No primeiro
dia da semana, logo após o pôr-do-sol, a comunidade dos discípulos estava
reunida num ambiente bem protegido, por medo das autoridades dos judeus. No ar,
pairavam temor e insegurança. Talvez a notícia de Maria Madalena tivesse
chegado aos seus ouvidos, mas assim mesmo, estavam atemorizados.
Somente a
presença de Jesus poderia restituir alegria e garantir segurança. Superando os
limites do espaço, o Ressuscitado coloca-se no meio deles, desejando a todos a
paz e mostrando-lhes os sinais de seu amor e de sua vitória.
No
reencontro, o temor cede lugar à alegria. Superado o medo, o Senhor o saúda
novamente, enviando-os à missão. Sua paz os acompanhará no presente e no futuro,
em meio às provações do mundo. Para que dêem continuidade à sua missão, Jesus
confere aos seus escolhidos o alento de vida, o seu Espírito, que os capacita
para a missão.
O resultado
será constituir comunidades libertas e reconciliadoras, como testemunhas vivas
do amor gratuito e generoso do Pai. Todavia, haverá os que manifestarão sua
adesão a Jesus e outros que se refugiarão numa atitude de hostilidade.
Tomé, que era
um dos doze, não participa do encontro comunitário com o Ressuscitado. Ele ouve
o testemunho unânime de todos: “Vimos o Senhor!”. Mas não acolhe o testemunho
como prova suficiente para acreditar que Jesus esteja vivo. Ao contrário, exige
prova individual e extraordinária.
Alguém
poderia ver nisto uma atitude de teimosia. Ocorre que o encontro com o
Ressuscitado, que fundamenta a fé, realiza-se mediante a experiência do amor na
comunidade. Tomé estava ausente! Entretanto, oito dias depois, a comunidade
volta a se reunir e, agora, Tomé está presente.
O Senhor
reaparece para a alegria da comunidade e em seguida, dirige-se a Tomé
revelando-lhe seu amor nos sinais que traz nas mãos e no lado. O discípulo, sem
apelativos, reconhece o Ressuscitado e aceita-O, expressando sua adesão total:
“Meu Senhor e Meu Deus!”. É, porém, censurado por não crer no testemunho da
comunidade e exigir uma experiência individual.
Na verdade,
Tomé invertera a ordem, sem escutar os discípulos e sem perceber a nova
realidade criada pelo Espírito, queria encontra-se com o Jesus que conhecera na
caminhada. Todavia, encontra-se com o Senhor na experiência vivenciada pela
comunidade de fé. Tomé reconhece em Jesus o servo glorificado, acredita e
proclama: “Meu Senhor, e meu Deus”. Porém, felizes serão os discípulos que
acreditarão, sem terem visto (Evangelho).
A experiência
de amor da comunidade de fé no Senhor ressuscitado manifesta-se no espírito de
comunhão fraterna e na partilha dos bens. “Ninguém considerava propriedade
particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum”. Além disso,
“Entre eles ninguém passava necessidade”.
O encontro
com o Ressuscitado requer ruptura com as práticas egoístas e concentradoras,
que geram a exclusão, a fome e todo tipo de necessidades. A comunidade
alicerçada no amor fraterno e na partilha dos bens, constitui-se em testemunho palpável
da presença do Ressuscitado entre os seus discípulos ao longo dos tempos
(primeira leitura).
João sublinha
que, pela fé em Cristo, os batizados tornam-se filhos de Deus e, portanto,
irmãos uns dos outros. Não se pode querer amar a Deus, sem amar aqueles de quem
ele é Pai. O sinal que atesta a caridade fraterna (o amor aos irmãos) é a
observância dos mandamentos de Deus (segunda leitura).
Diocese de
Limeira
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