6º Domingo do Tempo Comum

A 1ª Leitura, afirma a liberdade humana diante da proposta de Deus: “se você quiser” observar os mandamentos, eles guardarão você; “se quiser” confiar em Deus, você vai ver. Deus deu-lhe a capacidade de escolher entre o fogo e a água, entre a vida e a morte, o bem e o mal. Você receberá o que preferir. A sabedoria de Deus é imensa. Ele é forte e bondoso e tudo vê. Deus tem cuidado de quem o teme e conhece nossas obras. Ele não nos mandou agir erradamente e não nos dá licença de pecar.

Na 2ª Leitura, São Paulo, fala da misteriosa sabedoria de Deus, que os foi revelada através do Espírito.

No Evangelho, continuamos ouvindo o sermão da montanha, no qual Jesus ensina o que está na origem do Reino de Deus. Ele não veio abolir a lei e os profetas, mas veio dar-lhes pleno cumprimento. Para Jesus, as Sagradas Escrituras devem ser integralmente cumpridas. Quem compreender isto e assim ensinar será grande no Reino de Deus, mas quem fizer o contrário será o menor.

O contexto em que o primeiro evangelho surgiu é aquele após a destruição de Jerusalém e do templo pelo império romano. Os grupos existentes no judaísmo (saduceus, zelotas e essênios) haviam sido dizimados. Das ruínas materiais e da crise espiritual emerge um grupo fariseu que unifica o judaísmo normativo, excluindo qualquer pluralismo.

A comunidade do evangelho de Mateus é constituída por judeus que reconheceram Jesus como o Messias. A rejeição aos cristãos vai se intensificando, até tornar-se oficial na assembléia de Jamnia, entre os anos 85 a 90 d.C. Os judeu-cristãos são expulsos formalmente das sinagogas.

O trecho do evangelho que ouvimos hoje expressa bem a tensão existente entre os cristãos e os fariseus. Para quem segue Jesus ressuscitado, a prática da justiça é fundamental, Jesus fala com uma autoridade que está acima dos mestres do judaísmo. Jesus cumpre a lei e os profetas em seu sentido profundo.

O reinado de Deus é a meta. Quem pertence a esse reinado do Senhor tem que superar a prática da justiça dos letrados e dos fariseus. Jesus expõe sua posição diante da lei tradicional, indo além, exigindo atitudes interiores, conversão profunda, na forma reiterada: “foi dito” – “eu vos digo”. A lei de Jesus supera a lei de Moisés que é, ao mesmo tempo, lei religiosa e civil.

Nos versículos 21-26, sobre o homicídio, radicaliza-se a atitude interior de onde brota a violência de matar e se estendem as ofensas menores – xingamentos, insultos, desprezo, rancor, inveja – que podem levar ao homicídio. Há uma hierarquia para o castigo: tribunal local, conselho nacional, o próprio Deus, com o castigo escatológico do fogo.

Do preceito negativo de “não matar” estende-se a exigência positiva da reconciliação, antes da participação no culto. Os versículos 27-30 são sobre o adultério sua proibição sob pena de morte.

A nova lei atinge a atitude interior de desejo consentido que entra pelos olhos e pelos outros sentidos e membros. Novamente é lembrando o fogo escatológico como castigo. Os versículos 31-32 falam do divórcio concedido ao homem. Jesus se opõe à lei e à sua legalidade. Os versículos 33-37 falam sobre o juramento.

Entre os irmãos cristãos, a sinceridade deve ser tal que inutilize todo juramento: “Sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem com outro juramento qualquer. O vosso sim seja sim, e o vosso não, não. Então não estareis sujeitos a julgamento.” O juramento era procedimento legal e prática religiosa admitidos e respeitados. No juramento, se oculta a desconfiança na palavra humana; o juramento busca o respaldo de uma instância superior. Não se deve colocar Deus em meio a nossas questões humanas.


Diocese de Limeira

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