que vai resolver. Aliás, seremos mais teólogos de verdade quanto mais formos homens e mulheres de fé. O teólogo não é anatomista de Deus, estudioso de Deus, mas um amante de Deus, um apaixonado que não pode ficar nem um minuto sem pensar em Deus e se esforçar para ser humilde e ser assim, mergulhado no mistério do infinito amor, que é fonte de tudo.

Os maiores teólogos da história foram, ao mesmo tempo, grandes pessoas de oração. A melhor escola para entrar no vivo deste mistério trinitário é a oração. Deus não é ciumento de sua grandeza e de seu segredo, ele gosta de se dar a conhecer e partilhar conosco todo seu amor e por isso nos enviou seu Filho unigênito, Jesus Cristo, para que nos revelasse a grandeza de um único Deus amor que se manifesta nas três diviníssimas pessoas da Santíssima Trindade. A palavra “trindade” não está presente nem no Antigo nem no Novo Testamento. Pela primeira vez a encontramos nos escritos de Tertuliano, no III século. Jesus nos fala do Pai (“Pai, te louvo”); nos fala do Espírito Santo (“enviar-vos-ei o Paráclito”). E nos fala de si mesmo: “eu, o Pai e o Espírito somos um”!
Frei Patrício Sciadini, ocd

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