O Evangelho de Marcos apresenta o episódio da vinda Jesus a
Nazaré, sua pátria, onde a incredulidade contrasta com a fé expressa nos
milagres anteriores, com o reconhecimento de seu poder de ressuscitar até os
mortos (4,35-5,43). Nazaré era uma aldeia da Galileia (1,9), pequena e
insignificante (Jo 1,46). O ensino de Jesus a serviço da vida plena é acolhido
por muitas pessoas, mas também rejeitado por outras.
Ao chegar o “sábado”, Jesus começou a ensinar na sinagoga. Suas
palavras suscitam admiração nos ouvintes: “De onde lhe vem isso? Que sabedoria
é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas mãos?” (6,2). Em
1,21-28, os que haviam escutado a Palavra de Jesus, acompanhada da ação
libertadora em favo da pessoa com espírito impuro, reconhecem o ensinamento
novo de Jesus. Em 3,1-6, os grupos dominantes começam a tramar a morte de
Jesus, após a cura da pessoa com a mão paralisada, na sinagoga, em dia de
sábado.
O ensino de Jesus revela que Ele é o Messias Servo, enviado pelo
Pai para oferecer a vida em plenitude. Muitas pessoas não reconhecem a presença
de Deus no “carpinteiro, o filho de Maria“ (6,3), pois esperavam um Messias
poderoso, triunfalista. Jesus afirma que “um profeta só não é valorizado na sua
própria terra” (6,4). A consequência da atuação de Jesus é a mesma dos profetas
perseguidos e mortos (Cf. Mt 23,29-36). A falta de acolhimento a Jesus, Cristo
e Filho de Deus, prefigura sua rejeição extrema que culminará na cruz. Crer é a
condição para pertencer à nova família de Jesus, à nova comunidade formada ao
redor d’Ele e de sua Palavra e ação.
Por causa do ambiente geral de rejeição e incredulidade, Jesus
realizou apenas alguns milagres de cura. A incompreensão dificulta o
reconhecimento dos sinais de salvação realizados por Jesus, o filho de Maria, o
trabalhador que cresceu em Nazaré junto com familiares, amigos e conhecidos. A
adesão a Jesus proporciona a cura, a descoberta da novidade radical do Reino de
Deus que Ele anunciava. “Jesus se admirava da incredulidade deles” (6,6), mas
continuava proclamando a Boa-Nova do Reino nos povoados da região.
A leitura do profeta Ezequiel é parte da missão que Deus confia
ao profeta em 2,1-3,15. Ezequiel está “caído no chão” (Cf. 1,28), prostrado
como o povo exilado na Babilônia. Porém, ele se deixa mover pelo Espírito do
Senhor, que o coloca em pé, em atitude de prontidão. Assim, ele ouve a voz de
Deus que toma a iniciativa do chamado e o e o envia a anunciar sua Palavra aos
israelitas.
Ezequiel, como outrora Jeremias (Cf. Jr 7,24), recebe a missão
de falar em nome de Deus a um povo rebelde. O êxito é garantido pela força da
Palavra do Senhor que, mesmo rejeitada, realiza o objetivo: “Quer te escutem,
quer não – saibam que houve um profeta entre eles” (2,5). Deus não abandona o
povo, não obstante suas infidelidades. Ao longo da história Ele envia profetas
para conduzi-lo no caminho da aliança.
O Salmo 122 (123) é uma súplica confiante que convida a
“levantar os olhos” para o Senhor em meio às aflições, ao desprezo e às
humilhações. Como os romeiros, o salmista mantém os olhos fixos em Deus
enquanto caminha e espera a salvação diante dos poderosos e opressores.
A leitura da Segunda Carta aos Coríntios integra a última parte
da carta (10,1-13,10), que ressalta a força de Deus manifestada na fraqueza,
como na cruz de Cristo. O “espinho na carne” (12,7) recorda especialmente o
sofrimento de Paulo em meio às adversidades enfrentadas na evangelização.
Assim, ele testemunha a força da ressurreição do Senhor através das fadigas do
apostolado.
“Por causa de Cristo”, Paulo sofreu humilhações, necessidades
perseguições, angústias. O caminho de identificação com Jesus leva a reconhecer
que “quando somos fracos, então é que somos fortes”. O êxito da missão é
assegurado pela confiança no Senhor: “Basta-te a minha graça, pois é na
fraqueza que a força manifesta todo o seu poder” (12,9). A presença do Senhor
fortalece o ministério apostólico de Paulo, como outrora o de Jeremias (cf. Jr
15,20-21).
Diocese de Limeira
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