Fim de ano, tempo de recomeçar!

Há um clima diferente no ar. As despedidas do ano que termina e as expectativas para o ano vindouro nos contagiam. Seja pobre ou seja rico, adultos ou crianças, todos nós acabamos nos envolvendo nesta atmosfera de luz e festa. Parece que o amor e a paz, que emanam do presépio, atingem de cheio cada coração; até mesmo os mais fechados ou indiferentes à fé tornam-se generosos. Por isso, é uma época própria para confraternizações, revisão de vida, sonhos e esperança. É um tempo favorável ao amor, à partilha do que temos e, mais ainda, do que somos. Momento oportuno também para dar e receber o perdão, condição essencial para quem deseja um coração livre e, consequentemente, uma vida nova no ano que se aproxima.

É ainda época propícia para agradecermos a Deus por todos os benefícios que Ele nos concedeu durante o ano que termina; e apoiados nos sinais do Seu amor, é tempo de encontrarmos forças para acolhermos o ano novo cheios de esperança.

Agradecer é um gesto nobre e, cada vez mais, necessário em nossos dias. É de Deus que recebemos tudo que temos, desde a vida ao alimento, a saúde, a força e a inteligência para trabalhar; o ar que respiramos, o nascer e o por do sol, a beleza da natureza. Enfim, “em tudo isso há a mão de Deus”. Por isso, louvor e gratidão a Ele, Autor de todo bem!

Mas também é preciso agradecer às pessoas! Para sermos mais felizes, precisamos reconhecer quem realmente somos e isso nos leva a perceber que sozinhos dificilmente chegamos à realização, já que nossa vida está entrelaçada com a vida de milhares de pessoas por este mundo afora.

Portanto, neste clima de celebração, dar um abraço e olhar nos olhos daqueles que dedicam sua vida para nosso bem-estar, talvez tenha muito mais sentido do que enviar um cartão ou até mesmo um valioso presente.

Conheço uma senhora que, anos atrás, em um tempo como este, desabafou comigo: “Ganhei muitas coisas dos meus patrões neste fim de ano, cesta de Natal com vinho e panetone e até me deram um perfume. Mas de que adianta? Trabalhei até tarde, todos os dias, e eles nem me disseram obrigada; nem se quer me desejaram Feliz Ano Novo. Isso para mim seria mais importante do que presentes”.

Já faz um tempo que ouvi isso, mas até hoje me recordo do ar de tristeza que envolvia aquela senhora. Por isso, fiquemos atentos aos nossos gestos. Na verdade, o ser humano tem sede de amor, de reconhecimento, de afeto, de olhos nos olhos e palavras de incentivo; e isso não se compra com dinheiro, mas se dá, gratuitamente, e se transmite nos pequenos acontecimentos do dia a dia.

Que bom saber que o ano novo se aproxima e nos dá uma nova chance de acertar! Reconhecer nossos limites já é um bom começo de uma vida nova. Afinal, depois dos festejos, a vida nos desafia a seguir viagem e nossas escolhas serão determinantes. Quem deseja recomeçar com leveza e paz, por exemplo, deve ser mais humilde e deixar muito peso para trás de si mesmo, optando pela novidade de cada dia. O homem que não se renova, perde-se, infantiliza-se, sente-se pesado e se cansa com pouca coisa.

É claro que o passado tem seu valor, mas não podemos nos prender a ele. Se o que aconteceu foi bom, ótimo, lembremos com gratidão. Mas se não foi como desejávamos, devemos entregar nossas dores e decepções a Deus e não tentarmos carregá-las como se fossem um fardo em nossas costas.

Lembremo-nos que nossa vida não termina aqui. Nascemos para o alto e, neste mundo, tudo é passageiro. Portanto, entre um ano que termina e outro que começa, caminhar é preciso. Quando faltar forças, caminhe devagar, mas não pare. Por onde for, procure levar o essencial e mantenha seu olhar fixo na meta, lá no alto, mesmo que permaneça com os pés no chão.

Se achar necessário, pare um pouco e pense sobre sua vida. Não tenha medo de reconhecer os erros e acertos; acima de tudo, lute para dar a vitória ao amor. Só é feliz quem ama.

Deixe o ano que termina levar tudo que é dor, solidão, mágoa e ressentimento. Leve para o ano novo somente o que é bom, justo e nobre. Soluções, respostas, abraços, sorrisos, liberdade, justiça, amor, paz e esperança. Tenha certeza: o mundo será melhor com sua colaboração!

Se começar o ano com gratidão, confiança na misericórdia de Deus e cheio do Espírito Santo, com o coração livre de todo apego às coisas vans e dispostos a amar mais do que ser amado, certamente seu ano será sempre novo e sua vida será mais feliz de janeiro a dezembro.

Que assim seja! Uma feliz vida nova para todos nós!

Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção Nova

Sagrada Família

A Sagrada Família, imagem modelo de toda a família humana, ajuda cada um a caminhar no espírito de Nazaré

Se o Natal tiver sido ao domingo; não tendo sido assim, a Sagrada Família celebrar-se-á no domingo dentro da Oitava do Natal.

Da alocução de Paulo VI, Papa, em Nazaré, 5.1.1964:

O exemplo de Nazaré:

Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde e tão bela. Talvez se aprenda também, quase sem dar por isso, a imitá-la.

Aqui se aprende o método e o caminho que nos permitirá compreender facilmente quem é Cristo. Aqui se descobre a importância do ambiente que rodeou a sua vida, durante a sua permanência no meio de nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo o que serviu a Jesus para Se revelar ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem sentido. Aqui, nesta escola, se compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do Evangelho e ser discípulos de Cristo. Quanto desejaríamos voltar a ser crianças e acudir a esta humilde e sublime escola de Nazaré! Quanto desejaríamos começar de novo, junto de Maria, a adquirir a verdadeira ciência da vida e a superior sabedoria das verdades divinas!

Mas estamos aqui apenas de passagem e temos de renunciar ao desejo de continuar nesta casa o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. No entanto, não partiremos deste lugar sem termos recolhido, quase furtivamente, algumas breves lições de Nazaré.

Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados por tanto ruído, tanto estrépito e tantos clamores, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo. Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor de uma conveniente formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê.

Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social.

Uma lição de trabalho. Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano; restabelecer a consciência da sua dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este teto, que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos econômicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre. Daqui, finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande Modelo, o seu Irmão divino, o Profeta de todas as causas justas que lhes dizem respeito, Cristo Nosso Senhor.

João Paulo II, na Carta dirigida à família, por ocasião do Ano Internacional da Família, 1994, escreve:

A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou que a santidade é a vocação universal dos batizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época não faltam testemunhas do “evangelho da família”, mesmo que não sejam conhecidas nem proclamadas santas pela Igreja…

A Sagrada Família, imagem modelo de toda a família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida! Maria, Mãe do amor formoso, e José, Guarda e Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção.

Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós!

Estejamos sempre a serviço de Deus

Os pais de Jesus, ainda no templo, encontraram-se com a profetiza Ana, uma viúva que, com mais de oitenta anos, dia e noite estava no templo servindo a Deus. Que beleza! Mesmo com a idade avançada, na velhice, seu coração era temente ao Senhor.

Ana chegou em sua velhice com o coração em paz, em Deus, porque assim ela foi em sua infância, mocidade e toda a sua vida. Era mais que justo que, nessa idade, também fosse toda de Deus.

Não importa a idade em que você esteja, importa é que em toda a sua vida você se dedique a servir a Deus. Crianças, jovens, adultos, idosos; não importa a idade, todos podem servir a Deus no estado em que se encontram.

Dois extremos da vida
É interesse vermos que, naquele templo, encontravam-se dois extremos da vida: Jesus era ainda uma criança, um bebê sendo apresentado no templo para estar a serviço de Deus; o velho Simeão e Ana estavam no outro extremo da vida, já com a idade avançado, mas ainda servindo ao Senhor.

Com a mesma força em que acreditamos numa criança na infância, também acreditamos no idoso; com o mesmo amor que defendemos a vida de uma criança, defendemos a vida do idoso. Queremos a vida em toda a sua plenitude, a serviço do bem e de Deus!

A importância de servir a Deus
É tão valiosa a vida do idoso como a da criança. É tão valiosa a nossa vida desde a nossa concepção, o nascimento até o último instante. É tão precioso servir a Deus já desde criança! Por isso é uma bênção ver nossos bebês sendo levados ao templo, não só para serem batizadas, mas para que cresçam e se acostumem às coisas de Deus.

Façam isso, mãe e pai, permitam que seus filhos cresçam tendo gosto pelas coisas do Senhor, para que, na idade avançada, como Ana e Simeão, estejam também a serviço do Pai.

Que nossas crianças cresçam como Jesus: fortes, cheias de sabedoria e graça diante de Deus e dos homens; e que essa graça esteja sempre com nossos filhos e nossas crianças!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Que a admiração por Jesus cresça em nosso coração

Simeão estava no templo servindo a Deus, e a grande alegria do seu coração foi receber o Menino Jesus em seus braços. Louvou, exaltou e conheceu a grandeza do amor divino que se manifestava na vida daquela criança. Simeão é aquele que acredita, contempla e toma posse do que Deus prometeu.

Precisamos acreditar
A primeira coisa: precisamos acreditar e deixar que a fé seja a virtude a conduzir os nossos passos. “Eu hei de ver a glória do Senhor”, assim canta o Salmista. (Salmo 26)

Todos nós, movidos pela fé, não seremos decepcionados!

Uma vez que acreditamos, precisamos contemplar. Simeão pegou o Menino Jesus nos braços, se admirou, se alegrou e contemplou aquela beleza divina. Contemplemos a beleza divina de Deus entre nós!

Como Jesus se faz presente entre nós?
Jesus está entre nós na Eucaristia, por excelência, em Sua Palavra Viva, nos pobres, nos doentes, nos enfermos. Ele está entre nós quando o amor reina em nós!

Não sejamos indiferentes às visitas, às formas maravilhosas de Deus se manifestar no meio de nós. Uma vez que contemplamos, então engrandecemos o Deus maravilhoso que se faz presente entre nós.

Neste tempo de graça que é o Natal, tempo, acima de tudo, de contemplar as formas de Deus se fazer presente em nossa vida; é tempo de meditar, de assumir, de nos maravilhar, porque não estamos sozinhos, Deus está conosco!

Os pais de Jesus, Maria e José, estavam admirados por tudo que diziam a respeito Dele. Deixemos a admiração crescer em nosso coração pelas palavras que vêm da boca de Jesus e por tudo aquilo que dizem a respeito d’Ele, para que a nossa vida resplandeça esse amor de Deus encarnado no meio de nós.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Domingo da Sagrada Família de Jesus

A leitura de Eclesiástico, iluminada pelo quarto mandamento: Honrar pai e mãe (Ex 20,12; Dt 5,16), mostra que o respeito e a compaixão com os pais, faz ajuntar tesouros, obedecer ao Senhor. 

O salmo proclama felizes os que seguem os caminhos do Senhor.

A leitura aos Colossenses, numa sociedade marcada por desigualdades, aponta para o testemunho centrado na caridade, que é o vínculo da perfeição.

Os pais de Jesus, como todos os judeus piedosos e observantes da Lei, peregrinavam a Jerusalém nas principais festas: Páscoa, Pentecostes e Tendas (Dt 16, 16). O menino, próximo ao aniversário de treze anos, comprometia-se a observar os mandamentos através da festa do bar mitzvá (= filho do mandamento). Como a peregrinação era feita em grupos, Maria e José pensavam que Jesus estivesse com outras crianças e adolescentes. A permanência de Jesus em Jerusalém, no templo, a procura aflita de Maria e José prefiguram o mistério da Páscoa.  Três dias depois encontraram Jesus no templo, sentado em meio aos doutores, escutando-os e fazendo-lhes perguntas.  Os que ouviam Jesus ficavam maravilhados e sua mãe, ao vê-lo, lhe disse: Filho, por que agiste assim conosco? Jesus expressa a sintonia com a vontade do Pai: Não sabiam que devo estar ocupado com as coisas de meu Pai? Eles não compreenderam a palavra, assim como os discípulos diante do anúncio da paixão (18,31-34). A missão de Jesus, que revelará a comunhão com o Pai até a cruz, só pode ser acolhida na fé, como Maria que guardava todas as coisas em seu coração. Jesus de Nazaré crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens. Na existência humana, o Filho único de Deus se revela como a própria Sabedoria, a manifestação plena da vontade divina (7,35; 11,31).
 
Jesus veio morar conosco, na realidade humana de uma família, para nos ensinar a viver o amor filial ao Pai, testemunhado nas relações fraternas e no serviço solidário. Num mundo onde a lógica conduz sempre mais ao individualismo consumista, é mais que oportuno apostar na força da comunidade, seja na família, seja em qualquer outra forma de convivência humana.

Reunidos, louvamos a Deus pela encarnação de seu Filho Jesus no seio de uma família humana. Celebrando o mistério pascal de Cristo, que o Espírito nos faça superar as diferenças, para que possamos crescer na sabedoria até chegarmos à maturidade de Corpo de Cristo.

Revista de Liturgia

Sejamos perseverantes na fé

No primeiro dia da Oitava do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, celebramos o primeiro mártir, a primeira testemunha fiel, com vida e sangue, que testemunhou o seu amor a Jesus. Santo Estêvão teve sua vida transformada e iluminada pela Palavra e pela vida de Cristo.

Cristo nos transforma
Quando celebramos o Natal de Jesus, não celebramos ou recordamos apenas mais um fato histórico tão importante para a vida de tantas pessoas na humanidade. O que celebramos, na verdade, é a presença transformadora na vida de tantos seres humanos. Cristo nos transforma de pagãos em cristãos, de homens e mulheres velhas em criaturas novas. A presença do Cristo faz diferença na vida das pessoas.

O exemplo de Santo Estêvão
Santo Estêvão é um homem cheio do Espírito Santo, e Cristo é a razão maior de sua vida. Não foi a perseguição, as dificuldades nem as tribulações que tiraram sua vida. Pelo contrário, até a sua própria vida deu por amor a Jesus Cristo; morreu da mesma forma como viveu: glorificando a Deus naquilo que acreditava, entregou sua vida ao Senhor e a sua morte também pertencia a Ele. Por isso, hoje, exaltamos a testemunha fiel, exaltamos Santo Estêvão, que é o primeiro entre milhões e milhões que virão depois seguir Jesus e dar a vida por Ele.

Celebramos, no dia de hoje, tantos cristãos martirizados e perseguidos por causa da fé, porque amam o Cristo Jesus. Queremos pedir a fortaleza, o ânimo, a têmpera que movia o coração de Santo Estêvão, para nos ajudar a sermos perseverantes na fé, no seguimento a Jesus Cristo e a deixarmos irradiar por toda a nossa vida o amor de Cristo que um dia nos alcançou.

Que Santo Estêvão, testemunha fiel do amor generoso de Deus, ajude-nos também a testemunharmos Jesus com toda a nossa vida até a morte!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

O que é preciso para ser feliz?

O que é preciso para ser feliz? Será que as pessoas vão ao extremo para alcançar essa tal felicidade?

“A nossa vida não deve ser caracterizada por inquietações que geram ansiedades, mas sim pela fé que produz felicidade” (Charles H. Spurgeon).

Objetivo a ser alcançado em todos os tempos, a felicidade só agora começa a ser estudada pelas ciências sociais. As pessoas, no mundo ocidental, apesar da afluência econômica, não se tornaram mais felizes nos últimos 50 anos. Muitas ficam ricas, trabalham mais, vivem mais tempo e são mais saudáveis. Contudo, não estão mais satisfeitas. Hoje é possível medir esse grau de insatisfação, pois a psicologia econômica, disciplina só agora sistematizada, conseguiu resultados qualitativos muito interessantes, revelados recentemente no estudo de Richard Layard com o título “Happiness: has social science a clue?”.

Na sociedade em que estamos vivendo, terrivelmente alienada, superficial, digital, consumista e competitiva, é possível ter muito mais e não ser feliz. Por mais que consigamos, estamos sempre infelizes e insatisfeitos, porque as coisas terrenas não saciam os nossos desejos.

O filósofo e escritor latino Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) disse: “Se não estou satisfeito com o que tenho, mesmo se possuísse o mundo, ainda me sentiria na miséria!”

Deus preenche os vazios do ser humano

Só Deus realiza os mais profundos e insaciáveis desejos do ser humano. Afirma com categoria São Bernardo de Claraval (1090 –1153): “Deus fez de ti um ser de desejo, e o teu desejo é o próprio Deus”.

Há alguns anos, perguntou-se às pessoas na França, na Alemanha, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos: “O que é preciso para ser feliz?”. Dentre os entrevistados, 89 por cento disseram que isso requer boa saúde; 79 por cento mencionaram a satisfação no casamento ou na vida em comum; 62 por cento salientaram as recompensas da paternidade e da maternidade; e 51 por cento citaram uma carreira bem-sucedida. Embora a sabedoria popular diga que o dinheiro não garante a felicidade, 47 por cento dos interrogados estavam convencidos de que ele a garante. O que os fatos revelam?

Será que algumas pessoas vão ao extremo para conseguir a felicidade?

Primeiro, note o suposto vínculo que há entre o dinheiro e a felicidade. Uma pesquisa feita entre as cem pessoas mais ricas nos Estados Unidos mostrou que elas não eram mais felizes do que as outras em geral. Além disso, embora muitas delas quase tenham dobrado o seu patrimônio nas últimas três décadas, não são agora mais felizes do que antes, segundo os peritos em saúde mental. Na realidade, um relatório informou: “No mesmo período, os casos de depressão dispararam. O suicídio de adolescentes triplicou. O número de divórcios dobrou”.

Em cerca de 50 países diferentes, pesquisadores que estudaram a relação entre o dinheiro e a felicidade chegaram à conclusão de que não se pode comprar a felicidade.

Que relação importante com a felicidade têm fatores como boa saúde, casamento feliz e carreira bem-sucedida? Será que algumas pessoas vão ao extremo para conseguir a felicidade?

Então qual o caminho para ser feliz?

O filósofo Eric Hoffer chegou à conclusão de que sim ao afirmar que: “A procura da felicidade é um dos principais motivos da infelicidade”. Isso certamente é verdade quando procuramos a felicidade nos lugares errados. O lugar certo é o coração do ser humano. O caminho é Jesus Cristo, e a riqueza é a Palavra de Deus.

Disse Santo Agostinho de Hipona (354 – 430), teólogo, filósofo e doutor da Igreja: “A procura de Deus é a procura da felicidade, o encontro com Deus é a própria felicidade”. Para Deus, pois, é mister orientar todas as nossas ações e pensamentos. Conhecê-Lo, amá-Lo, servi-Lo e, assim, glorificá-Lo, eis o fim da nossa vida e da nossa verdadeira felicidade.

“Infeliz quem conhece todos essas coisas (terrenas) e não Vos conhece, ó meu Deus!” Feliz quem Vos conhece, embora ignore todo o resto. Quanto a quem Vos conhece e conhece também as coisas terrenas, não é mais feliz por conhecê-las, mas é unicamente o conhecimento que tem de Vós que o faz feliz”, afirma Santo Agostinho.

A fonte da verdadeira felicidade, aqui e na eternidade, é Jesus Cristo. Só Cristo preenche todo o espaço do coração com a paz e a alegria.

Padre Inácio José do Vale

O motivo que nos faz celebrar o Natal

“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Isaías 9,1). Esse fato narrado pela Palavra de Deus aconteceu há mais de dois mil anos, no entanto, atualiza-se todos os dias. É ele o motivo que nos faz celebrar o Natal, pois uma Luz brilhou em meio às trevas!

Há um clima diferente no ar, votos de felicidade, mãos estendidas, confraternizações e brilhos estão por todos os lados! Nas ruas, casas e lojas, por onde quer que andemos, as luzes piscam entre cores e formas, convidando-nos à celebração. Elas iluminam e encantam, trazem um colorido especial às realidades que, durante o ano, foram se tornando comuns e opacas pela rotina do dia a dia. As roupas e os adereços também ganham destaque nesta época; afinal, a moda no Natal é brilhar!

O que celebramos no Natal

Somos envolvidos pela correria do comércio. Os presentes, as viagens e tantas outras realidades próprias do fim de ano fazem-nos viver um tempo diferente. Mas será que estamos mesmo celebrando o Natal? Ou seja, será que estamos celebrando o nascimento de Jesus, o Deus que se fez Menino, nascido da Virgem Maria, que veio habitar em meio a nós?

Ele é a verdadeira Luz que brilhou para o povo que andava nas trevas. Ele veio para nos salvar e nos fazer participantes da Sua vida divina. Trouxe-nos a grande e esperada libertação; por isso celebramos Seu nascimento! Mas será que em nossos dias, tão agitados e interativos, temos tido tempo para tomarmos consciência desta verdade?

Penso que celebrar o Natal sem nos deixar envolver pela ternura do amor de Deus, expresso no nascimento de Cristo, é como participar de uma festa sem conhecer os anfitriões nem o motivo da comemoração. Você está presente, come, bebe, admira a decoração, observa os convidados, mas não tem porque se alegrar, vive tudo de maneira superficial, indiferente. E tenho certeza que não é isso que Deus espera de nós justo na festa do Seu nascimento.

Lugar que Deus escolheu para nascer

Precisamos recordar com urgência o motivo da celebração do Natal e nos prepararmos com dignidade para esta festa sem nos deixarmos levar pelo clima externo do consumismo.

Mesmo que isso seja um grande desafio em nossos dias, é preciso fazermos nossa parte como cristãos! Aquela Luz que brilhou na Terra, há mais dois mil anos, é Jesus, a mesma Luz que deseja, hoje, iluminar nossa vida, dissipando toda espécie de trevas que o pecado nos incutiu.

Lembremo-nos de que nosso coração é o lugar que Deus escolheu para nascer, pois somos únicos diante d’Ele. No entanto, como Pai amoroso que é, o Senhor continua a respeitar nossa liberdade e espera darmos o primeiro passo na direção certa, para que Sua luz entre em nossa vida.

É preciso abrir o coração para Cristo iluminar

Sem abertura de coração, a luz de Cristo não pode iluminar nossa vida! Ou seja: sem nos decidirmos a amar, perdoar, a sermos justos e dedicados, bondosos, alegres e pacíficos não há como celebrarmos o nascimento de Deus em nós. Sendo assim, o Natal passa a ser mais uma festa sem sentido. Não basta presépios, Missa do galo, troca de presentes e ceias fartas para o Natal acontecer, é preciso tomar a decisão de uma vida nova, pautada nos ensinamentos de Cristo, que nos conduzem às atitudes concretas e coerentes, à vivência da fé durante todos os dias do ano.

“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Isaías 9,1). Ainda hoje existem muitos que caminham nas trevas do pecado, e Jesus deseja iluminá-los por meio de nós. Tenhamos a coragem de testemunhar o amor de Deus a partir dos pequenos acontecimentos e das escolhas do nosso dia a dia. É este o tempo favorável para uma vida nova! A luz brilhou em meio às trevas, veio reacender a esperança e nos dar a certeza de que já não estamos sozinhos. Deus está conosco, Ele é o Emanuel! Sua luz nos contagia e aquece, por isso, abramos nosso coração e tenhamos a coragem de ser faróis no mundo, levando, com a nossa vida, a luz que é Cristo aos corações sedentos de amor e paz.

Assim, celebraremos o Natal, a festa verdadeira da Luz!

Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção Nova

Que o Natal irradie em nós sentimentos que transformam vidas

Hoje é dia de Natal! Dia do nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Uma alegria toma conta de toda a Terra, mesmo que nem todos nós tenhamos motivos para sermos felizes ou para comemorarmos, porque, mesmo Jesus nascendo, até na Sua terra ainda não há conflitos, bombardeios e guerras. Mesmo Jesus vindo para ser o Pão que alimenta a vida de todos os homens, ainda há muitos seres humanos que passam fome, vivem na pobreza, na miséria extrema. Mesmo que o Senhor tenha vindo para ser a nossa paz, ainda há muita discórdia no coração dos homens, muitos conflitos e ambições.

Contemplemos o Deus Menino
Mesmo Jesus nascendo para amar a todos nós e semear o Seu amor em nossos corações, ainda há muito ódio, rancor e desavenças. Mas nós não vamos parar nas coisas negativas, não vamos contemplar o mal que há no mundo; nós queremos contemplar o Bem Maior, o Bem Supremo, queremos contemplar o Deus Menino que faz toda a diferença em nossa vida. Nós queremos adorar Jesus, exaltar a Sua presença no meio de nós, queremos nos render a Ele e fazer com que a nossa vida se renda ao amor de Deus.

Presente entre nós está o Deus que se encarna, que se faz um entre nós.

Que o Natal transforme a nossa vida
Que o Natal não seja apenas um dia ou mais um dia. Que o Natal seja o nosso compromisso com a vida e com Deus, que ele irradie em nossos corações sentimentos, sementes que transformam a nossa vida.

Um Natal feliz e abençoado, um Natal de graça, transformador e regado pelo amor de Deus no coração de nossas famílias. Que a presença desse Menino faça toda a diferença na vida de cada um de nós.

Um santo e abençoado Natal!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Natal do Senhor - Celebração do nascimento de Jesus Cristo

Acompanhemos o testemunho da Palavra de Deus a respeito deste acontecimento que transformou a história da humanidade:

“…José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. O anjo disse-lhes: ‘Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor’.” (Lc 2,4-11)

Por isso hoje celebramos a eterna solidariedade do Pai das Misericórdias que, no seu plano de amor, quis o nascimento de Jesus, que é o verdadeiro Sol, a Luz do mundo. Este não é um dia de medo e nem de desespero, é dia de confiança e de esperança, pois Deus veio habitar no meio de nós, e assim encher-nos da certeza de que é possível um mundo novo. Solidário conosco, Ele nos quer solidários neste dia de Glória que refulge ao redor de cada um de nós!

Sendo assim, tudo neste dia só tem sentido se apontar para o grande aniversariante deste dia: o Menino Deus! Presépios, árvores, enfeites, banquetes e os presentes natalícios representam os presentes que os Reis Magos levaram até Jesus, mas não são estes símbolos a essência do Natal. O importante, o essencial, é que Cristo realmente nasça em nossos corações de uma maneira nova, renovadora, e que a partir daí, possamos sempre caminhar na sua luz solidária deste Deus Único e Verdadeiro, que nos quer também solidários uns com os outros!

Vivamos com muita alegria este dia solidário, que o Senhor fez para nós!

Um Santo Natal para você e para a sua família!

Jesus está no meio de nós

“Ele está no meio de nós”. Esta era a expressão mais usada entre os primeiros cristãos. A Igreja tomou e retomou essa expressão para nos dar essa certeza de fé. E ela continua a repetir essa expressão o tempo todo.

Foi o próprio Jesus quem preparou os apóstolos para essa verdade; até em Sua morte, Cristo estava fisicamente entre eles. Eles O viam e O tocavam, tinham a presença física de Jesus junto deles.

Com a ressurreição, Jesus não retornou com o mesmo corpo de antes. Ele tinha agora um corpo glorificado.

Nós, neste tempo, imaginamos que Jesus ressuscitou com o mesmo corpo, a mesma aparência. Era o mesmo corpo, mas agora transformado.

Existem dois corpos gloriosos no Céu
É o que aconteceu também com o corpo de Maria. Ela morreu e foi sepultada em Jerusalém, no Monte das Oliveiras.

Em tudo Maria viveu como Jesus. Ele morreu, ela também morreu; Ele foi sepultado, ela também foi sepultada. E como Jesus foi em ascensão ao céu, ela também foi assunta. O Senhor foi por Ele mesmo, ela foi pelo poder de Deus. Ambos foram para o Céu com seus corpos para representar todos os nossos corpos.

Jesus, após Sua Ressurreição, manifesta-se com Seu corpo glorioso, de forma que nós não podemos vê-Lo. Com nossas limitações físicas, só podemos ver corpos físicos.

Por que Jesus aparece de forma diferente?
Por que, no jardim, Maria Madalena não percebeu que era Jesus? Porque Ele estava com Seu corpo glorioso. Somente quando Ele a chamou pelo nome, Maria, ela percebeu que era Jesus. (cf. Jo 24,14-17).

Os apóstolos não viram logo o Senhor. Portas e janelas fechadas, e, de repente, Jesus se põe no meio deles. Ele não pulou a janela nem entrou pela porta, apenas apareceu. Ele estava, mas não aparecia. De repente, Ele se deixa ver, mas já estava ali no meio deles.

Quando São Lucas descreve isso, narra todo susto que eles tiveram. (cf. Lc 24, 36).

Em tudo isso, parece que Jesus brinca de esconde-esconde com eles. Mas, não! O Senhor estava preparando Seus apóstolos e discípulos para passarem de uma visão física para uma visão espiritual de Jesus.

“E a eles se manifestou vivo depois de sua paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus” (At 1, 3). Ele precisava que os apóstolos se acostumassem a um novo tipo de presença.

As aparições de Nossa Senhora a irmã Lúcia
O capelão do convento da irmã Lúcia contou-me que a superiora, um dia, encontrou irmã Lúcia nos corredores do carmelo. Ela estava parada e olhando para um ponto como que em êxtase! Como a madre tinha um recado para lhe dar, esperou por um tempo e depois a tocou. Disse-lhe: “Desculpe-me tirá-la da oração”. Lúcia respondeu: “Não, a senhora não me tirou da oração!”. A superiora então lhe perguntou: “Como não? O que você estava fazendo então?”. “A senhora não viu, madre?”, disse Lúcia. A madre indaga mais uma vez: “Vendo o que Lúcia?”. A irmã vidente então esclarece: “Oh, madre desculpe, porque a senhora e as irmãs não veem, mas eu tenho a graça de ver”.

A superiora, então, tentando entender, perguntou: “Mas ver o quê?”. Lúcia continua: “Nossa Senhora! E isso é comum. Ela anda por aqui, vai à capela quando estamos lá, vai ao refeitório quando vamos ao refeitório”. “Lúcia, você nunca me contou isso!”, questionou a irmã. “Desculpe madre, mas eu nunca achei que deveria contar. Mas que ela está em nosso carmelo, ela está!”.

Você entendeu? O que acontece com Nossa Senhora acontece muito mais, de forma muito mais real, com Nosso Senhor.

A certeza dos primeiros mártires
Por isso os primeiros cristãos diziam: “Ele está no meio de nós!”. Por isso eram muito fortes, muito firmes e devotos. Quando encontravam alguém desanimado ou aflito, diziam: “Ele está no meio de nós”. Quando soltavam as feras, aquele “bolinho de mártires se juntava e se animava dizendo uns aos outros: “Ele está no meio de nós”.

Não temos sentidos nem olhos capazes de ver Seu corpo glorioso, mas o Senhor está ao nosso lado, Ele está presente no meio de nós, sabe de nossos pensamentos e sentimentos. Antes de dizermos algo, Jesus já está vendo tudo. Ele é a presença que mais precisamos nos momentos difíceis da nossa vida.

Não devemos recorrer a Ele só nos momentos difíceis, mas especialmente nesses momentos.

Em qualquer lugar, seja no seu emprego, na sua casa ou no escritório, quando você está namorando, quando está no carro ou vai sair, o Senhor está junto de você com tudo aquilo que Ele é.

Hoje, temos de ter a certeza de que Jesus está no meio de nós e Ele tudo pode.

Seu irmão,

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

Onde nasce paz, não há lugar para ódio e guerra


Na sua tradicional mensagem Urbi et Orbi,  o Papa  Francisco rezou pela  paz e recordou os conflitos existentes em diversas partes do mundo
Da redação, com Rádio Vaticano

“Onde nasce Deus, nasce a esperança, nasce a paz e floresce a misericórdia”. Essas foram as palavras iniciais do Papa Francisco na tradicional mensagem Urbi et Orbi, por ocasião do Natal. Durante a reflexão, o Pontífice rezou pela paz.

Ao recordar os tantos conflitos em andamentos nas diversas partes do mundo e as situações que ferem a dignidade humana, pediu: “Ao contemplar o presépio, fixemos o olhar nos braços abertos de Jesus, que mostram o abraço misericordioso de Deus, enquanto ouvimos as primeiras expressões do Menino que nos sussurra: A paz esteja contigo”.

Diante de milhares de fieis reunidos na Praça São Pedro e adjacências, o Papa Francisco dirigiu-se “à cidade e ao mundo” da sacada central da Basílica de São Pedro, para anunciar que “Cristo nasceu para nós (…) Ele é o dia luminoso que surgiu no horizonte da humanidade. Dia de misericórdia, em que Deus Pai revelou à humanidade a sua imensa ternura. Dia de luz que dissipa as trevas do medo e da angústia. Dia de paz, em que se torna possível encontrar-se, dialogar, reconciliar-se. Dia de alegria, Uma grande alegria para os pequenos e os humildes e para todo o povo”.

Presépio: Sinal de Deus
Francisco diz que o presépio mostra um sinal de Deus e convida todos para que, juntamente com os pastores, “prostremo-nos diante do Cordeiro, adoremos a Bondade de Deus feita carne e deixemos que lágrimas de arrependimento inundem os nossos olhos e lavem o nosso coração”.

“Ele, só Ele, pode nos salvar. Só a Misericórdia de Deus pode libertar a humanidade de tantas formas de mal, por vezes monstruosas, que o egoísmo gera nela. A graça de Deus pode converter os corações e suscitar vias de saída em situações humanamente irresolúveis”.

Ai prosseguir, o Pontífice afirma que onde nasce a paz, já não há lugar para o ódio e a guerra, e recorda que precisamente lá onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam tensões, violências e a paz continua um dom que deve ser invocado e construído.

“Oxalá israelenses e palestinos retomem um diálogo direto e cheguem a um acordo que permita a ambos os povos conviverem em harmonia, superando um conflito que há muito os mantém contrapostos, com graves repercussões na região inteira. Ao Senhor, pedimos que o entendimento alcançado nas Nações Unidas consiga quanto antes silenciar o fragor das armas na Síria e pôr remédio à gravíssima situação humanitária da população exausta. É urgente que o acordo sobre a Líbia encontre o apoio de todos, para se superarem as graves divisões e violências que afligem o país. Que a atenção da Comunidade Internacional se concentre unanimemente em fazer cessar as atrocidades que, tanto nos referidos países, como no Iraque, Líbia, Iêmen e na África subsaariana, ainda ceifam inúmeras vítimas, causam imensos sofrimentos e não poupam sequer o patrimônio histórico e cultural de povos inteiros”.

Atos terroristas
O Papa recordou ainda as vítimas dos hediondos atos terroristas, em particular pelos massacres recentes ocorridos no Egito, em Beirute, Paris, Bamaco e Túnis. Francisco pede também consolação e força ao Menino Jesus para os cristãos perseguidos em muitas partes do mundo por causa de sua fé. “São os mártires de hoje”.

Diálogo
O fortalecimento do diálogo na República Democrática do Congo, no Burundi e no Sudão do Sul foi ressaltado pelo Papa, “em prol da edificação de sociedades civis animadas por sincero espírito de reconciliação e compreensão mútua”.

O Papa referiu-se também à Ucrânia, pedindo que a verdadeira paz “inspire a vontade de cumprir os acordos assumidos para se restabelecer a concórdia no país inteiro” e que ilumine os esforços do povo colombiano, para que “continue empenhado na busca da desejada paz.

Dignidade humana
Francisco recordou também a existência de homens e mulheres que estão privados da sua dignidade humana e, como o Menino Jesus, sofrem o frio, a pobreza e a rejeição dos homens. “Chegue hoje a nossa solidariedade aos mais inermes, sobretudo às crianças-soldado, às mulheres que sofrem violência, às vítimas do tráfico de seres humanos e do narcotráfico”.

O drama das milhares de pessoas que viajam em condições desumanas, arriscando a própria vida em busca de segurança e de uma esperança também foram recordados por Francisco.

“Sejam recompensados com abundantes bênçãos quantos, indivíduos e Estados, generosamente se esforçam por socorrer e acolher os numerosos migrantes e refugiados, ajudando-os a construir um futuro digno para si e seus entes queridos e a integrar-se nas sociedades que os recebem”.

Desempregados
O Santo Padre também pediu que o Senhor dê esperança aos desempregados e sustente “o compromisso de quantos possuem responsabilidades públicas no campo político e econômico, a fim de darem o seu melhor na busca do bem comum e na proteção da dignidade de cada vida humana”.

Misericórdia
Ao falar da misericórdia, o Papa dirigiu-se aos encarcerados. “Onde nasce Deus, floresce a misericórdia. Este é o presente mais precioso que Deus nos dá, especialmente neste ano jubilar em que somos chamados a descobrir a ternura que o nosso Pai celeste tem por cada um de nós. O Senhor conceda, particularmente aos encarcerados, experimentar o seu amor misericordioso que cura as feridas e vence o mal”.

“E assim hoje e juntos, exultemos no dia da nossa salvação, fixando o olhar nos braços abertos de Jesus no presépio, que nos mostra o abraço misericordioso de Deus”. Francisco proclama: “A paz esteja contigo”, e após concedeu a todos sua Bênção com a Indulgência Plenária na forma prevista pela Igreja.

Feliz Natal
Ao concluir, Francisco dirigiu-se a todos os presentes na Praça São Pedro e àqueles que o acompanhavam pelos meios de comunicações, para desejar as suas mais cordiais felicitações de Natal.

“É o Natal do Ano Santo da Misericórdia, por isto, desejo a todos que possa acolher na própria vida a misericórdia de Deus, que Jesus Cristo nos deu, para sermos misericordiosos com os nossos irmãos. Assim, faremos crescer a paz.”

Paz e bem!

Oração ao Menino Jesus

Menino Deus,
Eis-nos aqui diante de Tua manjedoura.
Como os reis magos, apresentamos os nossos presentes.
Obrigado por ter se encarnado para nos salvar.
Pedimos pelas famílias que hoje se encontram divididas,
Pais separados e filhos mergulhados na droga e no pecado.
Olha para Teus filhos, ouve nossa prece.
Criança abençoada, pedimos por outras crianças,
Que também como Tu não têm onde nascer.

Menino Jesus, no Teu aniversário, refaz o
milagre da distribuição do pão do amor.
Porque os homens se esquecem que também
são capazes de realizar o que Tu ensinaste.

Príncipe da paz, devolve ao mundo a Tua paz.
Reavive, Menino, no coração dos homens,
a compaixão, o amor e a misericórdia,
para que eles cuidem das crianças do mundo.
Que sejam alimentadas, não sofram nem chorem.

Menino Jesus, toma em Tuas mãos as crianças.
Livra-as da guerra, da fome, da morte antecipada,
da morte em vida e da dor que não podem
compreender nem deveriam sentir.

Cuida das mulheres grávidas e daquelas que querem engravidar.
Que os homens sejam como São José e as mulheres como Maria.
Livra o nosso mundo do trauma do aborto, Vós que sois a Vida.
Devolve o sentido de viver àqueles que perderam a felicidade.

Menino que é, coloca no rosto das outras crianças
o sorriso, o amor e a segurança.
Na boca, coloca a comida e a Tua Palavra.

Obrigada, Menino Deus!

Oremos: “Senhor nosso Deus, ao celebrarmos com alegria o Natal do nosso Salvador, dá-nos alcançar, por uma vida santa, Teu eterno convívio. Por Cristo nosso Senhor. Amém.