Ascensão do Senhor

A liturgia da Palavra traz o relato daquilo que consta resumidamente no Símbolo Apostólico:“Subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir”.

O período das aparições de Jesus Ressuscitado serviu para reunir os discípulos na certeza de que Ele não ficou no sepulcro, mas está vivo.

Agora, são enviados em missão. A missão é anunciar a vida de Jesus aos judeus primeiro, e depois a todos os povos (At 1,8). Antes de Jesus partir, há um dialogo com os discípulos, que revela o quanto eles ainda não tinham compreendido o sentido do Mistério Pascal de Cristo. Eles esperavam o restabelecimento do Reino de Israel. Jesus, contudo, não quer renovar o reino de Davi. Ele, ao contrário, dá aos discípulos uma missão e uma promessa. A promessa é o Espírito Santo, em cuja força realizarão a missão: testemunhar Cristo até os confins da terra.

Merece destaque na narrativa dos Atos dos Apóstolos a nuvem que encobriu Jesus. Evoca, claramente, o momento da transfiguração do Senhor. Além disso, lembramos a anunciação a Maria, quando lhe foi dito que o poder do Altíssimo a cobriria com sua sombra (Cf. Lc 1,35). No Antigo Testamento, a nuvem é sinal da presença de Deus e acompanha o povo de Deus em sua travessia do deserto. “A afirmação sobre a nuvem é claramente teológica. Apresenta o desaparecimento de Jesus não como uma viagem em direção às estrelas, mas como a entrada no mistério de Deus” (RATZINGER, Josef. Jesus de Nazaré – da entrada em Jerusalém até a Ressurreição. São Paulo: Planeta, p. 253).

A segunda leitura e o Evangelho falam de Jesus, subindo ao céu, está agora sentado à direita de Deus, como rezamos no Símbolo Apostólico. Como compreender isso? “Deus não Se encontra num espaço ao lado de outros espaços. Deus é Deus. Ele é o pressuposto e o fundamento de todo o espaço existente, mas não faz parte dele. A relação de Deus com todos os espaços é a de Senhor e Criador. A sua presença não é espacial, mas, precisamente, divina, ‘Sentar à direita de Deus’ significa uma participação na soberania própria de Deus sobre todo o espaço” (RATZINGER, Josef. Jesus de Nazaré – da entrada em Jerusalém até à Ressurreição. Soa Paulo: Planeta, p. 253).

As leituras enfatizam que a Ascensão não é um distanciamento que rompe a presença de Deus entre nós. Pelo contrário, ela inaugura um novo modo de presença. Tanto é verdade que o Evangelho conclui afirmando que “o Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam” (Mc 16,20).


Diocese de Limeira

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