Dentro de qualquer projeto de evangelização, a família cristã deve
ocupar um espaço privilegiado. Muitas são as famílias esperando pelo evento
salvífico de Jesus Cristo. Abrir as portas e os corações dos casais e famílias
afastados da comunidade eclesial à proclamação do Evangelho é um desafio e um
compromisso do qual não se pode fugir.
A missão evangelizadora é de todo o Povo de Deus. “Evangelizar
constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda
identidade. Ela existe para evangelizar” (EN, 14). A evangelização, contudo,
encontra seu primeiro foco ou centro de irradiação na família: ela é ao mesmo
tempo sujeito e objeto de evangelização (cf. Puebla, 569).
Olhando para a realidade da família hoje e para os “novos tipos” de
família que vão surgindo, urge uma radical transformação no modo de
evangelizá-las. Meios utilizados em outros tempos para o anúncio de Jesus
Cristo já não alcançam a mesma eficácia de antes. Até a família, chamada a
transmitir a fé e os valores perenes, já não possui o mesmo fôlego de outras
épocas para cumprir esta missão indispensável. “A mudança de época exige que o
anúncio de Jesus Cristo não seja mais pressuposto, porém, explicitado
continuamente” (Doc. 94 – CNBB, n. 39).
Uma efetiva iniciação à vida cristã começa já no seio materno. Ao
transmitir a vida a um filho, o amor conjugal produz uma pessoa, nova,
singular, única e irrepetível. Neste momento começa para os pais o “ministério”
da evangelização (cf. Puebla, 584).
No coração do anúncio está Jesus Cristo, professado e testemunhado. A
família transmite a fé que vive. Os pais não podem transmitir aquilo em que não
acreditam e que não vivem. Não se pode transmitir o Evangelho, se na base não
houver o desejo de viver com Jesus, no Espírito, a experiência do Pai.
Para educar os filhos na fé e ajudá-los a conhecer Jesus Cristo,
fascinar-se por Ele e optar por segui-Lo, é necessário que os pais façam a
experiência do encontro pessoal com Cristo.
Portanto, transmitir a fé significa, sobretudo, transmitir o Evangelho
que permite conhecer Jesus Cristo, Filho de Deus. Ao exercerem esta missão, os
pais deveriam interrogar-se continuamente sobre a qualidade da sua fé, sobre o
modo de serem cristãos, de serem discípulos de Cristo enviados a anunciá-Lo à
sua família e à sociedade.
No interior de uma família que tem consciência desta missão, todos os
seus membros evangelizam e são evangelizados. Assim sendo, a família cristã é a
primeira comunidade chamada a anunciar o Evangelho à pessoa humana em
crescimento e levá-la, através de uma catequese e educação progressiva, à
plenitude da maturidade humana e cristã.
Imagem da família divina, a família cristã procura imitar a família de
Nazaré, lugar onde crescer em sabedoria e graça de Deus (cf. Lc 2, 40), onde
fortalecer a fé, a esperança e o amor, onde criar espaço para a oração e o
diálogo, onde a fraternidade aconteça e a dignidade de todos seja respeitada.
Convido as famílias cristãs a render graças a Deus pela evangelização
recebida e, ao mesmo tempo, a que prossigam com entusiasmo na missão de
evangelizar. Os esposos evangelizando-se mutuamente, os pais evangelizando os
filhos, os filhos evangelizando os pais; enfim, famílias inteiras evangelizando
outras famílias com renovado ardor missionário e apostólico.
Jesus, Maria e José, abençoem as famílias, fortalecendo-as na coragem de
ousar novos caminhos na transmissão da fé.
Dom Nelson Westrupp,
scj
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