A alegria de esperar em Deus

O que você vem esperando de Deus há muito tempo? O Senhor reservou graças maravilhosas para todos nós. Feliz é você que espera em Deus, porque Ele está contigo!

A Palavra de Deus nos mostra o que alcança um coração confiante: “E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me! Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: O mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã” (Mateus 15,21-28).

Essa mulher tinha tudo para não ficar curada, pois a promessa era feita para Israel, e ela não era desse país, mas sim da Cananeia, conhecida por ser uma cidade de prostituição, de adoradores de vários deuses e matadores de crianças, pois as ofereciam para morrer em sacrifício aos deuses. Mas essa mulher reconhece que Jesus é o Senhor. Ela sabia que, quando se colocasse na presença d’Ele, as coisas mudariam. Você tem essa esperança?

Coloque-se diante de Jesus revestido de esperança. Quantas pessoas vão se revestir de roupas novas! No entanto, não adianta revestir o corpo se a alma não estiver revestida [pelo Senhor]. É preciso trazer, diante de Deus, aquilo que o angustia, assim como essa mulher fez.

Quando colocamos o nosso coração em Deus, mesmo sem merecermos a graça, nós a alcançamos. Mas enquanto a esperamos, precisamos louvar ao Senhor, pois precisamos ter corações gratos e esperançosos.

O semeador não pode parar de semear, porque está cansado ou decepcionado. Assim somos nós; precisamos semear com lágrimas a nossa verdade, plantá-la no coração de Deus. Enquanto rezamos, semeamos.

E Jesus falou para aquela mulher: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Mas ela insistiu e disse que o impossível para nós é migalha para Deus.

Quando nos colocamos em oração, precisamos ter uma fé firme, mesmo correndo o risco do ridículo. Veja o que essa mulher ouviu de Jesus: “Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos”. O Senhor estava com pessoas a Sua volta, mas a mulher, mesmo assim, expôs-se e colocou a confiança diante do único que poderia salvar sua filha. Tenha você também uma fé viva e firme! Tenha uma vontade decidida de saber o que você quer diante de Deus. Tenha fé. Decida-se e, mesmo ouvindo de Jesus o que essa mulher ouviu, tenha firmeza, porque será feito de acordo com a sua fé.

Se estiver na angústia ou na alegria, apegue-se ao Senhor, espere e firme-se na fé. Não desista na demora, pois Deus vai lhe conceder a graça de que precisa no momento certo. Seja fiel a Deus, apegue-se a Jesus e saiba que Ele o ouve.

Espere no Senhor, peça e não desista! Não tenha medo de se decepcionar, só consegue o seu objetivo quem acredita e espera. Não se desespere, porque quando você está desesperado você fica amarrado. A fé é a vacina contra a desesperança, o remédio que você precisa para o seu coração.

Quando sabemos que algo vai acontecer de bom, três dias antes já nos alegramos. Se você sabe que Deus vai atendê-lo, você precisa se alegrar. Tenha fé e coragem! Enquanto você espera, louve a Deus.

“O Senhor é a minha luz e a minha salvação. A quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?” (Salmo 27)

Não tenha medo de lutar por aquilo em que você acredita! Quem luta vence, quem luta com Deus é invencível!

A alegria jorra de um coração que confia no Pai. Deus socorre quem confia n’Ele. Quando confiamos no Senhor, somos curados.

Márcio Mendes
Missionário da comunidade Canção Nova

Sejamos perseverantes nos caminhos do Senhor

Lendo a Carta aos Hebreus, nós hoje somos chamados a reavivar a nossa perseverança para cumprir a vontade de Deus e alcançar aquilo que Ele prometeu a nós. Sabem, meus irmãos e minhas irmãs, perseverança é uma graça a ser alcançada e buscada a cada dia. Não adianta você perseverar nas coisas de Deus por um ano, por dois anos, por três anos e depois dizer: “Já deu!”

Quem perseverar até o fim será salvo e fará parte do time definitivo do Senhor! Por isso a perseverança deve ser a graça buscada, por excelência, por cada um de nós, porque, ao longo do caminho, nós vamos encontrar muitos motivos para que desanimemos, para que percamos o fervor e, como diz a Palavra, para que esmoreçamos. E quando esmorecemos, desanimamos e nos desviamos do caminho do Senhor podemos ter a certeza de que Deus não vai encontrar satisfação em nosso coração.

Por intermédio da oração, da leitura diária da Palavra de Deus e da escuta contínua ao Senhor é que vamos criando consistência, vamos criando realmente a forma de Deus em nós!

Quem está de pé precisa lutar para não cair e quem já caiu precisa ir buscar a força em Deus para se levantar. O que não podemos é caminhar desviados do caminho do Senhor, precisamos encontrar aquela retidão de caminhar em Deus sem esmorecer. É óbvio que algum desânimo e algum esmorecimento vão bater à nossa porta, mas não há problema! O que não podemos é ficar esmorecidos, desanimados e entregues ao nosso cansaço e à nossa falta de gosto pelo Senhor.

É hora de retomar, de insistirmos com a nossa vontade, muitas vezes, machucada, mal inclinada e desorientada para que ela se firme nos caminhos do Senhor. Que fique bem claro em nosso coração que é preciso perseverar, ter persistência e insistência nas coisas de Deus até o fim, pois só assim seremos salvos!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

3º Domingo do Tempo Comum

O livro de Jonas foi escrito depois do regresso do exílio da Babilônia (538 a.C). O povo sofrido e desconfiado de tudo começou a cultivar certo nacionalismo radical e alimentar o desprezo e o ódio por outras nações. E nessa corrente, Deus acaba sendo envolvido.

O escrito de Jonas vai mudar essa visão fechada e doentia, mostrando claramente que Deus também se preocupa com o destino de outras nações.

Nínive representa, de verdade, o que há de mais detestável e odioso para um judeu, pois é a capital da Assíria, uma nação opressora. Neste contexto é que se entende porque Jonas quer fugir de Deus. Jonas não admite a possibilidade de Nínive, símbolo da opressão, receber atenção de Deus, ou seja,m se os judeus odeiam essa cidade, por que Deus deveria interessar-se por ela? O texto situa-se logo depois do episódio de Jonas ter sido vomitado na praia pelo peixe (ou seja, nem o peixe consegue “digerir” tamanha mesquinhez de Jonas).

Desta vez, o “profeta” obedece à ordem de Deus e vai a Nínive, a fim de proclamar ai a mensagem de Deus. O texto descreve a cidade como fantástica e enorme: são necessários três dias para atravessar a cidade. Exatamente, nesta cidade, Jonas anuncia. “Dentro de quarenta dias Nínive será destruída!” (3,4). Mas bastou um dia de pregação para que toda a população acreditasse em Deus, proclamasse um jejum e vestisse roupas de penitencia, obtendo assim o perdão de Deus.

É preciso colher alguns ensinamentos preciosos do texto: 1) Foi suficiente um terço da atividade de Jonas para que a cidade inteira se convertesse a Deus. Como é possível isso? 2) A cidade tem prazo de quarenta dias para se converter, a fim de não ser destruída, mas já no primeiro da do anúncio todos se convertem.

Na verdade, Israel sempre teve profetas e sacerdotes que lhe mostravam o projeto de Deus, mas infelizmente, a conversão não aconteceu. Os nivivitas, ao contrário, mudam rapidamente de atitude ao primeiro anúncio de um profeta estrangeiro, e crêem em Deus. Eles são mais obedientes a Deus que os israelitas.

No tempo em que a carta aos Coríntios foi escrita, acreditava-se que o fim do mundo estaria próximo. Então, o que fazer diante disso? Havia muitas opiniões. Alguns afirmavam que a única coisa era gozar a via antes que ela terminasse. Alguns pensavam que o melhor era não casar, outros queriam casar. Paulo constata que não há nenhum preceito do Senhor a respeito.

Nos Atos dos Apóstolos, a procriação no casamento era prioritária: era preciso gerar filhos para o crescimento do povo de Deus, pois este dependia de uma raça. A partir de Jesus, porém as coisas mudaram. O povo de Deus não é uma raça, mas a união de muitos povos em torno do projeto de Deus, anunciado em Jesus. A tarefa prioritária consiste no anúncio de Jesus, pois é assim que o povo de Deus cresce. Paulo quer que a comunidade se empenhe com todas as forças para dilatar o Reino antes que o mundo termine, pois assim ela imprime novo sentido à história.

Em resumo: Paulo pressionado pela crença de que o mundo está para acabar e pela opinião popular de que é preciso gozar a vida antes que ela desapareça, ajuda os Coríntios a descobrir nova escala de valores: O Reino de Deus se impõe como valor absoluto, e isso vale tanto para os que casam como para quem decidiu não casar.

O Evangelho de Marcos foi escrito para “mostrar quem é Jesus” aos que se preparavam para receber o Batismo. O Evangelho vai revelando aos poucos quem é Jesus e, ao mesmo tempo, o que significa ser cristão.

Depois que João Batista, o mensageiro de Jesus, foi preso. Ele foi para a Galileia. Esse mensageiro mexeu com os interesses e privilégios dos poderosos. Então o que espera Jesus? Aos poucos, o Evangelho vai mostrar que Jesus, “o forte”, não se deixa amedrontar pelos poderosos, vencendo os mecanismos que geram morte para o povo. A Galileia é o lugar onde Jesus inicia a sua atividade. É uma região muito pobre, lugar onde mora gente sem valor e impura. É no meio dessa gente e a partir dela que Jesus anuncia seu programa de vida: “Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova”.

O programa de Jesus consta de três momentos:

1.    Anuncia que “o tempo já se cumprir”. A espera da libertação chegou a fim. Deus está presente em Jesus, atuando o seu projeto de liberdade e vida. O caminho de Deus e o caminho dos marginalizados ao uma coisa só. Jesus se faz pobre como eles.

2.    Jesus anunciar que “o Reino de Deus está próximo” Deus tomou a decisão de reinar. O Reino de Deus está próximo, porque a realeza de Deus vai tomando corpo através dos atos libertadores que Jesus realiza ao longo do Evangelho. Está também sempre próximo mediante a prática dos seus discípulos.

3.    Jesus diz: “convertam-se e creiam no Evangelho”. Conversão é sinônimo de adesão à prática de Jesus. A libertação esperada e o céu rasgado de nada adiantariam se as pessoas que anseiam pela libertação continuassem amarradas aos esquemas que mantêm a sociedade desigual e discriminadora. O Evangelho é apenas o início da boa notícia trazida por Jesus. Ela se tornará realidade mediante o compromisso das pessoas e comunidades que dizem sim apo Mestre.

Diocese de Limeira

A Palavra de Deus expulsa o mal de nossa vida

Deus, no Seu infinito amor e na Sua infinita misericórdia, escolheu e escolhe homens e mulheres para serem propagadores da Boa Nova do Reino d’Ele, para que façam o Reino de Deus acontecer ao Seu modo e a Sua maneira. É Deus quem escolhe a quem Ele quiser!

Você pode ter a certeza de que é um escolhido do Senhor, você é um chamado de Deus, para que, onde você esteja, exerça o apostolado de Jesus, seja uma presença viva d’Ele onde Ele o enviou. É claro que se você é casado, o seu primeiro apostolado é na sua casa e na sua família. Não podem um pai e uma mãe de família deixar a sua casa, a sua família, os seus, para primeiro ir pregar para os outros. Pode até pensar: “Eu trabalho na Igreja, sirvo o Senhor na Igreja, então eu tenho muitas responsabilidades nela [Igreja]!”. Não, a sua primeira Igreja é a sua casa, é ali você tem que exercer a sua evangelização e ser presença viva de Jesus no meio dos seus!

A partir do momento em que você evangeliza a sua família e a sua casa, você também pode evangelizar o mundo em que você vive, o seu trabalho, a sua escola, os seus vizinhos, aqueles que fazem parte da sua vida! Seja apóstolo do Senhor!

Duas coisas importantes não podem faltar na vida de um apóstolo, a primeira coisa: anunciar o Evangelho, pregar a Palavra de Deus. A primeira missão do apóstolo é pregar Jesus, é anunciá-Lo; não é pregar outra coisa, anunciar outra coisa; é anunciar o Reino de Deus! O Evangelho, assim como Jesus nos ensinou, nos dá a sabedoria necessária, a compreensão (a mais simples possível), para que, onde quer que estejamos, nós anunciemos o Seu nome.

A segunda missão do apóstolo é expulsar os demônios; onde Cristo está presente o demônio não reina, ele é expulso, dissipado, mandado para longe. Por isso onde está o apóstolo de Jesus as trevas não podem prevalecer! E sabemos que existem muitas coisas do mal no meio de nós, existem muitas maldades e muitas ações revestidas de bondade, contudo, no interior destas há muita maldade e muita coisa diabólica.

A inveja, a fofoca, o ressentimento e as brigas não são coisas de Deus, por isso o apóstolo tem que ser combatente, tem que reconhecer onde o mal está agindo – seja o mal explícito seja o mal escondido –, ou seja, revestido de pele de cordeiro, parecendo ser coisa boa. Ele  [apóstolo] tem que ter o discernimento e a sabedoria de não deixar o mal prevalecer sobre o bem, nem deixar as coisas erradas ser confundidas com coisas certas.

Expulsar os demônios é muito mais do que fazer exorcismo; é reconhecer onde as obras do mal, do maligno, estão agindo em nossa casa, em nossa família, no meio dos nossos ou em nós: em nosso temperamento, em nossa vontade e em nossa forma de agir. Nós expulsamos o mal e o primeiro modo de expulsá-lo do meio de nós é nos enchermos da Palavra de Deus e anunciá-la aos outros!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Só Jesus pode curar as enfermidades da nossa alma

Por onde Jesus passava, multidões iam ao Seu encontro. Eram pessoas doentes, enfermas, atormentadas, sofridas e machucadas pela vida, que, de alguma forma, queriam tocá-Lo e ouvir Suas palavras. Queriam encontrar um remédio, um cuidado para o seu sofrimento. Eles encontravam no toque, na acolhida, na ternura e na Palavra de Jesus consolo, conforto e cura para suas aflições.

Jesus era o remédio vivo para o Seu povo! Jesus é o remédio vivo para as nossas dores e para as nossas enfermidades, sobretudo aquelas que sofremos no nosso íntimo, na nossa alma e nosso coração, que tantas vezes se machucam com os espinhos da vida, com as situações dolorosas que vivemos a cada dia.

Nós precisamos ir ao encontro de Jesus, precisamos nos deixar ser tocados pela Sua Palavra, precisamos deixar que Suas palavras nos toquem, também nos curem e sejamos por elas restaurados! Até os demônios tremem, correm e caem aos pés de Jesus gritando e clamando que Ele é o Filho de Deus.

Sabem, meus irmãos, existem muitos males que nos atormentam, existem muitos espíritos que estão nos rodeando, tirando nossa paz interior e tirando a nossa alegria de viver.

O mau humor bate à nossa porta, a tristeza vem ao nosso encontro, os dissabores interiores, que se formam dentro de nós, causam confusão em nosso interior e nos deixam, muitas vezes, pessoas ranzinzas, mal-humoradas, chatas e incompreensivas umas com as outras.

Nós precisamos repelir, precisamos colocar para fora de nós os espíritos que não nos permitem sermos presença de Jesus para os outros! Chegamos a dizer: “Ah, eu não consigo! Muitas vezes esses tormentos são maiores do que eu!”. Coloque aos pés de Jesus aquilo que atormenta a sua vida, coloque aos pés do Senhor aquilo que tira a sua paz interior e a sua alegria de viver.

Consagre tudo a Jesus, entregue-Lhe no dia de hoje, aquilo que não lhe permite viver plenamente o seu ser filho e filha de Deus.

Os espíritos tremem, correm da presença de Jesus. Por isso precisamos nos colocar na presença do Senhor, ser absolvidos e tocados por Ele; por isso precisamos nos alimentar da Sua Palavra, nos encher do Seu Espírito, por isso precisamos adorá-Lo em espírito e em verdade. Este é o meio mais eficaz de exorcizarmos e de afugentarmos os espíritos malignos que nos atormentam!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

O cuidado com nosso próximo nos aproxima de Deus

Jesus entra novamente na sinagoga e ali estava um homem de mão seca. O problema é que era um dia de sábado, e é óbvio que os doutores da Lei, os fariseus e todos aqueles que se opunham à Palavra de Jesus estavam de olho em Suas ações. No entanto, o Senhor Jesus não teve receio humano e, ao entrar naquela sinagoga, voltou-Se para aquele homem e dele teve misericórdia e compaixão.

Aquele homem estava apenas com a mão seca e precisava de uma mão que tocasse na sua, que a curasse daquela paralisia que sofria. E o que fez o Senhor sofrer não foi o homem, cuja mão estava seca, mas sim os homens de coração seco que estavam ao redor dele, porque eles não olharam para o sofrimento daquele ser humano, não tiveram compaixão daquilo que ele passava nem de sua situação. Eles se preocupavam com os rituais, com o dia, se era sábado ou se não era sábado e não estavam preocupados com o essencial.

Da mesma forma, algumas vezes nós nos ocupamos com as coisas do Senhor, nos preocupamos com a toalha do altar, com a vela que se coloca, nos preocupamos com que a igreja tenha um sacrário muito bonito. Tudo isso é mais do que necessário, mas, muitas vezes, nos falta a preocupação com o ser humano, com o filho de Deus machucado, sofrido, oprimido, rejeitado, não amado, não acolhido!

Quanto nos falta de zelo para com a pessoa do próximo! O zelo pelas coisas de Deus é saudável, mas o zelo que nos salva é a caridade, é o cuidado para com a pessoa do próximo, para aquele que entrou na igreja, ou até mesmo para aquele que nem entra na igreja, porque nela não encontra espaço, acolhida ou atenção.

Jesus hoje não quer só olhar para o homem de mão seca, Ele quer olhar para os nossos corações, muitas vezes, secos pela falta de cuidado, ternura e compaixão para com as necessidades do nosso próximo. Estamos demasiadamente ocupados e obcecados com nossas coisas, com nossos trabalhos, com nossas obrigações e, muitas vezes, até mesmo com os nossos compromissos de Igreja.

Desculpe-me, o ser humano, o Cristo pessoa, o Cristo que vem ao nosso encontro na pessoa do nosso irmão pobre, sofrido e necessitado (que não precisa ser somente aquele homem de rua que necessita da nossa atenção), qualquer um do nosso lado que está com o coração machucado, vale muito mais do que a vela e do que a tolha do altar ou de qualquer coisa que nós possamos oferecer a Cristo. O melhor sacrifício que oferecemos a Deus é cuidar do nosso irmão, é dar atenção ao nosso próximo!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Como é boa a vida a dois!

O desejo de encontrar alguém que nos ame profundamente e para sempre existe em todos os corações. Mesmo que esteja escondido por trás de uma aparência “descolada” ou sufocado por alguma razão, o certo é que, lá no fundo da alma, sempre aspiramos amar e sermos amados! Poder olhar nos olhos, falar dos nossos sonhos e sentir cumplicidade, correr para um abraço depois de um dia inteiro de trabalho e caminhar feliz de mãos dadas pela vida a fora sãos coisas que só quem escolhe viver a dois sabe o que realmente significa. ““Como o corpo foi criado para a alma, assim a alma foi feita para o amor””, diz São Francisco de Sales. Deus, que criou o homem – portanto o corpo e a alma –, escolheu o amor para dele expressar o sentido real da nossa existência: amar e ser amado!

Porém, é claro, tudo o que é bom tem um preço; e com o amor não é diferente. Por isso, quando decidimos amar, somos infinitamente beneficiados, mas nem assim estamos isentos de sacrifícios, até porque o sacrifício é próprio do amor. Podemos começar a falar, por exemplo, das diferenças que vamos encontrar na pessoa amada e com as quais precisamos fazer as pazes em nome de uma boa e feliz convivência. O fato é que entre homens e mulheres sempre vão existir as diferença naturais, e é bom que seja assim, isso faz parte do plano amoroso de Deus. Aliás, as diferenças, quando bem “trabalhadas”, não são barreiras no relacionamento, mas vias para o crescimento mútuo. No entanto, sabemos que, às vezes, elas são motivo de estresse mesmo entre os casais que se amam.

Que mulher nunca se perguntou por que os homens têm tanta facilidade para encontrar o caminho indicado no mapa? E que homem é capaz de entender o gosto feminino por sapatos e bolsas, por exemplo? São coisas próprias do gênero e é melhor não gastar tempo tentando entender e aproveitar as vantagens.

A mulher deve ficar contente, porque não precisa se preocupar com os detalhes do caminho; e o homem leva muita vantagem em ter ao seu lado uma mulher sempre linda de sapatos e bolsas combinando com o visual. Afinal, quem foi que disse que precisamos entender tudo? O amor verdadeiro nos capacita com uma disposição tão superior para acolher o outro, que essas diferenças passam a ser complemento. O segredo, a meu ver, está na disposição em amar. E amar conforme nos indica o Mestre do amor: ““Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Macos 12, 31).

Aí, abrimos as cortinas para outro palco e a autoanalise passa a comandar a cena, fazendo brilhar a pergunta: “Será que eu me amo e me aceito como sou? Afinal, não posso dar aquilo que não possuo!”. Para amar meu próximo devo ter também um sadio amor próprio e jamais me desprezar nem fugir de mim mesmo enquanto tento amar outra pessoa. Ou seja, é preciso nos autoconhecermos, saber quais são nossos potenciais e limites e procurarmos viver em harmonia com eles, para assim podermos nos entregar por inteiro em uma relação consciente de quem realmente somos e por que viemos ao mundo.

Li, essa semana, uma frase que permanece viva em minha lembrança: “Os dois dias mais importante da vida são o dia em que você nasceu e o dia em que descobriu o porquê” (Mark Twain). Não é lindo? É que quando descobrimos nosso valor e nossa missão neste mundo, aí sim, somos livres para amar verdadeiramente e juntos experimentarmos como é bom viver a dois!

Padre José Kentenich, – no livro ‘“Santidade de todos os dias’,” – afirma que o verdadeiro amor é como o sol ardente, que desperta e faz germinar todas as sementes ocultas no homem. Segundo ele, muitas pessoas não se desenvolvem moral nem espiritualmente, porque em vão esperam, saudosos, um simples gesto de amor. Já outros trazem em si a inclinação ao heroísmo e poderiam elevar-se como águias até o sol, porém, permanecem em planos inferiores, porque não foram amados nem tiveram a coragem de começar a amar. Então, considerando a importância fundamental deste dom em nossa vida, percebo que ainda se fala pouco sobre o amor puro e verdadeiro.

É verdade que vemos a palavra “”amor”” estampada por todos os lados, e acredito que a maioria das pessoas usam-na como uma expressão bonita, romântica ou algo assim, mas poucos fizeram a experiência de amar. Viver a dois, amando e sendo amado, é mais que romantismo, é um plano divino que Deus coloca ao alcance de homens e mulheres dispostos a abraçar os desafios e as graças dessa vocação.

Tenho conversado com muitas pessoas que já não acreditam no amor. A dor da decepção parece ter roubado o brilho e a disposição que os movia tempos atrás. Eu sei que é difícil recomeçar, mas ouso dizer: “Não desista de amar! Você foi criado para isso. Dê passos, perdoe, liberte seu coração de todo sentimento contrário ao amor. Sozinho talvez não consiga, então peça o auxílio de Deus e Ele lhe estenderá a mão por meio de pessoas e situações concretas. O amor é forte como a morte e até nos faz morrer para nós mesmos em algumas situações, mas nos devolve a vida plena quando o abraçamos sem medo, com tudo que somos e temos. Dá trabalho amar? Claro que sim! Mas é tão recompensador e benéfico que não há nada que se compare à felicidade de passar por esta vida amando e sendo amado!

Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção Nova

Não tenham medo! Com Maria, a missionária do Pai.

A mensagem vinda do céu e anunciada por Nossa Senhora para o mundo através dos três pastorinhos: Lúcia, Jacinta e Francisco é ainda hoje uma convocação para se trabalhar pelo Reino de Deus.

Não tenham medo! Como disse o Papa Francisco “Deus nos ama. Não devemos ter medo de amá-lo”. A Igreja, através da nossa Paróquia, nos convida para celebrarmos juntos, neste novenário, o Ano da Fé, a visita do Papa Francisco ao Brasil, a Ação Pastoral com os jovens e os 58 anos de criação deste Santuário.

Nosso convite:

Você e sua família venham conosco celebrar na companhia de Nossa Senhora de Fátima, participando de cada dia deste novenário para rezar, cantar, refletir, suplicar, agradecer e celebrar as maravilhas de Deus através da Mãe do seu filho Jesus.

Maria nos ensina a ousadia para se construir um mundo melhor e a fé para ultrapassar as barreiras dos limites humanos.

Não deixe passar esta oportunidade de rezarmos com Nossa Senhora de Fátima por todos nós, pela conversão dos pecadores, pela paz no mundo, pelas famílias, pela ação missionária da Igreja e pela transformação da sociedade.

Não tenham medo! Com Maria a missionária do Pai.

Pe. Francisco Ivan de Souza
Pároco do Santuário de Fátima

Você tem praticado a caridade?

Nós hoje estamos acompanhando, meus irmãos e minhas irmãs, em Nosso Senhor Jesus Cristo, mais um daqueles embates que os fariseus querem provocar por causa das palavras e ações de Jesus. E agora, ao verem Jesus passar no campo dos trigais em dia de sábado, e Seus discípulos arrancarem as espigas para se alimentarem delas, sabemos que aquilo foi motivo de escândalo para os fariseus.

Nosso Senhor Jesus Cristo vem, mais uma vez, trazer ao coração deles o perfeito entendimento daquilo que é a Lei de Deus, porque nós podemos olhar as leis e os conhecimentos que temos do Senhor e conhecer apenas as letras. Quantas pessoas são versadas na Bíblia, são conhecedoras de doutrinas, de ensinamentos, de códigos do direito canônico, são conhecedores disso e daquilo, mas não conhecem a essência da Lei de Deus.

A essência da Lei de Deus se chama caridade; e não há lei maior, não há lei que possa estar acima da caridade, não importa se ela é praticada no sábado, não importa se é no templo ou fora dele. O importante é que todas as nossas ações sejam revestidas pelo amor. Primeiro por um profundo amor a Deus; nada de legalismo. Algumas vezes nos prendemos a coisas pequenas, criamos confusões por coisas tão insignificantes que depois não levam a nada. Temos nos esquecido de praticar a caridade!

No meio de nós, muitas pessoas têm compreendido de forma muito errada o nosso amado Papa Francisco. Ele não veio para mudar nenhuma lei da Igreja, nenhum ensinamento de Cristo; ele não veio para mudar a doutrina que temos e que conhecemos. Mas sim para ensinar aquilo que Cristo sempre quis nos ensinar: que o amor está acima de qualquer lei!

Sim, muitas vezes, nós criamos tantos legalismos e tantos preceitos na Igreja que nos esquecemos do essencial: acolher a todos, amar a todos. Por vezes criamos tantas situações que fechamos as portas de nossas igrejas para que as pessoas possam entrar. A Igreja tem um lugar muito especial para todas as pessoas; para os ex-casados, para os excluídos, para as pessoas de qualquer opção sexual.

A Lei de Deus, que ilumina os corações e é apresentada por intermédio do amor de cada um de nós, transforma as vidas, a começar pelas nossas, que muitas vezes nos prendemos tanto aos legalismos e às formas e fechamos o Reino de Deus para os outros e também para nós.

Nós não desprezamos nada nem mudamos nada, nem uma uma vírgula sequer dos mandamentos da Lei ou da Palavra de Deus. Mas não podemos deixar de pegar o espírito da Lei, que se chama: amor, caridade. Que ela [caridade] ilumine nossas práticas, nossas ações e nossa pastoral! Que o Espírito de Cristo esteja em nós!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

20 de Janeiro – Dia de São Sebastião, defensor da Igreja

O santo de hoje nasceu em Narbonne; os pais eram oriundos de Milão, na Itália, do século terceiro. São Sebastião, desde cedo, foi muito generoso e dado ao serviço. Recebeu a graça do santo batismo e zelou por ele em relação à sua vida e à dos irmãos.

Ao entrar para o serviço no Império como soldado, tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Esse grande homem de Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos –, porque o imperador adorava os deuses. Enquanto os cristãos não adoravam as coisas, mas as três Pessoas da Santíssima Trindade.

Esse mistério o levava a consolar os cristãos que eram presos de maneira secreta, mas muito sábia; uma evangelização eficaz pelo testemunho que não podia ser explícito.

São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e também como apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo: tornar-se mártir. E um apóstata denunciou-o para o Império e lá estava ele, diante do imperador, que estava muito decepcionado com ele por se sentir traído. Mas esse santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que o melhor que ele fazia para o Império era esse serviço; denunciando o paganismo e a injustiça.

São Sebastião, defensor da verdade no amor apaixonado a Deus. O imperador, com o coração fechado, mandou prendê-lo num tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas até o ponto de pensarem que estava morto. Mas uma mulher, esposa de um mártir, o conhecia, aproximou-se dele e percebeu que ele estava ainda vivo por graça. Ela cuidou das feridas dele. Ao recobrar sua saúde depois de um tempo, apresentou-se novamente para o imperador, pois queria o seu bem e o bem de todo o Império. Evangelizou, testemunhou, mas, dessa vez, no ano de 288 foi duramente martirizado.

São Sebastião, rogai por nós!

Não desanime na prática de suas orações

Meditando a carta aos Hebreus no capítulo 5, nós encontramos um referencial de prece, de súplica, de intercessão e clamor a Deus. O próprio Cristo, nos dias de Sua vida, no meio de nós nesta Terra, fez da Sua vida uma constante súplica ao Pai.

Olhando para Ele vamos entender a importância da oração e da intercessão em nossa vida, porque se o próprio Cristo, Filho de Deus, Aquele que veio para ser Nosso Salvador, foi perseverante, constante e insistente nas Suas orações a Deus, se fazendo ponte entre nossa humanidade e Deus, Aquele que é o nosso Pai e Criador, da mesma forma nós precisamos aprender a sermos também intercessores e mediadores! Sim, sem desistir, sem desanimar, precisamos ser insistentes nas nossas orações e nas nossas súplicas ao Senhor.

A oração de Cristo foi feita com forte clamor e lágrimas. Aqui eu faço memória a tantas pessoas, sobretudo, mães e mulheres que, muitas vezes, transformam suas orações em verdadeiras lágrimas a Deus. A oração delas é, muitas vezes, um verdadeiro vale de lágrimas, não são lágrimas de desespero não! São as lágrimas de um coração aflito que deseja ser ouvido e consolado por Deus!

Eu me dirijo a você e lhe digo: Minha filha, as suas lágrimas chegam ao céu como as lágrimas de Cristo também chegaram ao coração do Pai! Não pense que a sua oração é a mais sofrida do mundo não, porque as lágrimas de Cristo se verteram em sangue no Horto das Oliveiras; o Seu suor chegou ao extremo da aflição, mas Ele se manteve firme na oração e na súplica.

Hoje aprendemos com Jesus que não podemos desanimar, não podemos esmorecer, não podemos nos entregar (no sentido de desanimar na prática de nossas orações). Temos que continuar com o forte clamor, mesmo que seja em meio muitas lágrimas. Você pode ter certeza de que a nossa alma será consolada, socorrida e amparada pelo próprio Deus!

Não desanimemos, apresentemos a Deus, dia e noite, as nossas súplicas. Assim como o Sumo Sacerdote Jesus Cristo fez, nós o fazemos: entregamos ao Pai as nossas orações!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

2º Domingo do Tempo Comum

A manifestação de Deus nem sempre é clara aos nossos olhos: Deus não se impõe! A revelação passa pela meditação das pessoas pelos sinais e pelos acontecimentos.

E na leitura de Samuel, vemos que não é fácil reconhecer a voz de Deus. Sabemos que naquele tempo, a Palavra do Senhor se manifestava raramente e as visões não eram freqüentes. O texto deixa claro que Deus não se faz ver, simplesmente, comunica sua voz, captada por aqueles que estão atentos e prontos a ouvi-lo.

A vocação de Samuel ajuda a clarear as dificuldades vocacionais de cada pessoa. Samuel é ainda menino, e o Senhor se manifesta de noite. A noite é o momento em que os ruídos externos dão lugar ao silêncio interior. É também hora do sono e, para ouvir a voz do Deus que fala, é necessário acordar.

De fato, Deus não chama o menino por meio de visões. Para responder, Samuel precisa despertar, levantar-se e caminhar. Uma noite de sono interrompido, acaba resultando na resposta convincente: “Fala, que teu servo escuta” (3,10).

Isso tudo demonstra que a vocação é um aprendizado constante. Uma vez descoberta a voz do Senhor, é preciso estar atento e não deixar cair por terra nenhuma de suas palavras.

Paulo lembra que nosso corpo é templo do Espírito Santo. Ele diz a imortalidade não é uma necessidade física como comer. Isso porque, com a morte, o estômago e os alimentos serão destruídos por Deus, ao passo que o corpo será ressuscitado glorioso pelo poder de Deus. Então, o corpo é destinado não à imortalidade, e sim ao Senhor.

Paulo no jeito que lhe é peculiar recorda, ainda, o que significa ser cristão.

Com a morte de Jesus, Deus nos “comprou e pagou”, de modo que pertencemos a Ele, formando uma só coisa com Cristo.

O corpo de cada pessoa é, portanto, parte do Corpo de Cristo. Assim, o corpo de cada pessoa adquire uma dimensão social: “Porventura ignorais que vossos corpos são membros de Cristo?” (1Cor 6,15). E “acaso ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebestes de Deus? Ignorais que não pertenceis a vós mesmos?” (6,19).

Ao final, Paulo tira as conclusões dessa delicada situação: o cristão é membro do Corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Os que se unem ao Senhor formam com Ele um só espírito. E é por meio do corpo, assim entendido e resgatado, que podemos glorificar a Deus.

O Evangelho de hoje (Jo 1, 35-42) procura responder à pergunta: “Que procurais?”. O testemunho do Batista deve ter mudado completamente a vida dos dois discípulos. Vendo Jesus passar diz: “Eis o Cordeiro de Deus”. O cordeiro pascal e salvador.

Os dois primeiros discípulos devem tomar a iniciativa, sem esperar que Jesus os chame. Para eles, bastou o testemunho de João Batista de que Jesus é o libertador. A partir desse momento descobrem que em Jesus está a resposta a todos os seus anseios. O Batista por causa do testemunho, perde os discípulos. Estes, pela coragem da opção que fizeram, dão pleno sentido a suas vidas e passam a ser testemunhas para os outros.

Jesus, contudo, pergunta: “Que procurais?”. Obviamente, como discípulos, procuramos saber quem é Jesus. E Ele testa nossa sede, perguntando-nos o que estamos procurando. A resposta dos discípulos é movida pelo desejo de comunhão. “Onde moras?”.

No fundo, querem criar intimidade com Jesus. E para criar intimidade é preciso partir e fazer experiências. “Vinde e vede”. Então eles foram e viram onde Jesus morava. E permaneceram com Ele naquele dia. Permanecer, no Evangelho de João, é um verbo muito importante. Mais tarde Jesus dirá: “Permaneçam em mim”.

Diocese de Limeira

O poder de Jesus cura os males que não conseguimos combater

É uma atitude corajosa e ousada a desse leproso de acreditar, de ter a convicção e a certeza de que Jesus podia limpá-lo, curá-lo, reintegrá-lo de vez na sociedade, porque a sua lepra o deixava à margem dos outros e num estado de tristeza e desânimo, porque não podia se sentir igual aos outros. Além do mais, a lepra era considerada uma impureza, por isso o leproso não tocava em ninguém e ninguém tocava nele. Seja pelo medo seja pela mentalidade da época em que se podia ficar contagiado por causa da lepra, ele vivia nesse estado de afastamento.

Como ele desejava se purificar e ser purificado pela graça de Deus, ele acreditou que Jesus tinha o poder de curá-lo. E o Senhor, movendo-se de compaixão, tocou com Sua mão nele e lhe disse: “Eu quero: fica curado!”.

Hoje é o dia de pedirmos a Deus que toque nas profundezas da nossa alma, do nosso coração e do nosso ser. E que possamos realmente desejar buscar do fundo do nosso coração: “Senhor, Tu tens o poder de me libertar. Tu tens o poder de me limpar, de me curar, de me restaurar! Se Tu queres, Senhor, eu ficarei curado!”.

E uma vez que Jesus quer nos dar essa graça, a Sua mão poderosa nos liberta, nos cura e nos restaura!

Diga: Eu quero, Senhor, ser tocado pela Tua graça maravilhosa, quero ser tocado pelo Teu amor infinito. Eu quero ser limpo, Senhor, quero ser curado! Tu tens o poder de me libertar, tens o poder de me curar, tens o poder de me tocar com Tua mão e fazer de mim uma nova criatura. Eu creio, Senhor, que Tu podes me libertar! “No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado” (Marcos 1, 42).

Que Deus cure aquilo que não nós conseguimos tirar de nosso interior, que Ele cure os males que entraram em nós, os quais nós não os conseguimos combater. Creia no poder de Jesus que faz novas todas as coisas!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Os 10 mandamentos do casal

Na vida a dois, tudo pode e deve ser importante, pois a felicidade nasce das pequenas coisas

Uma equipe de psicólogos e especialistas americanos, que trabalhava em terapia conjugal, elaborou “Os Dez Mandamentos do Casal”. Gostaria de analisá-los aqui, já que trazem muita sabedoria para a vida e felicidade dos casais. É mais fácil aprender com o erro dos outros do que com os próprios.

1. Nunca se irritar ao mesmo tempo

A todo custo evitar a explosão. Quanto mais a situação é complicada, tanto mais a calma é necessária. Então, será preciso que um dos dois acione o mecanismo que assegure a calma de ambos diante da situação conflitante. É preciso nos convencermos de que na explosão nada será feito de bom. Todos sabemos bem quais são os frutos de uma explosão: apenas destroços, morte e tristeza. Portanto, jamais permitir que a explosão chegue a acontecer. Dom Hélder Câmara tem um belo pensamento que diz: “Há criaturas que são como a cana, mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura…”.

2. Nunca gritar um com o outro

A não ser que a casa esteja pegando fogo. Quem tem bons argumentos não precisa gritar. Quanto mais alguém grita, tanto menos é ouvido. Alguém me disse, certa vez, que se gritar resolvesse alguma coisa, porco nenhum morreria. Gritar é próprio daquele que é fraco moralmente, e precisa impor pelos gritos aquilo que não consegue pelos argumentos e pela razão.

3. Se alguém tiver de ganhar na discussão, deixar que seja o outro

Perder uma discussão pode ser um ato de inteligência e de amor. Dialogar jamais será discutir, pela simples razão de que a discussão pressupõe um vencedor e um derrotado, e no diálogo não. Portanto, se por descuido nosso, o diálogo se transformar em discussão, permita que o outro “vença”, para que mais rapidamente ela termine. Discussão no casamento é sinônimo de “guerra”; uma luta inglória. “A vitória na guerra deveria ser comemorada com um funeral”, dizia Lao Tsé. Que vantagem há em se ganhar uma disputa contra aquele que é a nossa própria carne? É preciso que o casal tenha a determinação de não provocar brigas; não podemos nos esquecer de que basta uma pequena nuvem para esconder o sol. Muitas vezes, uma pequena discussão esconde por muitos dias o sol da alegria no lar.

4. Se for inevitável chamar a atenção, fazê-lo com amor

A outra parte tem de entender que a crítica tem o objetivo de somar e não de dividir. Só tem sentido a crítica que for construtiva; e essa é amorosa, sem acusações e condenações. Antes de apontarmos um defeito, é sempre aconselhável apresentar duas qualidades do outro. Isso funciona como um anestésico para que se possa fazer o curativo sem dor. E reze pelo outro antes de abordá-lo em um problema difícil. Peça ao Senhor e a Nossa Senhora que preparem o coração dele para receber bem o que você precisa dizer-lhe. Deus é o primeiro interessado na harmonia do casal.

5. Nunca jogar no rosto do outro os erros do passado

A pessoa é sempre maior que seus erros, e ninguém gosta de ser caracterizado por seus defeitos. Toda as vezes em que acusamos a pessoa por seus erros passados, estamos trazendo-os de volta e dificultando que ela se livre deles. Certamente não é isso que queremos para a pessoa amada. É preciso todo o cuidado para que isso não ocorra nos momentos de discussão. Nessas horas o melhor é manter a boca fechada.

Aquele que estiver mais calmo, que for mais controlado, deverá ficar quieto e deixar o outro falar até que se acalme. Não revidar em palavras, senão a discussão aumenta e tudo de mau pode acontecer em termos de ressentimentos, mágoas e dolorosas feridas.

Nos tempos horríveis da “Guerra Fria”, quando pairava sobre o mundo todo o perigo de uma guerra nuclear, como uma espada de Dâmocles sobre as nossas cabeças, o Papa Paulo VI avisou o mundo: “A paz se impõe” somente com a paz, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade. Ora, se isso é válido para o mundo encontrar a paz, muito mais é válido para todos os casais viverem bem. Portanto, como ensina Thomás de Kemphis, na Imitação de Cristo: “Primeiro conserva-te em paz, depois poderás pacificar os outros“. E Paulo VI, ardoroso defensor da paz, dizia: “Se a guerra é o outro nome da morte, a vida é o outro nome da paz”. Portanto, para haver vida no casamento é preciso haver a paz; e ela tem um preço: a nossa maturidade.

6. A displicência com qualquer pessoa é tolerável, menos com o cônjuge

Na vida a dois tudo pode e deve ser importante, pois a felicidade nasce das pequenas coisas. A falta de atenção para com o cônjuge é triste na vida do casal e demonstra desprezo para com o outro. Seja atento ao que ele diz, aos seus problemas e aspirações.

7. Nunca ir dormir sem ter chegado a um acordo

Se isso não acontecer, no dia seguinte o problema poderá ser bem maior. Não se pode deixar acumular problema sobre problema sem solução. Já pensou se você usasse a mesma leiteira que já usou no dia anterior, para ferver o leite, sem antes lavá-la? O leite certamente azedaria. O mesmo acontece quando acordamos sem resolver os conflitos de ontem. Os problemas da vida conjugal são normais e exigem de nós atenção e coragem para enfrentá-los, até que sejam solucionados, com o nosso trabalho e com a graça de Deus. A atitude da avestruz, da fuga, é a pior que existe. Com paz e perseverança busquemos a solução.

8. Pelo menos uma vez ao dia, dizer ao outro uma palavra carinhosa

Muitos têm reservas enormes de ternura, mas se esquecem de expressá-las em voz alta. Não basta amar o outro, é preciso dizer isso também com palavras. Especialmente para as mulheres, isso tem um efeito quase mágico. É um tônico que muda completamente o seu estado de ânimo, humor e bem-estar. Muitos homens têm dificuldade nesse ponto; alguns por problemas de educação, mas a maioria porque ainda não se deu conta da sua importância. Como são importantes essas expressões de carinho que fazem o outro crescer: “Eu te amo!”; “Você é muito importante para mim”; “Sem você eu não teria conseguido vencer este problema”; “A sua presença é importante para mim”; “Suas palavras me ajudam a viver”… Diga isso ao outro com toda sinceridade, todas as vezes em que experimentar o auxílio edificante dele.

9. Cometendo um erro, saber admiti-lo e pedir desculpas

Admitir um erro não é humilhação. A pessoa que admite o seu erro demonstra ser honesta consigo mesma e com o outro. Quando erramos não temos duas alternativas honestas, apenas uma: reconhecer o erro, pedir perdão e procurar remediar o que fizemos de errado, com o propósito de não repeti-lo. Isso é ser humilde. Agindo assim, mesmo os nossos erros e quedas serão alavancas para o nosso amadurecimento e crescimento. Quando temos a coragem de pedir perdão, vencendo o nosso orgulho, eliminamos quase de vez o motivo do conflito no relacionamento e a paz retorna aos corações. É nobre pedir perdão!

10. Quando um não quer, dois não brigam

É a sabedoria popular que ensina isso. Será preciso então que alguém tome a iniciativa de quebrar o ciclo pernicioso que leva à briga. Tomar essa iniciativa será sempre um gesto de grandeza, maturidade e amor. E a melhor maneira será não “pôr lenha na fogueira”, isto é, não alimentar a discussão. Muitas vezes é pelo silêncio de um que a calma retorna ao coração do outro. Outras vezes, será por um abraço carinhoso ou por uma palavra amiga.

Todos nós temos a necessidade de um “bode expiatório” quando algo adverso nos ocorre. Quase que inconscientemente queremos, como se diz, “pegar alguém para Cristo” a fim de desabafar as nossas mágoas e tensões. Isso é um mecanismo de compensação psicológica que age em todos nós nas horas amargas, mas é um grande perigo na vida familiar. Quantas e quantas vezes acabam “pagando o pato” as pessoas que nada têm a ver com o problema que nos afetou. Algumas vezes são os filhos que apanham do pai que chega em casa nervoso e cansado; outras vezes é a esposa ou o marido que recebe do outro uma enxurrada de lamentações, reclamações e ofensas, sem quase nada ter a ver com o problema em si.

Temos que nos vigiar e policiar nessas horas para não permitir que o sangue quente nas veias gere uma série de injustiças com os outros. E temos de tomar redobrada atenção com os familiares, pois, normalmente são eles que sofrem as consequências de nossos desatinos. No serviço, e fora de casa, respeitamos as pessoas, o chefe, a secretária, etc., mas, em casa, onde somos “familiares”, o desrespeito acaba acontecendo. Exatamente onde estão os nossos entes mais queridos, no lar, é ali que, injustamente, descarregamos as paixões e o nervosismo. É preciso toda a atenção e vigilância para que isso não aconteça.

Os filhos, a esposa, o esposo, são aqueles que merecem o nosso primeiro amor e tudo de bom que trazemos no coração. Portanto, antes de entrarmos no recinto sagrado do lar, é preciso deixar lá fora as mágoas, os problemas e as tensões. Estas, até podem ser tratadas na família, buscando-se uma solução para os problemas, mas, com delicadeza, diálogo, fé e otimismo. É o amor dos esposos que gera o amor da família e que produz o “alimento” e o “oxigênio” mais importante para os filhos.

Na Encíclica Redemptor Hominis, o saudoso Papa João Paulo II afirma algo marcante: “O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não o experimenta e se não o torna algo próprio, se nele não participa vivamente” (RH,10). Sem o amor a família nunca poderá atingir a sua identidade, isto é, ser uma comunidade de pessoas.

O amor é mais forte do que a morte e é capaz de superar todos os obstáculos para construir o outro. Assim se expressa o autor do Cântico dos Cânticos: “O amor é forte como a morte… Suas centelhas são centelhas de fogo, uma chama divina. As torrentes não poderiam extinguir o amor, nem os rios o poderiam submergir.” (Ct 8,6-7).

Há alguns casais que dizem que vão se separar porque acabou o amor entre eles. Será verdade? Seria mais coerente dizer que o “verdadeiro” amor não existiu entre eles. Não cresceu e não amadureceu; foi queimado pelo sol forte do egoísmo e sufocado pelo amor-próprio de cada um. Não seria mais coerente dizer: “Nós matamos o nosso amor?”

O poeta cristão Paul Claudel resumiu, de maneira bela, a grandeza da vida do casal: “O amor verdadeiro é dom recíproco que dois seres felizes fazem livremente de si próprios, de tudo o que são e têm. Isto pareceu a Deus algo de tão grande que Ele o tornou sacramento.”

Felipe Aquino
Extraído do livro: “Família, santuário da vida”