3º Domingo da Páscoa

No Evangelho de Lucas (24,35-48), temos uma narrativa que ajuda a compreender a identidade de Jesus Ressuscitado. Ela está situada após o episódio da caminhada dos dois discípulos para Emaús, donde voltam correndo para anunciar à comunidade reunida o encontro com o Senhor vivo.
A própria ressurreição dá a identidade nova de Jesus, que foi difícil de ser assimilada pela comunidade de discípulos. Podem-se perceber dois momentos dessa perícope: os versículos 35-43 tratam da identidade corporal ou visível de Jesus; já em 44-48 temos o sentido da identidade plena de Cristo, a partir da sua ressurreição.
Jesus mesmo é quem se revela. Aliás, as aparições do Ressuscitado não podem ser provocadas, mas elas acontecem sempre por iniciativa d’Ele. Há uma ênfase em mostrar que Jesus não é um fantasma, como eles pensavam, já que Ele apareceu inesperadamente. E não esqueçamos que há pouco o tinham visto morto e sepultado, o que torna mais difícil crer que esteja vivo e presente ali entre eles.
Com a finalidade de esclarecer que não é um fantasma, Jesus mostra as marcas da cruz nas mãos e nos pés, o que ainda não diminuiu as dúvidas. Pediu, então, algo para comer. E comeu um pedaço de peixe assado que lhe deram. Um fantasma não poderia comer.
Vamos agora ao segundo momento da perícope, onde Jesus revela-se como cumprimento das Escrituras (Escrituras são o que nós designamos Antigo Testamento). O que se quer mostrar aqui é que o Mistério Pascal de Cristo é ponto alto para onde se conduz a história do Povo de Deus. Agora, pelo anúncio da morte e Ressurreição de Cristo e pela fé em seu nome, acontecem a conversão e o perdão dos pecados. Um elemento ainda: a destinação da salvação é universal, para todas as nações, a começar por Jerusalém.
O discurso de Pedro, relatado nos Atos dos Apóstolos, insere-se na mesma perspectiva. Lembremos que Lucas é o autor também desse livro.
Pedro mostra que quem agiu na Ressurreição de Jesus é o Deus de Israel, e que sua morte e Ressurreição são cumprimento das profecias antigas. Pedro atenua a culpa do povo, alegando a ignorância com a qual agiam. E aproveita para o principal: chamar à conversão, donde resultará o perdão dos pecados. Percebamos que a conclusão é semelhante à do Evangelho de hoje: todos são chamados à conversão.
O Salmo 4 é cantado em perspectiva cristológica: “compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo” (v. 4). Em alusão à Ressurreição de Cristo, pede-se no refrão que o Senhor faça brilhar sobre nós o esplendor de sua face.
A segunda leitura, da Primeira Carta de João, exorta a comunidade a corresponder ao amor de Deus em Cristo. Mostra Cristo como Defensor nosso junto do Pai. Ele que libertou-nos do pecado por sua morte, intercede por nós ao Pai. O autor recorda que conhecer Deus – que é praticamente sinônimo de “amar a Deus” – desemboca em viver os mandamentos de Deus. A verdade está em quem guarda a palavra de Deus e, vivendo-a, realiza em si o amor.

Diocese de Limeira

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