4º Domingo da Páscoa

Dentro do capitulo 10, sobre o pastoreio, temos a passagem do Evangelho de hoje, segundo João. Encontramos três subdivisões nesse texto, que Konings intitula: “O pastor exemplar (vv.11-18)”. Vejamos a estrutura do texto: “a) Eu sou o pastor exemplar e empenho a vida pelas ovelhas; o assalariado foge e deixa o rebanho dispersar-se (vv. 11-13); b) Eu sou o pastor exemplar e empenho a vida pelas ovelhas, e reúno as ovelhas também de outros lugares (vv. 14-16); c) o sentido profundo de empenhar (dar) a vida (v. 17-18)” (KONINGS, John. Evangelho seguindo ao – amor e fidelidade. São Paulo. Loyola, 2005, p. 204. Seguimos este exegeta na reflexão desta perícope).

Jesus se autoproclama o “Bom Pastor”. Os exegetas afirmam que a tradução exata do grego não seria “bom”, mas belo, nobre, valente adequado, acertado, exemplar, excelente. “Bom” não está aqui no sentido moral, mas no sentido de Jesus ser o pastor exemplar, como devem ser todos os pastores.

Jesus apresenta a diferença que há entre um pastor assalariado e ele: o assalariado não se importa com as ovelhas, porque elas não são suas; o pastor-proprietário depende das ovelhas para viver, não é nada sem elas.

O texto prossegue com a explicação da comunhão que há entre Jesus e as ovelhas, fundamentada na comunhão anterior: Jesus e o Pai. É por causa da comunhão com o Pai e com as ovelhas que Jesus empenha – dá, arrisca – sua vida por elas. E continua: o pastor exemplar não se preocupa apenas com as ovelhas que já estão perto, mas ele quer abranger todas. Temos, como no domingo passado, o tema do universalismo da salvação.

Fecha-se o texto com o tema de amor, que não é um amor simplesmente sentimental. A fonte do amor de Jesus é o Pai. O Pai ama Jesus; Jesus ama os que são do Pai ao ponto de entregar a sua vida por eles. Por isso fala da entrega livre que faz da própria vida.

O texto dos Atos dos Apóstolos mostra uma leitura em perspectiva cristológica da passagem de Isaías 28, 16: “por isso diz o Senhor Deus: ‘Colocarei no monte Sião uma pedra, pedra testada, pedra angular de valor, para alicerce seguro: quem nela confiar, não ficará abalado”. Também o Salmo de Hoje (117) fala da pedra que os pedreiros rejeitaram, e que se tornou agora a pedra angular (v.22).

Pedro faz o anúncio explícito da morte e Ressurreição de Cristo, rejeitado por Israel e ressuscitado por Deus. É nele que se encontra a salvação, e em nenhum outro.

Relacionando a primeira leitura com o Evangelho, vemos que Cristo, pela sua paixão – vida entregue pelas ovelhas – se torna a pedra que sustenta a salvação.

Pela fé em Jesus Cristo nos tornamos filhos de Deus. Isso é um presente de amor recebido do Pai. Além de sermos chamados assim, o somos de fato! É o que atesta a Primeira Carta de João. O amor de Deus em Cristo já nos dá uma identidade nova, mas ainda não totalmente manifesta neste mundo. Na parusia, quando Jesus se manifestar, nos veremos semelhantes a Ele, contemplando-o como Ele é.


Diocese de Limeira

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