Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

O texto de Isaías 50,4-7 relata o terceiro canto do Servo Sofredor, que é marcado pela escuta da palavra de Deus, pela fidelidade no anúncio, pela perseguição e resistência. Ter a barba arrancada e receber cuspe no rosto são gestos dolorosos e humilhantes. A expressão “endurecer o rosto como pedra” mostra a resistência do servo. De quem o profeta está falando? Ficamos com a interpretação messiânica: segundo os autores do Segundo Testamento, esse ideal encontrou perfeita realização em Jesus: a profecia do servo sofredor descreve antecipadamente a vida de Jesus. Sua confiança em Deus e seu amor pelos irmãos deixam-no em uma suprema liberdade diante de qualquer provação. Ele tem certeza de que sua missão não é vã.

Realmente, Jesus assume a missão deste Servo misterioso; uma missão de discípulo que escuta, que encoraja os desanimados e apresenta resistência não violenta ante os sofrimento e humilhações que lhe são impostos pelos inimigos.

A carta aos Filipenses 2,6-11 canta, em síntese, toda a trajetória de Jesus Cristo. Este hino descreve o aniquilamento, o “esvaziamento” do Filho de Deus. Este aniquilamento expressa o movimento de Jesus que parte de Deus, desde a morte na cruz, e volta para Deus como Senhor. Jesus não teve medo e, como verdadeiro Servo sofredor, viveu consciente e livremente a nossa experiência humana até a morte. O caminho do Servo Jesus é o caminho da encarnação, da solidariedade com a humanidade sofrida. “Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome” (Cf. Fl 2,9).

Jesus recebe do Pai um nome que está acima de todo nome: ele recebe o titulo de Senhor. Jesus Cristo é o Senhor do universo e da história. Ao nome dele toda a criação se prostra em adoração (Cf. Fl 2,10).

O hino cristológico da carta aos filipenses constitui a chave principal deste domingo: Jesus humilhou-se, se rebaixou e por isso Deus o exaltou. O hino descreve a preexistência do Filho; o mistério da encarnação, de sua paixão, morte e ressurreição. É nesta perspectiva que nós cristãos somos chamados a seguir os passos de Cristo, Senhor da história, como seus discípulos, renovar a nossa adesão a ele, na Grande Semana que inicia.

A entrada de Jesus como Messias em Jerusalém é descrita por Marcos 11,1-10. Jesus chega a Jerusalém para seu confronto com os poderes religiosos e políticos, presente nesta cidade, e que se armam para eliminá-lo. Ele não vem montado em animal de guerra, mas em um jumentinho, e é reconhecido por sua gente como enviado por Deus.

Neste ano B, é proclamada a Paixão de Jesus segundo Marcos. Esta narração se distingue por apresentar as testemunhas oculares da Paixão. Sendo o relato mais breve e mais antigo, talvez seja o que mais se prende aos fatos. Marcos descreve de modo muito realista, com muitos detalhes, a paixão de Jesus, que morre quase desesperado. O sofrimento que padece o homem Jesus atinge não só o corpo, mas também o seu coração.

Marcos apresenta Jesus, o Messias, como o Filho de Deus. Ele é interrogado diante do sinédrio sobre a sua identidade e a confessa (Cf. Mc 14, 61-62). É a única vez, no Evangelho de Marcos, que Jesus afirma ser o Messias, o escolhido de Deus para realizar seu projeto de liberdade e vida. O que parece blasfêmia para a sociedade que o mata (Cf. Mc 14, 63) é a maior profissão de fé de quem n’Ele crê e a Ele adere.

O sinédrio o rejeita e condena à morte. O oficial romano, um pagão, o reconhece como Filho de Deus: “Na verdade, este homem era Filho de Deus!” (Mc 15,39). Jesus é Messias-Rei, mas  a sua realeza não coincide com as padrões de poder e autoridade daquele tempo e de hoje.

A história da Paixão e Morte de Jesus Cristo não é algo distante ou sem interesse. Toda a humanidade e cada pessoa estão envolvidas nela, dela participam de alguma maneira e dela são chamadas a dar testemunho. Na verdade, cada um de nós poderá exercer o papel de Pedro, que nega o Mestre, mas se deixa atingir pelo olhar misericordioso de Cristo (cf. Mc 14,72).

Pode acontecer que façamos o papel de Pedro, Tiago e João: em vez de vigiarem, adormecem enquanto Jesus sofre a agonia de sua hora. Seremos talvez, em certas circunstancias da vida, as testemunhas falsas, os sumos sacerdotes, os anciãos e os escribas, que não reconhecem em Jesus o Filho de Deus bendito nem o Filho do Homem que verão sentado à direita do Pai.

De repente, poderá se manifestar em nós a figura de Pilatos, e, por covardia, acabamos por condená-lo. Seremos ainda o povo, preferindo Barrabás a Cristo. Por vezes, talvez contra a vontade, fazemos o papel de Simão Cireneu, ajudando a carregar a cruz de Jesus, pesando sobre os ombros da humanidade injustiçada e sofrida de hoje.

Cada pessoa já terá sentido em si os conflitos entre o personagem que faz o Cristo sofrer mais e aquele que se solidariza com ele e procura aliviar seus sofrimentos. Importa que, por entre os altos e baixos da vida, reconheçamos no Filho do Homem quem ele é, e digamos como o oficial romano, um pagão: “De fato, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39).

Diocese de Limeira

Oremos pelo bom senso de justiça e verdade

Amados irmãos e irmãs, a meditação da Palavra de Deus, no dia de hoje, nos chama a atenção para essa sentença de Caifás, o sumo sacerdote daquele ano. Ele não está preocupado com a verdade, com a justiça e com o bem; ele está preocupado consigo e em, de fato, deixar que as coisas fiquem encobertas. Por isso a sua sentença de morte é uma só: “Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?” (João 11,50).
Mas quem é esse que vai morrer por todos? Quem é esse que vai perecer pelas mãos dos homens e será injustamente julgado, condenado e levado à morte? Que mal fez Ele? Por que Ele é digno de tanta infâmia e tanto desprezo? Por que cabe a Ele a sentença mais dura e a pena mais rigorosa existente naquele tempo? A Ele coube a pena de morte, contudo, pecado nenhum Ele cometeu, erro nenhum Ele levou sobre Suas costas.
O que pode parecer um bem para nós, para quem não comunga do mesmo bem ou para quem não comunga os ideais de Deus, pode parecer um mal. Sobretudo se o que você fala, o que você faz e se a sua vida incomodam a quem vive de regalias e à custa do povo. Por isso Jesus é levado à morte, porque a Sua vida incomodou!
A vida de Jesus incomoda a todos; incomoda os pecadores para que saiam do pecado; incomoda os que buscam a santidade para que intensifiquem sua luta pela santidade. A vida de Jesus incomoda os pequenos para que se sintam consolados e confortados pela presença amorosa de Deus. Da mesma forma, a vida de Jesus incomoda os grandes para que tenham senso de justiça e senso de verdade. Apenas que nem todos se abrem para essa graça, somente quando mexem no “nosso queijo”, isto é, quando mexem naquilo que para nós não pode ser mexido, com certeza assim nós esperneamos!
Por essa razão, os poderosos daquele tempo espernearam com força e levaram Nosso Senhor Jesus Cristo à morte.
Olhando para Jesus Cristo sentenciado e condenado, nós hoje queremos pedir ao Pai que aplaque todas as injustiças existentes na face da Terra. Queremos orar, sobretudo, por nossos governantes, autoridades e por aqueles que têm a responsabilidade de julgar, legislar e executar as leis do nosso país para que não percam o senso da verdade, da justiça e, sobretudo, não governem em favor dos próprios interesses.
Foram esses tipos de interesses mesquinhos que levaram Jesus à morte. Assim como é o interesse mesquinho de alguns homens que tem levado milhões de filhos de Deus à morte, e tem levado à morte os valores, a moral e o bom-senso.
Que Jesus, bom e misericordioso, tenha compaixão de nós!
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Páscoa – O Senhor nos convida a servir

A cada ano, como Igreja somos convocados a reavivar o mistério Pascal em nossas vidas. Mistério pelo qual recompomos nossas forças espirituais, reavivamos nossas expectativas mais íntimas e reafirmamos nosso propósito de cooperar na construção de uma sociedade mais fraterna e acolhedora, onde os princípios evangélicos possam nortear nossas ações nos direcionando a uma verdadeira abertura ao próximo.
Abertura essa, que evidencie a disposição de assumirmos um projeto, não qualquer projeto, mas um projeto que dê sentido pleno a nossa vida, revigore nossas energias para transformação e favoreça nossas relações interpessoais nos encaminhando a uma verdadeira comunhão; que nos é traduzido por Reino de Deus.
Deste modo, o ciclo pascal, nesse tempo quaresmal que acabamos de vivenciar, muito possibilitou essa ação, ao nos trazer a pertinente reflexão da CF deste ano de 2015, Fraternidade: Igreja e Sociedade, com o lema: “Eu vim para servir (cf. Mc 10,45)”. Uma Igreja em constante saída que se coloca à serviço da vida com o intuito de levar a paz por meio de sua ação solidária e participativa. Muito pertinente, pois nos propõe atitudes concretas de um intenso agir missionário em contramão com atitudes de fechamento e intolerância marcam nossa sociedade.
A experiência da Páscoa que a partir de hoje iremos vivenciar com maior intensidade em nossos atos litúrgicos, devem nos levar a uma verdadeira ação regeneradora em nosso modo de pensar, conduzindo-nos a uma postura mais agregadora e serviçal, como mostra em sua vida nosso Mestre e Senhor, Jesus Cristo. Não devemos apenas viver como expectadores de seu projeto o qual, certamente, admiramos, mas que, por ocasiões, podemos não assumimo-lo plenamente como nosso. Devemos sim participar de seu projeto, de seu Reino, celebrado e iniciado nos cultos de nossas inúmeras comunidades, e expandi-lo para as realidades mais necessitadas da Palavra que salva e da ação fraterna que liberta.
Certamente não é fácil em nosso tempo, superarmos esquemas utilitaristas que se convergem em ações mesquinhas e individualistas denotando um ambiente de profunda insegurança, incerteza e fechamento. Num momento de desconfiança e pessimismo, evidenciemos nossa fé a partir de um testemunho concreto da caridade cristã que se acentua no cuidado e comprometimento com aqueles que mais sofrem e são injustiçados.
A alegria pascal vivenciada concretamente em nossas celebrações litúrgicas a cada semana devem nos fazer convergir para um comprometimento verdadeiro, destemido e amoroso em nossas realidades, em uma atitude de constante abertura e saída para além de nós mesmos descobrindo outros campos de missão como nos aponta nosso querido papa Francisco.
Hoje, a partir consagração dos óleos que servirão para ungir um povo caminheiro, fatigado, mas alegre pois é sempre esperançoso na ação divina, reafirmamos nosso compromisso ao Deus que estabelece conosco uma única e eterna Aliança (Cf. Is 61, 8b), trazendo conforto, alívio e determinação para a superação das dificuldades e conflitos nos estimulando a uma prática solidária.
Não nos desencorajamos com as atitudes de intolerância e descredito na bondade humana, que por vezes tem ecos maiores que a mensagem evangélica. Mas, testemunhemos a partir de uma práxis servidora por meio de nossas ações pastorais a alegria de Igreja inquieta por salvaguardar a dignidade reanimando-nos sempre para a missão e seus novos desafios.
Celebrar a Páscoa é assumir a abundância da vida nos dada por Deus, na alegria de expressar nossa fé em comunhão com todos! Participemos com amor e dedicação desses grandes momentos que manifestam a núcleo na nossa fé: Paixão-Morte-Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deixemo-nos, na celebração desses sagrados mistérios, nos fecundar pela graça divina para que frutifiquemos nossas comunidades com amor concreto convertido em serviço ao mais necessitado.
Vamos proclamar a alegria da Ressurreição do senhor neste domingo de Páscoa: aclamaremos “Cristo ressurgiu! Não está morto, mas é o Vivente”. Ao chegar este grande dia veremos que Ele é a novidade, e  N’Ele tudo se renova, pois eis que Cristo nossa páscoa foi imolado.
Assim, a maior festa de toda a cristandade é a ressurreição de Jesus Cristo, pois se trata de um acontecimento que está no centro da experiência religiosa que Jesus Cristo fez de Deus, é o cume do caminho feito por Ele. Com sua ressurreição os seguidores de Jesus descobrem quem Ele é, qual sua missão e qual é seu futuro.
Que o amor do Cristo ressuscitado esteja nos corações de todos/as. Um abraço fraterno e uma feliz e santa Páscoa a todos vocês!
Dom Vilson Dias de Oliveira, DC
Bispo Diocesano de Limeira, SP

5º Domingo da Quaresma

Na primeira leitura (Jr 31, 31-34), texto relevante do Primeiro Testamento que se encontra no “Livro da Consolação de Israel” (Jr 30-31), Deus sela a reconciliação estabelecendo uma nova Aliança. A Aliança do Sinai, que o Senhor concluiu com o povo, quando o tirou da escravidão do Egito (cf vv. 31-32), não teve êxito. Esta exigia adesão exclusiva ao Senhor, traduzida no cumprimento integral da lei, a qual era formulada com toda a clareza e respaldada por bênçãos e maldições.
 
Mas, era externa, gravada em uma pedra, com a qual as pessoas não sintonizavam. A nova Aliança inscreverá a lei no fundo do ser e no coração, de modo que se converta no impulso ou dinamismo da conduta; o coração estará regenerado, convertido pela marca viva da lei. “Colocarei a minha lei no seu coração, vou gravá-la em seu coração; serei o Deus deles, e eles, o meu povo” (Jr 31,33).
 
Assim, se restabelecem as relações pessoais, substância autêntica da aliança. O conhecimento e reconhecimento do Senhor se traduzem em compromisso.
 
Um “perdão” total, sem reservas, é o primeiro ato da reconciliação, no qual se manifesta o “amor eterno” do Senhor. Vale notar que Jeremias 31, 31-34 é amplamente citado no Segundo Testamento (Cf. Rm 11, 27; Hb 8,8-12; 10, 16-17).
 
Em termos de aliança, o Senhor é o soberano que cumpriu seus compromissos, em termos de matrimônio, o Senhor é o marido ao qual a esposa – o povo – foi infiel.
 
Na verdade, já não necessitamos mediações exteriores (sacrifícios, ritos legais, tábuas de pedra), pois o Senhor fez conosco uma aliança definitiva, gravada em nosso coração, escrita em nosso peito, pois somos o novo povo de Deus. Esta nova Aliança nos dá a esperança e a certeza de pertencermos a uma nova humanidade reconciliada.
 
A segunda leitura (Hb 5, 7-9) mostra que o caminho da salvação passa pela obediência e fidelidade: “Embora fosse Filho aprendeu, contudo, a obediência pelo sofrimento: e, levado à perfeição, se tornou para todos os que lhe obedecem, fonte de salvação eterna” (vv.8-9).
Em Cristo Jesus, a nova Aliança é concluída; morrendo por nós, ele se torna princípio de salvação eterna. No exercício do seu sacerdócio, Jesus se apresenta perfeitamente humano (cf. Hb 5,1), semelhante a nós em tudo, menos no pecado. Em sua vida terrestre, experimenta o sofrimento e dirige-se ao Pai, que era capaz de salvá-lo da morte, com forte clamor e lágrimas. É um Deus que se aproxima do ser humano e de cada um de nós em tudo, particularmente na experiência da dor, do sofrimento.
 
Este é o domingo do grão caído na terra (cf Jo 12, 20-33). Para falar de vida com “V” maiúsculo, João utiliza no seu Evangelho a imagem do grão de trigo. Interessante! O semeador se faz semente: “Saiu o semeador a semear” (Mt 13,3). Como os Evangelhos foram escritos após a Páscoa, esse semeador já é o Cristo Ressuscitado, saído de Deus para semear a semente do Reino, a semente do Reino do amor. Mas, esse semeador, o Verbo feito carne, em João, se fez semente, grão de trigo caído na terra para fecundar.
 
Eis a lógica do Amor: não pode fazer outra coisa senão dar a vida. Mas, para expressar-se em sua totalidade, ele deve ir até a morte: “Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24). Um grão de trigo, que é colocado na terra vai transformar-se para se converter em espiga com intocáveis grãos. Assim também acontece com aquele ou aquela que nós amamos. Mas por quê? Simplesmente porque o Amor, para existir ou subsistir, não poder fazer sofrer e morrer aquele ou aquela que deseja amar. Um dia ou outro, todos devemos nos ultrapassar a nós mesmos.
 
Essa é a hora do Amor que vai exatamente até o final de nós mesmos, como a mulher grávida, pois o Amor dá a vida: “A mulher, quando vai dar à luz, fica angustiada, porque chegou a sua hora. Mas depois que a criança nasceu, já não se lembra mais das dores, na alegria de um seu humano ter vindo ao mundo” (Jo 16, 21). Eis porque, para manifestar a totalidade do Amor, Jesus entregou a sua vida para que nós tivéssemos Vida: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
 
Com o Evangelho de hoje estamos longe dos julgamentos, das condenações e das exclusões. Isso não nos conduz a lugar nenhum, mas ao contrário, para bem longe do Deus de Jesus Cristo: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32). Morrendo numa cruz por amor, Cristo salva a todos sem exceção.
 
É a hora de Jesus, que coincide com a sua exaltação, e que é, antes de tudo, elevação na cruz (cf. vv 32-33). João coloca a morte de Jesus como glorificação, mas não esconde o drama humano da sua existência, o drama da obediência ao Pai.
 
Aproximando-nos da Páscoa, neste quinto domingo da Quaresma, estamos face a face com o ponto central da nossa fé. Diante do Crucificado, cada um de nós se encontra sozinho: é o mistério da cruz que implica solidão.
 
O Cristo crucificado e ressuscitado, o Cristo da Páscoa, realizou plenamente a Aliança nova anunciada pelo profeta Jeremias (primeira leitura de hoje). A Aliança nova, inscrita nos corações, torna-nos capazes de amar, e nos convida a libertar outras pessoas de tudo o que as impede de amar.
 
Diocese de Limeira

Parabéns Padre Ivan

Dia 19 de Março celebramos o aniversário natalício do Padre Ivan, Pároco do Santuário de Fátima.

Todos nos alegramos pela vida preciosa do Padre Ivan. É exemplo de uma pessoa que luta para agradar Jesus em tudo.

“O Sacerdote é aquele que distribui a Palavra e a Eucaristia, que é o Corpo e o Sangue de Cristo que fortifica o homem no amor e na paz: alimenta-o espiritualmente e pelo seu exemplo nos leva a tornar-nos mais fraternos e mais irmãos”...

Peçamos ao Coração Fiel de Jesus que seja sempre o abrigo do Padre Ivan, que Nossa Senhora, nossa Mãe fiel, sempre passe a frente de sua vida e missão, que o Espírito de Deus continue a lhe iluminar e que São José, padroeiro da Igreja, seja seu guia e mestre a proteger seu caminho.

Como é bom tê-lo como nosso Pastor!!!

Paz e Bem!!!

Cinco virtudes de São José que todo homem deveria ter

A vida dos santos precisa ser para nós como um livro vivo, no qual lemos as virtudes que têm sua fonte no próprio Cristo

Pelo menos, este é o objetivo da Igreja quando se canoniza alguém: dizer aos cristãos que a santidade é possível e propor um caminho para ajudá-los a chegar a este propósito, fim de todo homem, criado à imagem e semelhança de Deus. Trata-se de vidas que se permitiram ser modeladas pela graça, a tal ponto que chegam a ser um anúncio da santidade de Deus mesmo. Neste mês de março, a Igreja nos propõe celebrarmos a solenidade de São José, pai adotivo de Jesus. Quais poderiam ser então as virtudes vividas por José, as quais todos os homens são chamados a imitar? Esta é uma tarefa um tanto quanto árdua, pois sua figura é marcada pelo escondimento e pela discrição.

O Catecismo da Igreja Católica diz que “a pessoa virtuosa é aquela que livremente pratica o bem” (CIC 1804). E o bem não poderia ser outra coisa senão a própria vontade de Deus. Ora, vemos no Evangelho segundo Mateus que José foi dócil a essa vontade. E nessa docilidade, vemos uma manifestação da virtude da fé, pois por meio dela, “o homem livremente se entrega todo a Deus” (CIC 1814). “Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa.” (Mt 1,24). Na busca de fazer sempre a vontade do Pai, podemos vislumbrar também em José a virtude da prudência, dado que esta « dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para realizá-los » (CIC 1806). Pois, afinal de contas, onde poderia estar nosso bem verdadeiro senão na prática da vontade de Deus?

Neste mesmo Evangelho, vemos uma outra virtude em São José: ele era um homem justo. O texto bíblico o diz explicitamente (cf. Mt 1,19). Este termo, dentro do contexto bíblico, vai muito além do significado de justiça que temos em nossas sociedades contemporâneas. Ele exprime a ideia de alguém que é fiel, «que observa a lei». E esta fidelidade à lei, esta observância gera, por consequência, uma retidão no agir, seja para com Deus, seja para com os homens. Vemos, então, a virtude da justiça : « A justiça é a virtude moral que consiste na vontade constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido » (CIC 1807). Em sua vida, diante daquilo que Deus lhe pedia, José não poderia lhe dar outra a não ser a realização de sua santa vontade.

Podemos também afirmar que São José tinha a virtude da fortaleza, uma das quatro virtudes cardeais. Pois, a fortaleza consiste em tornar o homem capaz de ter «segurança nas dificuldades, firmeza e constância na procura do Bem» (CIC 1808). E diante do que José viveu com Maria, antes do nascimento de Jesus, a procura de um lugar para que ela desse à luz, e depois fugindo da perseguição de Herodes, sem a virtude da fortaleza, talvez José não tivesse suportado a pressão das dificuldades exteriores. Essa virtude também o ajudou a permanecer na procura deste Bem, ou seja, da vontade de Deus que lhe havia sido claramente manifestada.

Por fim, José foi aquele que viveu a virtude do amor. Sem ela, ele não teria assumido viver a vontade de Deus como ela se lhe apresentou. « A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos, por amor a Deus » (CIC 1822). Ao amarmos o Senhor, amamos igualmente Sua vontade e assumimos firmemente todas as consequências que lhe são vinculadas. Desta maneira, podemos ver na vida de São José, mesmo que contada tão brevemente pelos evangelhos, a presença deste movimento de amor que o levou a amar a Deus até as últimas consequências.

André Botelho
Fundador e moderador geral da comunidade católica Pantokrator

Por que o casal precisa ter fé?

Os cientistas dizem que, por causa do buraco na camada de ozônio, o calor está aumentando, a cada ano, em escala avançada. No entanto, a fé sobre a terra está esfriando dia após dia em escala assustadora! A mentalidade atual não é de oração, mas de eficiência: somos nós que resolvemos os nossos problemas. Porém, Jesus contou uma parábola sobre a necessidade de orarmos sempre, sem nunca nos desanimarmos.

“Numa cidade, havia um juiz que não temia Deus nem respeitava homem algum. Na mesma cidade, havia uma viúva, que vinha à procura do juiz e lhe pedia: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!”. Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Não temo Deus e não respeito ninguém. Mas essa viúva já está me importunando. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha, por fim, me agredir!’” E o Senhor acrescentou: “Escutai bem o que diz esse juiz iníquo! E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que, dia e noite, gritam por ele? […]” (Lc 18,1-7).

A luta não é contra os problemas de bebida ou o adultério do cônjuge, nem contra a revolta dos filhos nas drogas, no desregramento. A batalha que enfrentamos vai além das forças humanas; é uma luta espiritual. Estamos lutando contra os inimigos do mundo espiritual, que querem destruir o casamento.

Pois a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, os espíritos malignos espalhados pelo espaço. […] Com toda sorte de preces e súplicas, orai constantemente no Espírito. Prestai vigilante atenção neste ponto, intercedendo por todos os santos (Ef 6,12.18).

No entanto, o Senhor nos revela: “Tudo pode ser mudado pela oração”. Eis o testemunho de Dona Rita. Ela é uma demonstração muito clara desta verdade:

Havia cinco anos, meu marido, Carlos, e eu estávamos morando em Caraguatatuba (SP). Numa noite do mês de novembro de 1993, bateu à nossa porta um advogado, dizendo ao Carlos que ele, com um grupo de pessoas, haviam ganhado uma ação contra o Estado. Carlos não se lembrava, pois fazia mais de dez anos que ele tinha movido aquela ação.

Com aquele dinheiro, a construção de nossa casa seria finalizada e até poderíamos comprar os móveis. Eu já estava doente, embora não soubesse da gravidade, mas Deus, na Sua misericórdia, cuidou de tudo que eu iria precisar.

Meu quadro piorou, tive anemia por mais de dois anos e fui a São Paulo fazer exames mais específicos. Meus amigos se mobilizavam em oração e jejum para que o Senhor me curasse. Naquela ocasião, eu era coordenadora diocesana da RCC em Caraguatatuba e já conhecia a Comunidade Canção Nova. Lá, muitos membros rezavam por mim.

No dia oito de dezembro, com os exames prontos, voltei ao médico. Ele, depois de muito “rodeio”, disse que meus exames constatavam um câncer e que eu deveria passar por uma cirurgia imediatamente. A questão era grave, o tumor estava alojado no intestino, quase impedindo a passagem das fezes. Se isso ocorresse, seria fatal. Recebi essa notícia com muita tranquilidade, não por minhas próprias forças, mas sim pela força da oração de muitas pessoas.

Naquele dia, completávamos 31 anos de vida matrimonial, e fomos participar da Santa Missa, que era em honra à Medalha Milagrosa. Lá também rezaram por mim. Ao chegar à igreja, a Missa estava terminando. O padre dava a bênção com o Santíssimo Sacramento e, ao me avistar, veio até mim e me abençoou. Percebi o carinho de Deus para comigo.

Minha família permaneceu no hospital, rezando por mim, e a imagem de Nossa Senhora ficou na cabeceira da minha cama. Quando as enfermeiras entravam no quarto, sentiam a presença de Maria e falavam:

“Nossa Senhora está fazendo maravilhas neste andar!”

Depois de todas as tribulações, de perder o cabelo e fazer a cirurgia para a retirada do tumor e da vesícula, a minha recuperação foi espantosa. Cinco dia após a cirurgia, tive alta e passei o Natal em casa.

No início do seguinte ano, comecei as sessões de quimioterapia. Passei por grandes sofrimentos. Na terceira aplicação, pensei que fosse morrer. Vendo meu desespero, meu marido resolveu me levar para Cachoeira Paulista (SP), na Canção Nova, com 40ºC de febre.

Na Quinta-feira de Adoração, eu já estava bem melhor! Fomos à Casa do Dunga – já éramos amigos. Ele se compadeceu ao me abraçar, pois meus cabelos saíram em suas mãos e eu estava muito debilitada. Dunga foi chorar no banheiro; em seguida, chamou o padre Jonas.

Rezando por mim, padre Jonas abriu a Palavra de Deus e disse: “Não temas nada, homem de predileção! Que a paz esteja contigo! Coragem!” (Dn 10-19). Rita troque a expressão ‘homem de predileção’ por ‘mulher de predileção’ e assuma essa realidade em sua vida. Você não deve temer nada!’.

Voltando para São Paulo(SP), na sexta-feira, já me sentia outra pessoa. A cura ocorreu gradualmente.  Há quase dez anos, recebi essa graça para honra e glória de Deus! Passei por todas as revisões que os médicos pediram. Não havia dúvida: eu estava completamente curada. Hoje, não apenas tenho saúde perfeita, mas, como repete sempre o padre Jonas, Deus me deu um cabelo novo, bem diferente do antigo”, afirma Rita.

Deus quer tocar nosso coração, quer nos reanimar, levantar nosso casamento. Para Ele não existe distância, e o tempo é sempre “presente”. Por isso, cada vez mais, precisamos de casais que tenham fé e não duvidem do que Deus pode realizar em nossa vida.

Monsenhor Jonas Abib
Artigo extraído do livro: “Homem e Mulher em sintonia”

Sejamos solidários com o sofrimento do nosso próximo

Jesus se move de compaixão desse homem que está à beira da piscina de Betesda, porque junto dele há muitos doentes, enfermos, cegos, coxos e paralíticos que vão atrás dessa água por seu poder medicinal. Muitos que conseguem entrar nela ficam curados, quando a água se agita e vai ao encontro deles. Contudo, aquele homem, ali deitado, não conseguia chegar até aquelas águas, porque, quando elas se agitavam, apesar de ele tentar ir ao encontro delas, outras pessoas passavam à frente dele, não ligavam para ele; até o pisoteavam e o deixavam para trás.

E havia trinta e oito anos que esse homem tentava chegar àquela fonte de cura e não conseguia. Ninguém olhava para ele, ninguém se preocupava com a sua dor, com a sua enfermidade e com seu sofrimento.

Deixe-me dizer uma coisa a você: é muita desumanidade, é muito egoísmo quando eu busco a “minha” cura, a “minha” libertação, a “minha” restauração, a “minha” bênção, o “meu” pão, as “minhas” coisas e não sou capaz de olhar para quem está do lado, para quem caminha comigo, para quem está atrás de mim ou na minha frente. Simplesmente eu vou buscar o que eu quero e cada um que se vire por si. Esse é o maior de todos os egoísmos! E isso não é no mundo lá fora, isso é com as pessoas que pertencem ao Reino de Deus, na casa de Deus.

Nós, muitas vezes, entramos e saímos da igreja sem nem nos darmos conta de quem está lá. Da mesma forma, nós andamos pelas ruas, calçadas, cidades e existem pessoas que há  tantos anos vemos na nossa frente, mas não sabemos o que se passa com elas, o que elas têm, o que elas sofrem. Isso porque nós vivemos um ritmo frenético da vida, temos nossa rotina, nossas obrigações e não temos tempo de olhar para o sofrimento do outro.

Por isso a maior cura que Deus pode realizar em nosso coração e em nossa vida é nos ajudar a sermos menos egoístas, curar o nosso orgulho, abrir os nossos olhos e nos ajudar a ver o sofredor ao nosso lado. [A maior cura que Ele quer realizar] É abrir a nossa mão para que ela vá ao encontro e ao socorro do outro que está necessitado, do outro que precisa chegar perto de Deus, do outro que precisa de ajuda para encontrar sua saúde e o sentido da sua vida.

A minha fé não pode me levar a me fechar em mim mesmo, a buscar apenas os meus interesses e a satisfazer as minhas necessidades.

A fé abre os olhos, orienta os horizontes e nos ajuda a perceber que nós precisamos cuidar de quem está ao nosso lado! Que Deus converta o meu, o seu e o nosso coração para que nos tornemos menos egoístas e mais solidários com quem sofre e com está ao nosso lado!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

A oração feita com humildade agrada a Deus

A parábola que nós ouvimos hoje nos mostra duas situações cotidianas de nossa vida. Nós podemos nos considerar de um lado e de outro ou, muitas vezes, viver a dualidade. Jesus quer nos mostrar, com esses dois exemplos, qual é o caminho que, de fato, nos eleva ao céu e faz com que a nossa oração cheguem até Ele.

Quem já é da caminhada cristã, quem caminha ao lado do Senhor há um tempo, corre o sério risco de se tornar um fariseu na prática da sua fé, inclusive a própria oração pode se tornar “farisaica”. Quando rezamos muito e achamos que os outros rezam pouco, nós medimos a nossa oração e damos propensão ao nosso coração para que ele ceda ao orgulho e à tentação de nos acharmos o máximo. Quando nos consideramos melhores do que qualquer pessoa, mais santos, menos pecadores, mais justos, mais salvos, cometemos outro risco; bem como quando olhamos os defeitos dos outros e não somos capazes de olhar os nossos, nem de reconhecer nossas faltas e misérias.

Talvez você pense: “Quem rouba, quem mata, quem adultera são os outros! Eu nunca cometi nada disso!”. E nisso, os pecados que nós não consideramos nada vão, muitas vezes, se escondendo debaixo do tapete e ficam na penumbra do nosso coração.

A oração que agrada a Deus é a oração do pecador;  a oração feita com humildade e do fundo da alma, a oração de quem se faz pequeno, de quem se apresenta diante do Senhor não com grandeza, mas com pequenez; reconhecendo suas misérias, suas faltas, seus erros e nunca apontando o dedo para os outros, mas sempre para si mesmo, reconhecendo, a cada dia, que sem a graça de Deus nós não somos nada.

O pecado do farisaísmo é o orgulho e a autossuficiência. Uma pessoa orgulhosa e autossuficiente na vivência da fé já se acha experiente, conhecedora de todas as coisas; sempre olha os outros de cima e se acha o máximo. Para Deus só há um “máximo”: é quem se faz pequeno, é quem se humilha e nunca humilha os outros. É quem reconhece a sua pequenez e se aproxima do coração d’Ele para clamar por misericórdia, por perdão e por piedade.

Que o Senhor Deus hoje nos ensine a oração agradável ao Seu coração, que Ele nos ensine a oração que realmente liberta a nossa alma. Que nunca seja a oração da justificação, mas sim a oração da contrição e do reconhecimento, por meio da qual tocamos em nossa miséria e jamais não nos sentimos superiores a ninguém.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Fortaleza em Deus: caminho de superação

Deus está dizendo para nós que Ele não nos deu um espírito de timidez. Deus nos deu um espírito de fortaleza, que é um dom do Espírito Santo.

As tribulações são os atritos que existem em nossa alma. A paciência é a virtude dos fortes. Quando você vence a luta interior, você vai se tornando paciente, se tornando forte. A tribulação gera paciência e a paciência gera fidelidade a Deus, não me deixando desanimar.

Todos nós temos o espinho na carne, assim como São Paulo, mas a esperança que é gerada pela fidelidade nos faz dizer, “eu sei em quem coloquei a minha confiança”, a nossa confiança está em Deus. A nossa esperança é a esperança de uma Igreja que sabe que vai vencer, a Igreja é invencível.

Jesus não nos prometeu que não iríamos sofrer, mas prometeu que iríamos vencer. A nossa alegria de ser cristãos, de ser católicos é sabermos que somos vitoriosos. Nós temos a esperança que não engana, como diz São Paulo. Infelizmente, há uma falsa esperança sendo lançada no mundo, mas a esperança em Cristo não nos decepciona.

São Paulo diz que é o Espírito Santo derramado em nosso coração que nos dá essa esperança. Nós temos que entender que o sofrimento, a tribulação existem por consequência do pecado. Em Rm 6,23 lemos: “Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.” A morte vem do pecado, a doença vem do pecado, as lágrimas vem do pecado e não só do meu pecado, mas do pecado de toda a humanidade.

A primeira morte é quando o corpo se separa da alma e a segunda morte é quando a alma se separa de Deus, indo para o inferno. Jesus com sua morte pregou na cruz o documento de dívida que tínhamos com Ele.

O cristão sofre com sentido porque sabe que o sofrimento tem valor. Deus escolheu o sofrimento para salvar o mundo porque achou que era o melhor caminho. “Deus sempre tira o bem do mal” (Santo Agostinho). Deus sempre sabe tirar o mal do mundo e transformá-lo em bem.

“Eles desconhecem os segredos de Deus, não esperam que a santidade seja recompensada, e não acreditam na glorificação das almas puras.Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza.” (Sabedoria 2, 22-23). Se não houvesse o pecado original não passaríamos pela morte.

Jesus deu um sentido ao sofrimento, nenhum cristão pode sofrer sem esperança, sem sentido. É possível divinizar seu sofrimento fazendo com que ela tenha valor divino, unindo o seu sofrimento com o sofrimento de Cristo. Quando o sacerdote levantar o cálice, na Santa Missa, diga “Senhor, aí eu deposito todo o meu sofrimento, toda a minha dor”.

Deus usa o sofrimento para nos salvar. Todos os santos sofriam com o crucifixo na mão. Se Jesus passou por tudo o que passou, eu vou desanimar?

É Deus quem nos corrige e nos santifica pelas tribulações, através das lutas, das provações. Nós vamos ganhar o céu lutando e as tribulações são essa luta, então não temos que reclamar da luta. Deus permite a cruz para te santificar.

Em Hebreus 12, 4 temos: “Ainda não tendes resistido até o sangue na luta contra o pecado”. O Espírito Santo quer que resistamos ao pecado até o sangue. Não há coisa pior para a Igreja do que o pecado, tudo o que Jesus fez foi para tirar o pecado do mundo. Mas, como vou tirar o pecado da minha carne? A tribulação é um jeito Deus tem de tirar esse pecado de nós.

Deus tira as crostas da nossa alma, o orgulho, a vaidade, a ganância, o egoísmo, o ódio, a vingança, as paixões desordenadas através das tribulações. Então, deixe Deus tratar da sua alma!

Deus te corrige porque você é filho, o bom pai corrige o filho e não é por maldade é por amor. A prova de que Deus nos ama é que Ele nos corrige. Ele nos corrige para nos comunicar a sua santidade. Deus quer que sejamos santos porque se não formos santos não entraremos no céu.

A sua alma estará purificada quando ela refletir o rosto de Cristo. A nossa alma é colocada no fogo que são as tribulações. O sofrimento nos purifica, nos santifica e salva o mundo. E como vamos suportar esse fogo, como vou aguentar ficar no fogo da purificação? Você tem que se unir a Deus, precisa ter vida espiritual.

“Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15,5). É pela oração, joelhos no chão, que vou permanecer com Jesus. Você precisa se confessar, limpar o pecado, porque o Espírito Santo só não aceita encher um vaso sujo. Tenho que receber Jesus na Eucaristia, tenho que meditar a Palavra de Deus. Na hora da tribulação, abra a Bíblia!

Assim como o peixe morre sem água, o pássaro não vive sem o ar, nós não vivemos sem Deus. Muitos cristãos desanimam, se cansam porque querem fazer o trabalho com a própria força. Você não consegue fazer nada sem Deus!

É muito importante se consagrar à Nossa Senhora, Jesus entregou sua mãe a nós. Nós precisamos dela, essa entrega não foi um capricho de Jesus. Quando você se derramar em Nossa Senhora, quando você se consagrar a ela você verá que a sua vida vai mudar.

Prof. Felipe Aquino

4º Domingo da Quaresma

O livro das Crônicas, posteriormente separados em dois, faz uma releitura teológica da história do Reino de Judá. Pode-se dizer que os dois são uma grande história do templo de Jerusalém, tão importante na vida do povo, por ser o lugar escolhido por Deus para a sua morada. Crônicas foi escrito em Jerusalém por volta dos 340-300 a.C. O livro é bastante sucinto na descrição da tragédia que culminou com o exílio do povo.

Não interessa aos cronistas narrar a derrota da Casa de Davi, com a destruição da cidade e do templo. Após rápidos registros inspirados no segundo livro dos Reis (2Rs 23,31-25.30), sobre os últimos reis de Judá, os cronistas narram a chegada de Ciro ao trono da Pérsia. Concluem a narrativa transcrevendo o conhecido decreto real, que permitiu a volta dos exilados para Judá.

Os cronistas encerram o livro (2Cr 36, 22-23) com o decreto de Ciro (Cf. Esd 1, 1-3). O livro de Crônicas se dirige à comunidade de judeus que voltaram do exílio, após setenta anos,  e estão empenhados na reconstrução de Judá. Após todos os erros dos seus reis, o povo conseguiu retornar por benção e graça do Senhor. Dessa forma, a  história precisa ser lida de maneira positiva: Deus é o Senhor da história. Nada acontecerá ao povo, enquanto o culto a Deus, celebrado no templo de Jerusalém, continuar a existir.

Preservar a nação e o culto se tornará a grande tarefa histórica do povo, liderado pelos sacerdotes e levitas. É preciso, pois, uma nova capacidade de escuta para compreender os caminhos com que o Senhor executa seu plano. O povo infiel viu no retorno à sua terra e na reconstrução do templo a salvação e a misericórdia de Deus.

Na segunda leitura (Ef 2, 4-10), encontramos os atributos de Deus, provindos do Primeiro Testamento: rico em misericórdia, amor, favor e bondade. Por sua iniciativa e por causa de sua misericórdia, Deus fez todos passarem da morte para a vida, do pecado para a graça, e permitiu que todos participassem antecipadamente da vida divina, por meio da ressurreição de Jesus (cf. vv. 4-7). Tudo isso  é dom maravilhoso da graça de Deus, em vista das boas obras a serem praticadas (cf. vv. 8-10).

O Evangelho deste domingo (Jo 3, 14-21) é o encontro de Jesus com Nicodemos. Este fariseu e membro do sinédrio percebe que a exigência de Jesus está na transformação, no novo nascimento – mas não entende de que maneira possa realizar-se tal mudança. Esta é possível somente no impulso do Espírito, que leva a uma aceitação  da proposta de Jesus – “quem nele crê não será condenado” (3,18) – e então, a uma prática segundo a verdade, realizando as obras de Deus (Cf. 3,21).

O Batismo é o sinal – sacramento – dessa transformação radical, que provoca um agir na verdade e na luz.

Essa transformação que permite entrar na novidade do Reino realiza-se plenamente na cruz de Jesus: “Como Moisés levantou a serpente do deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a fim de que todo o que nele crer tenha a vida eterna” (Cf. 3, 14-15).

Não há como entrar nessa perspectiva nova do Reino sem passar pela noite da cruz – que é morte a todo um mundo de falsidade e opressão, e assim ressurgir para uma novidade de vida.

A experiência de morte e vida feliz ou salvação, feita pelo povo de Israel, prefigura a experiência de toda a humanidade. Longe de Deus ela se encontra na desgraça. Acolhendo a Deus, a manifestação de sua misericórdia em Cristo Jesus, ela vive. Para toda a humanidade Deus manifestou sua misericórdia em Cristo Jesus, seu Filho. Como a serpente no deserto, também ele é elevado da terra num gesto de amor ao Pai e à humanidade toda, entregando sua vida pela salvação do mundo. Assim, o templo de Deus no mundo faz com que todo o mundo possa transformar-se em templo de Deus.

Dessa forma, Jesus Cristo torna-se luz do mundo. Todo ser humano que nele crê não anda nas trevas. Também ele se torna luz. E luz é símbolo de alegria, de felicidade e de salvação.

Diocese de Limeira

A humildade nos aproxima do coração do Pai

Amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, nós hoje temos a graça de partilhar a Parábola do Filho Pródigo. Na verdade, eu gosto mais de olhar essa parábola a partir do pai, porque, na verdade, o grande pródigo é mesmo o pai: é ele quem esbanja amor, misericórdia, bondade e doçura.

O filho, que morava com o pai, reclama a sua parte na herança. E como podemos entender a herança que o filho pede ao pai? É o desejo de liberdade. É como se ele dissesse: “Pai, permita-me fazer o que eu quero, permita-me ser como os outros, permita-me ir para o mundo, viver o que eu tenho vontade de viver e fazer!”.

O grito que bateu no coração daquele filho é o grito que, muitas vezes, bate também no coração de cada um de nós: o desejo e o anseio pela autonomia, pela liberdade e, muitas vezes, até a vontade de viver o que o mundo vive. Muita gente que é de Deus, algumas vezes, se cansa de ser diferente; às vezes, sente a tentação de que é preciso viver no mundo como todos vivem. Nós não somos melhores do que ninguém, mas estamos na casa do Pai!

É o mundo largo, com propostas, tentações e aberturas, ao qual, muitas vezes, sucumbimos com um tremendo chamado dentro de nós. Quantos filhos estão longe dos seus pais; quantos maridos vivem a experiência de ser pródigos, deixam seus filhos, sua esposa e vão viver no mundo como querem.

Eu, muitas vezes, digo: temos que fazer de tudo para manter os nossos ao nosso lado. Mas chega um tempo em que, muitas vezes, é preciso deixá-los e lhes dar aquela mesma liberdade que o pai deu para o filho. É verdade que nem todo filho pródigo volta, pois muitos filhos partiram para longe da casa de Deus e não voltaram. É óbvio que o coração do Pai está aberto e sempre espera que o filho volte.

Se nós fizemos a experiência de ir para longe dos braços e do colo de Deus, que bom que voltamos! É importante pedirmos a graça de Deus para permanecermos firmes, mas se nós estivermos longe do Senhor será preciso pedir a graça d’Ele para voltar ao Seu coração. E aqui “voltar” não significa somente voltar a frequentar a igreja. Nesta passagem bíblica, a primeira coisa que o filho pediu ao pai foi perdão, foi um reconhecimento sincero de que ele fraquejou, que ele desperdiçou, que ele mesmo colocou a sua vida em risco. Ele mesmo diz: “Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho” (Lucas 15, 21).

A humildade é a graça de que nós precisamos para voltar ao coração do Pai! Peçamos a esse Pai misericordioso que nos conceda, neste tempo da graça chamado “Quaresma”, a graça de um coração arrependido, sincero, humilde para que sejamos novamente acolhidos nos braços d’Ele.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

3º Domingo da Quaresma

O texto do livro do Êxodo 20, 1-17, proclamado neste terceiro domingo da Quaresma, se enquadra no contexto da Aliança que Deus sela com seu povo. O grande gesto de salvação de Deus é a libertação do povo da escravidão.

Mas, para ser um povo verdadeiramente livre e feliz, Deus lhe dá os mandamentos, que não são um peso, não cerceiam a liberdade, mas dão segurança e garantem a felicidade. A Aliança é um pacto: por parte de Deus, a libertação da escravidão do Egito; por parte do povo, a lei de Deus.

No centro do decálogo (dez palavras) está a defesa da vida. O espírito sagrado dos mandamentos está no versículo 2: devem possibilitar a experiência de Deus como presença libertadora e protetora da vida. A lei dos dez mandamentos indica o caminho que o povo deve percorrer desde a “casa da escravidão” até à plena liberdade junto a Deus.

Os dez preceitos são breves e gerais, repartidos em deveres para com Deus e para com o próximo, em forma negativa e positiva. Embora breve e seletiva, a série abrange um campo amplíssimo de conduta. Deus exige do ser humano que este o respeite e ao próximo. Os mandamentos se contrapõem às opressões sofridas pelo povo no Egito, onde, em nome do deus do faraó, se justifica todo tipo de opressão.

Na segunda leitura (1Cor 1, 22-25), o sinal da Aliança não é mais o sangue dos cordeiros (cf. Ex 24), mas o sangue de Cristo, que sela a nova Aliança entre Deus e a humanidade. No anúncio cristão, o evento pascal não é mais a libertação do Egito, mas o Cristo crucificado. A salvação é agora obtida mediante a fé no acontecimento da cruz, poder e sabedoria de Deus, porque são capazes de dar a salvação.

De fato, a cruz, cerne da pregação de Paulo, parece uma verdadeira loucura, sinal de fraqueza e caminho de perdição. Mas Deus a transformou em sabedoria, sinal de força e caminho de salvação, porque alicerçada no amor.

No Evangelho (Jo 2,13-25), lemos que Jesus expulsou os comerciantes do templo e derrubou a mesa dos cambistas. Observando a composição do Evangelho de João, não se pode omitir uma referência ao lugar que nele ocupam as festas judaicas. Em torno destas festas se cristalizam certos conjuntos. O ponto de vista do evangelista é mostrar que todas as festas do templo encontram sua plenitude no Cristo, cujo corpo é, doravante, o único templo (Cf. 2,21). Não se pode colocar remendo novo em pano velho (Cf. Mc 2,21).

Isso é evidente desde a primeira subida de Jesus a Jerusalém nas proximidades da Páscoa (Cf. 2,13). Jesus explica não só (como nos sinóticos) os cambistas e os vendedores de pombas, mas também bois e ovelhas (Cf. 2,14). Ora, bois e ovelhas eram vítimas pascais (Cf. Dt 16,2). A insistência do evangelista, que repete no versículo 15: “com suas ovelhas e seus bois”, deseja sublinhar que as vítimas destinadas à Páscoa foram expulsas. É sinal de que virtualmente a Páscoa judaica fica abolida.

Vale notar que a expulsão dos vendilhões do templo, que em João situa-se no início do ministério público de Jesus (próxima a uma festa de Páscoa), é colocada pelos sinóticos após a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém.

Segundo João, a ruptura, com as autoridades do templo tem lugar no começo de sua vida pública. Nos sinóticos, este gesto, no final de seu ministério, faria transbordar um cálice já cheio: a hostilidade dos chefes judeus contra Jesus.

Voltemos à questão do templo. Trata-se do conflito entre o templo antigo, feito de pedra com seus muitos sacrifícios de animais, e o templo novo que é Jesus, presente nas comunidades. O templo antigo ficava em Jerusalém. Era um só para todos! Deus ficava longe. Mas o povo fazia romarias para visitá-lo e sentir a sua presença. Jesus, o novo templo, está presente em cada comunidade, em toda parte. Ele faz Deus ficar bem perto de nós.

Jesus vai ao templo para encontrar o Pai, e encontra o comércio. Encontramos aqui um contraste entre o antigo templo, que se transformou em casa de comércio, e o novo templo que é Jesus. Observando o que passava no templo, Jesus faz um chicote de cordas e de lá expulsa os vendedores com seus animais. Derruba as mesas dos cambistas, joga o dinheiro no chão e diz aos vendedores de pombas: “Tirai isso daqui! Não façais da casa do meu Pai uma casa de comércio” (Jo 2,16).

O gesto e as palavras de Jesus lembram várias profecias; a casa de Deus não pode ser transformada em covil de ladrões (Cf. Jr 7,11); no futuro não haverá mais vendedor na casa de Deus (Cf. Zc 14,21); a casa de Deus deve ser uma casa de oração para todos os povos (Cf. Is 56,7).

Vendo o gesto de Jesus, os discípulos foram lembrados outras frases e fatos do Primeiro Testamento: “O Zelo de tua casa me devora” (Sl 68,10), e o profeta Elias que dizia: “Eu me consumo de zelo pela casa de Deus” (1Rs 19,10).

Tocando no templo, Jesus tocava no fundamento da religião do seu povo. Os judeus, isto é, os líderes, perceberam que ele tinha agido com grande autoridade. Por isso, pedem que apresente as credenciais: “Que sinal nos mostras para agir assim?” (Jo 2,18). Jesus responde: “Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei” (Jo 2,19). Jesus falava do templo do seu corpo, que seria destruído pelos judeus e em três dias seria totalmente renovado por meio da ressurreição.

Os judeus tomaram as palavras de Jesus ao pé da letra e zombaram dele: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu levantarás em três dias?” (Jo 2,20).

Os discípulos também não entenderam o significado desta palavra de Jesus. Só depois da ressurreição foi que eles se deram conta de que ele estava falando do templo do seu corpo (Cf. Jo 2,22). A compreensão das coisas de Deus só acontece aos poucos, em etapas.

A expulsão dos comerciantes tinha ajudado a entender as profecias do Primeiro Testamento. Agora, é a luz da ressurreição que ajuda a entender as palavras do próprio Jesus. O Ressuscitado é o novo templo onde Deus se faz presente no meio da comunidade.

Naqueles dias da festa da Páscoa, estando Jesus em Jerusalém, muita gente começou a crer nele por causa dos sinais que ele fazia. João comenta que a fé da maioria destas pessoas era superficial e Jesus não lhes dava crédito, pois conhecia o seu humano por dentro (Cf. Jo 2,23-25).


Diocese de Limeira