15º Domingo do Tempo Comum

O Evangelho de Marcos situa-se no bloco 6,6b-8,26, no qual termina a primeira parte da obra do evangelista. Jesus, o Messias e Filho de Deus (1,1), enviado para proclamar a Boa Notícia do Reino de Deus (1,14-15), toma a iniciativa de convocar discípulos para participar de sua vida e missão (1,16-20; 13-14). Os “doze” representam a comunidade dos discípulos e discípulas, chamados a uma adesão radical a Jesus para ser missionários a serviço do seu Reino.

Os doze discípulos, chamados para viver em comunhão com Jesus, anunciar a Boa-Nova e expulsar os demônios (3,13-19), agora são enviados “dois a dois”, revestidos com a força do Espírito para libertar do mal (6,7). O apoio mútuo, e a vida fraterna em comunidade garantem o êxito da missão, iniciada por Jesus, ao expulsar um espírito impuro (cf. 1,21-28). Os discípulos são instruídos a “que não levassem nada pelo caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro à cintura; mas que calçassem sandálias e não usassem duas túnicas” (6,8-9).

O desprendimento, o espírito evangélico de pobreza, a confiança em Deus liberta para o serviço ao Reino na gratuidade. O cajado e as sandálias facilitam a viagem (cf. Ex 12,11), o longo caminho a ser percorrido. O acolhimento, a hospitalidade favorece o trabalho dos missionários, que costumavam “permanecer numa casa até a partida” (cf. 6,10), até a formação da comunidade. A urgência do anúncio leva a não parar no caminho, por causa dos que rejeitam a Boa-Nova de Jesus. O gesto simbólico de “sacudir a poeira dos pés” remete também ao momento do retorno dos israelitas ao país, após a visita a uma terra estrangeira.

Os discípulos compartilham a missão de Jesus, a proclamação do Reino de Deus através de palavras e ações. Eles “pregavam que era necessário converter-se, expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo” (cf. 6,12-13). Como haviam acompanhado Jesus, que curava impondo as mãos (cf. 6,5), aprendem que a unção com óleo e a experiência da fé libertam a pessoa integralmente. Segundo Tiago (5,14), os doentes eram curados através da oração e da unção com óleo em nome do Senhor.

A leitura do profeta Amós apresenta a vocação como iniciativa dão amor de Deus. Amós, que era pastor e agricultor em Judá “vaqueiro e cultivador de sicômoros” (cf. 7,14), foi chamado por Deus para exercer o ministério no reino do Norte (Israel), no séc. VIII a.C. Amasias era o sacerdote encarregado do Santuário de Betel, lugar sagrado de culto e encontro com Deus (cf. Gn 35,1-8; Jz 20,26; 21,2).

Amós, conhecido como o “profeta da justiça social”, criticou a religião que era controlada pelo rei, e toda forma de injustiça e corrupção dos poderosos. Como verdadeiro profeta, enviado por Deus, anunciou a Palavra, impelindo o povo a voltar para o caminho da salvação. Amós entrou em conflito com Amasias, o sacerdote oficial que administrava o templo, aliados aos interesses do rei.

O Salmo 84 (85) é uma oração comunitária de súplica que manifesta a esperança na salvação e na restauração plena do povo. “Amor e fidelidade, justiça paz” são os alicerces que proporcionam a verdadeira renovação. O Senhor acompanha a história, sustentado o povo na difícil missão de reconstituir o país na volta do exílio.

A leitura da carta aos Efésios é um hino litúrgico que começa com uma exclamação de louvor “bendito seja”, fórmula comum em orações (cf. Tb 13,1; 1Pd 1,3). Bendize e louva ao Pai, glorificado por tudo o que fez por seu povo em Cristo e por Cristo. O projeto salvífico do Pai foi manifestado plenamente através do Filho Jesus e continua agindo no mundo pela ação do Espírito Santo.

Deus, em seu grande amor, nos escolhe desde a eternidade para sermos filhos (1,3-6). Seu desígnio salvífico, na plenitude dos tempos, realizou-se na vida e entrega de Cristo que nos redimiu, oferecendo–nos a graça par trilharmos o caminho da vida nova (1,7-12). A salvação torna-se uma realidade presente por meio do Espírito Santo da herança futura (1,13-14).


Diocese de Limeira

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