Jesus é o prêmio maior que receberemos do céu

A graça da Palavra de Deus, nesses dias, está nos levando a refletir sobre a “parusia”, uma expressão grega usada para acolher, recepcionar, aguardar a vinda de pessoas muito importantes. Uma grande parada para receber uma autoridade quando esta vinha visitar a cidade ou aquele povoado. Nós estamos na esperança, aguardando a manifestação e a visita definitiva de Deus para a história da humanidade.

É importante entendermos que são três as vindas do Senhor para a humanidade. A primeira: Ele já veio, na fragilidade humana, quando nasceu uma pobre criança em Belém. Quando viveu no meio de nós, anunciou, pregou o Reino de Deus, realizou curas e milagres e morreu para a nossa salvação; está ressuscitado, está no trono diante de Deus.

Esse mesmo Jesus, que veio a primeira vez, vem todas as vezes que nos reunimos em Seu nome, quando celebramos a Eucaristia, memorial permanente do Seu Corpo e do Seu Sangue. Ele vem em nosso socorro, em nosso auxílio quando O invocamos em nossas necessidades e tribulações. O Senhor que veio, vem sempre nos visitar e consolar.

Nós vivemos a feliz expectativa da terceira vinda ou, ainda melhor, a vinda definitiva de Jesus, a volta d’Ele para resgatar, para salvar, libertar, conceder o plano de poder e glória para Seus filhos. Claro, o trono a Ele; a nós a graça de estarmos ao Seu lado, aos Seus pés no Reino glorioso que o Pai preparou para nós! É um fato, é um elemento da nossa fé!

Esse elemento que cremos e professamos, de que Jesus virá para julgar os vivos e os mortos, deve ser algo muito motivador para todos nós! É verdade que nós não sabemos o dia nem a hora, mas isso não importa, o mais importante é que Ele virá e não nos deixará só; é saber que a vida aqui não se acaba, é saber que triunfaremos com Ele para sempre. Por isso, aguardemos com fé, confiança, certeza e convicção de que o Senhor virá para salvar os Seus!

Essa fé deve produzir em nós a esperança que nos leva realmente a esperar somente em Deus e ter a certeza de que Ele é a coroação eterna de Deus, é o prêmio maior que iremos receber do céu. Por isso, com toda a Igreja aclamamos: Vinde, Senhor Jesus!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

27 de Novembro – Dia de Santa Catarina Labouré, privilegiada com a aparição de Nossa Senhora

Santa Catarina de Labouré nasceu em Borgonha (França) a 2 de maio de 1806. Era a nona filha de uma família que, como tantas outras, sofria com as guerras napoleônicas.

Aos 9 anos de idade, com a morte da mãe, Catarina assumiu com empenho e maternidade a educação dos irmãos, até que ao findar desta sua missão, colocou-se a serviço do Bom Mestre, quando consagrou-se a Jesus na Congregação das Filhas da Caridade.

Aconteceu que, em 1830, sua vida se entrelaçou mais intimamente com os mistérios de Deus, pois a Virgem Maria começa a aparecer a Santa Catarina, a fim de enriquecer toda a Igreja e atingir o mundo com sua Imaculada Conceição, por isso descreveu Catarina:

“A Santíssima Virgem apareceu ao lado do altar, de pé, sobre um globo com o semblante de uma senhora de beleza indizível; de veste branca, manto azul, com as mãos elevadas até à cintura, sustentava um globo figurando o mundo encimado por uma cruzinha. A Senhora era toda rodeada de tal esplendor que era impossível fixá-la. O rosto radiante de claridade celestial conservava os olhos elevados ao céu, como para oferecer o globo a Deus. A Santíssima Virgem disse: Eis o símbolo das graças que derramo sobre todas as pessoas que mas pedem”.

Nossa Senhora apareceu por três vezes a Santa Catarina Labouré. Na terceira aparição, Nossa Senhora insiste nos mesmos pedidos e apresenta um modelo da medalha de Nossa Senhora das Graças. Ao final desta aparição, Nossa Senhora diz: “Minha filha, doravante não me tornarás a ver, mas hás-de ouvir a minha voz em tuas orações”.

Somente no fim do ano de 1832, a medalha que Nossa Senhora viera pedir foi cunhada e espalhada aos milhões por todo o mundo.

Como disse Sua Santidade Pio XII, esta prodigiosa medalha “desde o primeiro momento, foi instrumento de tão numerosos favores, tanto espirituais como temporais, de tantas curas, proteções e sobretudo conversões, que a voz unânime do povo a chamou desde logo medalha milagrosa“.

Esta devoção nascida a partir de uma Providência Divina e abertura de coração da simples Catarina, tornou-se escola de santidade para muitos, a começar pela própria Catarina que muito bem soube se relacionar com Jesus por meio da Imaculada Senhora das Graças.

Santa Catarina passou 46 anos de sua vida num convento, onde viveu o Evangelho, principalmente no tocante da humildade, pois ninguém sabia que ela tinha sido o canal desta aprovada devoção que antecedeu e ajudou na proclamação do Dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora em 1854.

Já como cozinheira e porteira, tratando dos velhinhos no hospício de Enghien, em Paris, Santa Catarina assumiu para si o viver no silêncio, no escondimento, na humildade. Enquanto viveu, foi desconhecida.

Santa Catarina Labouré entrou no Céu a 31 de dezembro de 1876, com 70 anos de idade.

Foi beatificada em 1933 e canonizada em 1947 pelo Papa Pio XII.


Santa Catarina Labouré, rogai por nós!

A importância do perdão para a alma

Algumas vezes, o mundo cega nossa visão e a dor toma conta do nosso ser, nosso coração de mulher sangra, pois foi ferido por aqueles que mais amávamos.

A decepção e a tristeza invadem nossa alma, perdemos a confiança naqueles que antes nos eram tão caros e já não acreditamos que seja possível resgatar o que foi quebrado. Nesses momentos, experimentamos aquilo que há de pior dentro de nós e nos deparamos com o rancor, a mágoa e o desejo de vingança. Falamos besteiras, acusamos e julgamos. Rompemos vínculos profundos de amor e amizade, porque fomos feridas, brigamos e machucamos. Muitas vezes, porque fomos machucadas, agimos por impulso e egoísmo.

Nesta hora, Deus nos acolhe e nos convida a exercitar o perdão. Quem não perdoa atrofia sua capacidade de amar, e isso é terrível para o coração de uma mulher. Mas por que é tão difícil perdoar?

Bem sabemos que o rancor, a mágoa e o ressentimento, antes de atingir quem nos feriu, causa em nós um mal ainda maior. Perdoar não é a ausência de sentimentos, não é esquecer o que houve, mas uma decisão, uma escolha que devemos fazer pelo bem da nossa alma e da alma daquele que nos feriu. Quando decidimos perdoar, Deus nos dá Sua graça e cumula nossa vida de bênçãos.

Se pagar o bem com o mal é algo diabólico, pagar o bem com o bem é mera obrigação, mas pagar o mal com o bem é algo divino e é nosso dever com filhas de Deus. Não é uma escolha fácil, mas necessária, pois o perdão vence o mal com o bem e sua graça é muito maior que o ódio que carregamos no peito. O perdão é muito maior que qualquer desejo de vingança que possamos nutrir contra quem nos feriu.

Não podemos ter uma vida saudável sem o exercício do perdão. Não podemos ter uma vida espiritual frutífera sem a prática desse ato. Perdoar é fazer a assepsia da alma, fazer faxina na mente e no coração.

Quem decide perdoar não quer mais se vingar, não remói o problema, não desacredita no outro pelo erro cometido, não “joga na cara”. Se não perdoarmos, viveremos escravas da mágoa, não conseguiremos orar, adorar, ofertar nem mesmo ser perdoadas. E quem nunca precisou de perdão?

Perdoar pode ser uma tarefa árdua e longa, e desistir de tudo pode parecer mais fácil. Mas não é o mais correto. Somos todos humanos e suscetíveis ao erro, devemos sempre nos colocar na posição do outro: "O quanto eu gostaria de ser perdoada se cometesse o mesmo erro que cometeram comigo?”. Talvez para conseguir perdoar, tenhamos, primeiro, que abrir mão do nosso orgulho ferido.

O perdão tem a capacidade de restaurar os sentimentos bons que foram esquecidos no passado, ele é a maior prova de amor e o caminho para o arrependimento do outro. Constrói pontes onde a mágoa cavou abismos, estreita o relacionamento onde o ressentimento provocou o afastamento. Perdoar é poder lembrar sem sentir dor, é uma graça que Deus dá a todos que a buscam de coração sincero.

Se a vingança está de acordo com nossa natureza humana decaída, nada nos assemelha tanto a Deus quanto estarmos dispostas a perdoar aqueles que nos ofenderam. O coração de uma mulher possui uma capacidade única dada pelo próprio Deus de amar, de ser capaz de acolher o ser humano e lhe conceder o perdão. Não é na riqueza nem no poder, mas na capacidade de perdoar que uma mulher manifesta a verdadeira grandeza de sua alma.

O perdão traz muita paz consigo. O alívio gerado por ele carrega um sentimento tão suave e profundo que as palavras não conseguem descrever sua totalidade. O perdão liberta, é a expressão máxima da graça e o triunfo do amor, daquele mesmo amor que Cristo teve na cruz ao dizer: “Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem”.

“Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?' Jesus respondeu: ‘Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete’” (Mt 18, 21-23).

Peçamos a Nossa Senhora a graça de obtermos um coração manso e humilde, semelhante ao de Jesus, alcançando assim o pleno exercício do dom de perdoar.


Formação Canção Nova

Que Deus nos conceda a graça da perseverança

A liturgia de hoje, seja na primeira leitura do Livro do Apocalipse de São João ou no Evangelho de São Lucas, mostra-nos a necessidade da fidelidade a Jesus Cristo e a “perseverança final”. Quem perseverar, quem permanecer firme no Senhor ganhará a vida eterna, mas, primeiro, passará pela grande tribulação.

Se juntarmos todas as tribulações que temos na vida, vamos logo perceber que a vida, por si mesma, é uma grande tribulação. Há tormentos para todos os lados, eles vêm da natureza e por meio dela. Quantos enfrentam tempestades, tsunamis, furacões, erosões e tantos outros fenômenos da natureza! Quantas vezes experimentamos as provações que vêm dos descuidos com a própria natureza, as tragédias que as enchentes provocam em nosso meio, as privações e as provações que muitos de nós estão passando por causa da seca, quando se experimenta o mesmo drama em vários lugares do mundo.

Olhemos para a nossa vida, olhemos para as tribulações pessoais que todos nós passamos. Uma hora, nosso lado financeiro está bem; outra, está terrível. São os nossos que ficam doentes, enfermos, são provações e privações que passamos no corpo, na alma e no espírito. Depois, tempos difíceis, muitas vezes nem sempre fáceis de se compreender.

Qual é o tempo que nós vivemos? O tempo da grande tribulação. E para que ela serve? Primeiro, para nos purificar do mal, dos pecados, das coisas ruins que absolvemos dessa vida, das maldades que se alojam em nosso coração. As tribulações precisam produzir, primeiro, dentro de nós essa purificação. Ao mesmo tempo, precisa também conceder à nossa alma o dom, a graça sublime da perseverança.

Como é difícil perseverar em alguma coisa! Começamos a fazer um propósito: “Ah, eu vou correr, vou fazer isso e aquilo”. Mas logo desanimamos, perdemos a sintonia com aquilo que nos propusemos a viver; e no Reino de Deus não é diferente. Quantos propósitos bons já fizemos diante de Deus e desistimos no meio do caminho! Só não podemos desistir do caminho da vida, não podemos desistir da vida em Deus!

A graça que precisamos pedir ao Senhor, todos os dias, é da perseverança final para reinarmos com Deus. Depois de superarmos todas as tribulações e aflições desta vida, cantaremos o cântico do homem novo e da mulher nova, o cântico de Moisés, o servo de Deus, o cântico do cordeiro, e reconheceremos a grandeza e a beleza das obras do Pai, nosso Deus justo, poderoso e santo. Porque grandes, verdadeiras e justas são as Tuas obras e os Teus caminhos, ó Rei de todas as nações!

Que Deus nos dê a sublime graça de sermos purificados e perseverarmos até o fim nos caminhos do Senhor!

Deus abençoe você!
  
Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

“Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”

O termo Advento vem do latim adventum que significa vinda ou chegada e refere-se às quatro semanas antes do Natal. Pelo Advento, nos preparamos para celebrar a primeira vinda do Senhor, ou seja, o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo e a expectativa da segunda vinda do Senhor. Por isso a característica deste tempo, com o qual começa o ano da Igreja, é a penitência como preparação para receber Aquele que está para vir. O caráter penitencial do advento é acentuado pela cor litúrgica, que é o roxo.

O tempo de Advento recorda-nos a realidade de um Senhor que vem ao encontro dos homens e que, no final da nossa caminhada por esta terra, nos oferecerá a vida definitiva, a felicidade sem fim. O tempo do Advento é, também, o tempo da espera do Senhor. A palavra fundamental é “vigilância”: o verdadeiro discípulo deve estar sempre “vigilante”, cumprindo com coragem e determinação a missão que Deus lhe confiou. Estar “vigilante” não significa, contudo, preocupar-se em ter sempre a “alma” limpa para que a morte não o apanhe com pecados; mas significa viver sempre ativo, empenhado, comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz.

Pedagogicamente dizendo, advento é um tempo que a Liturgia dispõe à Igreja com a finalidade de preparar os cristãos para a celebração do Natal. Como é natural, trata-se de uma preparação espiritual, incentivando os católicos a preparar o coração e a alma para o encontro com o Senhor. Mas, não é somente preparação do Natal. No caso do Advento, estamos diante de dois aspectos desta preparação: aquela da 2ª vinda e que Paulo escreve aos Tessalonicenses sobre o “Dia do Senhor”, o dia do juízo final, quando nos encontraremos face a face com Deus (1Ts 5,1-6) e, a preparação da 1ª vinda, que celebramos no Natal.

Quanto ao primeiro aspecto do Advento, de preparar-se para a 2ª vinda do Senhor, a vigilância espiritual pode ser considerada a partir do cuidado em vista do encontro final com o Senhor, no Final dos Tempos. Para isso, é preciso ficar atentos aos sinais dos tempos, como o próprio Jesus adverte, e o melhor meio para não se descuidar e nem se distrair dos sinais dos tempos é pela vigilância espiritual. Por vigilância espiritual entende-se o cuidado, para que o nosso espírito não se afaste das coisas de Deus, mas se mantenha fiel ao projeto divino. São muitas as ocasiões para distrair-se das coisas de Deus, podendo nos anestesiar daquilo que é divino e descuidar-nos de alimentar nosso espírito com as coisas do alto.

O Advento é tempo para incentivar com mais intensidade a oração, a leitura da Palavra, a penitência e as obras de caridade. A vigilância é feita preferencialmente com a oração e, a oração nos mantém acordados para o encontro do Senhor, em sua 2ª vinda.

Quanto ao segundo aspecto do Advento, da preparação para o Natal de Jesus, é a alegria da nossa salvação pela encarnação do Verbo de Deus. Neste tempo que a publicidade natalina vem alimentar nosso espírito com “belas” e “boas” mensagens de tempos novos, repletos de paz e de harmonia fraterna, é preciso ficar atentos para não nos alimentar com fantasias e imagens enganosas. O alimento espiritual deste tempo que nos aproxima do Natal não pode se limitar a poesias ou mensagens vazias. Precisa de algo mais sólido como a oração diária, a meditação da Palavra de Deus e as obras de caridade.

A coroa do Advento

Um dos muitos símbolos do Natal é a coroa do Advento que, por meio de seu formato circular e de suas cores, expressa a esperança e convida à alegre vigilância. Na confecção da coroa são usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno, ou seja, mesmo em tempos difíceis. Os ramos verdes são sinais da vida que resiste; são sinais da esperança. A coroa é envolvida com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus que nos envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Na coroa, são colocadas quatro velas referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz vai aumentando à medida em que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo, quando a luz da salvação brilha para toda humanidade.

Quanto às cores das quatro velas, a mais usada é a cor vermelha. Em alguns lugares costumava-se usar velas nas cores roxa e uma vela cor rósea referente ao terceiro domingo do Advento, quando celebra-se o  “Domingo Gaudete” (Domingo da Alegria), a alegria de quem se sente perdoado. O terceiro domingo se inicia com a seguinte proclamação: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”. Estando já próxima a chegada do Homem-Deus, a Igreja pede que “a bondade do Senhor seja conhecida de todos os homens”. Atualmente em muitos lugares tem-se usado cada uma de uma cor.

O tempo do Advento quer sensibilizar-nos para a celebração do Natal do Senhor e para a segunda vinda de Jesus. O apelo que Cristo nos lança à vigilância é para ser tomado bem a sério. Que o Senhor não nos encontre dormindo, mas vigilantes. Este é o convite que Jesus nos faz: “Vigiai!” Como os Profetas, Maria, José, os pastores, os Reis Magos… Se vigiamos, o nosso presente e o nosso futuro encontrar-se-ão. É isso a Esperança.

Padre Mário Marcelo Coelho, scj

Doutor em Teologia Moral

Solenidade de Cristo Rei

A solenidade de Cristo Rei não é uma festa triunfalista na qual celebramos um Deus imperador que domina e controla tudo o que existe. Jesus mesmo já tinha dito que poder e dominação não podiam constituir o pensamento orientador dos cristãos. "Entre vocês não será como é no mundo, onde os governantes dominam os outros e os tiranizam" disse Jesus aos seus apóstolos. A festa foi instituída pelo Papa Pio XI no dia 11 de dezembro de 1925. Pode ser que naquele momento houvesse necessidade de se afirmar a soberania de Jesus sobre todas as coisas. Foi assim também que, a partir do século VI, começamos a retratar Jesus sentando num trono cercado pela corte celeste, ou em posição séria e solene como "aquele que tudo governa. Esta figura é chamada de "Pantocrator". Jesus se parece um pouco com o soberano da corte bizantina, mas não como dominador. Ele segura o Evangeliario com a mão esquerda e abençoa com a direita mantendo juntos o polegar e o anular que representam as duas naturezas, divina e humana, enquanto os três outros dedos indicam sua natureza divina na Trindade. Nosso Cristo Rei é acima de tudo o Bom Pastor. Sua coroa de espinhos mostra que ele sabe se sacrificar pelas ovelhas. Ele não veio para condená-las e sim para salvá-las. O amor de Cristo Rei para com o seu povo se expressa no interesse, na atenção, na preocupação para com todos. Ele não é, de forma alguma, indiferente à sorte de cada um. Não deixa que ninguém se extravie e indica com firmeza o caminho a ser seguido.

A 1ª Leitura nos faz perguntar, que tipo de rei é Jesus Cristo, ou que tipo de governante? Ele é como um pastor que cuida das suas ovelhas com carinho. Ele vai atrás das ovelhas, procura para elas um lugar de repouso, trata das que estão feridas, fortifica as doentes, vigia as que estão bem. Esse é o nosso rei, que administra a justiça entre os membros do seu povo.

Na 2ª Leitura, Jesus é o rei que subjuga as forças da morte. A morte é a expressão do poder do inimigo, o demônio. Jesus não pisa sobre ninguém. Ele pisa somente sobre a cabeça de satanás. Com a destruição da morte, pouco a pouco tudo vai se submetendo a ele, até que Deus seja tudo em todos.

No Evangelho, o Rei que se senta no trono do julgamento e tem diante de si todos os povos quer saber apenas uma coisa de todos, cristãos e não cristãos, crentes e não crentes: o que fizeram de concreto e positivo em favor de quem precisava. A esta pergunta todos devemos responder: O que foi que você fez em favor de seu irmão necessitado? Vamos tentar responder enquanto estamos a caminho e temos possibilidade de conversão. Sempre é tempo de começar. O Evangelho dá indicações bem definidas, que podem nos ajudar. Há gente com fome, há gente com sede, há gente sem roupa, há doentes, há estrangeiros, há prisioneiros, gente feia, gente sem graça, gente sem educação. O que por eles fizermos, será feito a Jesus.


Blog Homilia Dominical

Ensino uma coisa e com o coleguinha meu filho aprende outra

Quantos pais investem tempo e energia para educar seus filhos! Quantos buscam introjetar valores que eles acreditam ser certos e importantes, tais como “quem fala a verdade não merece castigo”! Porém, quando os filhos começam a ter contato com valores externos, estes parecem ter uma força maior do que a dos familiares. Os filhos aprendem com os colegas que a mentira pode ser uma forma de fugir de conflitos e fazer aquilo que querem.

Como agir diante desses confrontos? Não há receita pronta, mas há trilhas que ajudam. Conquistar o coração é o início do processo para modelar a mente e a alma de seu filho, e não deixar que outros conquistem este lugar.

A base de tudo é lembrar que as pessoas decidem de quem vão aceitar a educação e como isso se dará; portanto, todo trabalho da família deve ser buscar junto aos filhos ser essa pessoa para eles. A pergunta principal é: como conseguir que os filhos deleguem para você o direcionamento do processo de aprendizagem?

Para que o filho delegue aos pais e não ao colega este ensino, o primeiro passo é criar laços fortes com ele, por que as crianças aprendem e assumem como verdade os ensinamentos de pessoas com as quais possuem laços afetivos e relação de confiança. Se a convivência familiar é pior que a convivência com os amigos, o filho começa a rejeitar o processo de aprendizagem interno, torna-se indócil, rebelde e desinteressado na fala com os pais. Mas se no relacionamento entre eles existir o diálogo, será possível resolver as discordâncias entre a educação dada pelos pais e pelos colegas.

O segundo passo é trabalhar o canal da comunicação, escutar o aprendizado externo e mediar com o interno, mostrando ganhos e perdas. Conversar sobre consequências sem moralismo é um caminho para o esclarecimento. Lembre-se de que, muitas vezes, eles trazem novidades que vão mexer com o status atual da família, os quais precisarão ser revistos. Não assuma posições radicais; ouça, encontre as causas do conflito e busque concordâncias.

Outro passo é saber que os pais não são donos da verdade, eles precisam reconhecer a necessidade de mudanças, mostrar flexibilidade naquilo que não é importante e firmeza em relação àquilo que é fundamental para o bem-estar dos filhos. Sabemos que é uma linha tênue e difícil de ser definida, mas concentre esforços nos itens que tem alto impacto no caráter das crianças.

Outra dica importante é trazer para dentro de casa os coleguinhas de seus filhos, conhecer com quem eles estão convivendo. Usando o conhecimento anterior, de que laços afetivos e confiança aproximam pessoas e permitem influência sobre elas, busque isso junto aos colegas de seus filhos. A prática nos ensina a usar o ensino por tabela, pois, às vezes, é mais fácil influenciar os coleguinhas, para que estes atuem melhor sobre nossos filhos.

Lembra-se de que a educação não é uma ação solitária, os pais podem e devem buscar apoio da escola, dos colegas e de profissionais nessa tarefa. O importante nesta caminhada não é ter razão, mas conseguir que seu filho seja uma pessoa feliz, saudável, realizada como pessoa, que se lembre de que não está só no planeta e contribua para que outros também possam alcançar este mesmo patamar. Neste processo, a caminhada espiritual ajuda muito, pois imprime valores coletivos, de perdão mútuo, de verdade que liberta entre outros.

Nossa missão não se restringe aos nossos filhos, mas à educação de gerações; afinal, eles serão futuros educadores de seus filhos, e como foram modelados por seus pais, provavelmente modelarão os outros.

Ângela Abdo

Coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos

Há mais alegria em dar do que em receber

Viver da Providência Divina é uma linda experiência de fé. É aprender a colocar-se totalmente na dependência de Deus, é ter os olhos abertos para enxergar o Senhor em todas as situações, sejam elas boas ou ruins, pequenas ou grandes. É saber que Deus se utiliza de tudo e de todas as pessoas para nos alcançar e nos envolver com Seu amor.

Outro dia, indo de carro da minha casa para o trabalho, por volta das 13h, algo especial aconteceu no caminho. Lembro-me de que era um dia de muito sol e havia poucas pessoas na rua devido ao intenso calor. Estava conversando com meu esposo, e vínhamos devagar quando, de repente, percebemos uma mão acenando para nós bem na subida do morro para a Canção Nova.

Meu esposo prontamente parou o carro e acolhemos uma senhora muito simpática que pedia carona. Durante a subida, começamos a conversar. Nunca havia visto aquela mulher, mas tive uma afeição especial por ela e logo quis saber um pouco de sua história. E aí, tudo começou.

O nome dela é Amélia e é sócia da Canção Nova há mais de 30 anos. Ela mora na cidade de Piquete (SP) e, toda segunda-feira, sobe o morro para participar da Santa Missa. Amélia sempre vem de ônibus e, fielmente, entrega sua doação ao Clube da Evangelização.

Uma senhora muito especial, chegava a se parecer com um anjo! Cor clara e olhos azuis que eu não consigo apagar da minha memória. Foi amor à primeira vista! E o que mais me encantou foi quando perguntei sua idade: 87 anos. Quase 90! Quase 100 anos! Quando ela me revelou sua idade, um filme passou pela minha cabeça. Comecei a refletir: "O que faz uma senhora de quase 90 anos sair de casa, pegar um ônibus, subir o morro a pé, enfrentar calor, chuva e frio, participar da Santa Missa, contribuir com a Canção Nova e trazer, pessoalmente, sua doação por mais de 30 anos? De onde vem aquela força, alegria e coragem? De onde vem aquele entusiasmo? Foram, ao mesmo tempo, muitas perguntas e muitas respostas dentro de mim; e, naquele momento, o silêncio tomou conta do carro e também do nosso coração. Em outras palavras, sentimo-nos visitados por Deus, por um Pai que diz a cada um de nós, por meio de um testemunho de fé, que Ele é a Pérola, o maior Tesouro a ser descoberto em cada um de nós.

Diz a Palavra, em Mateus 13, que o Reino dos Céus se assemelha a um tesouro escondido no campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o novamente. Então, transbordando de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele terreno, a pérola de grande valor! A Canção Nova existe para fazer pessoas como nós descobrirem o grande Tesouro que se chama Jesus.

E para que a nossa evangelização aconteça nós contamos diariamente com a providência Divina nos colocando corajosamente nas mãos de Deus. É uma linda experiência de fé. Providência para mim tem para muitos nomes, rostos, mãos e milhões de corações como o da Amélia.

Providência de Deus é bem assim: acreditamos que estamos fazendo o bem para o outro, mas, na verdade, todo o bem que fazemos, e seja ele qual for, de alguma forma retorna para nós. Dona Amélia ficou satisfeita com a carona; meu esposo e eu mais felizes em ter encontrado essa pérola e com ela aprendido que Deus é o nosso bem maior.

Sônia Venâncio

Membro da Comunidade Canção Nova

Abra as portas da sua casa para Jesus entrar

Zaqueu desejava muito ver Jesus, mas alguns fatores o impediam de se aproximar d’Ele. Primeiro, pelas próprias pessoas, uma multidão alvoroçada, e cada um tinha os seus próprios interesses. Não havia espaço para este homem entrar no meio daquela multidão, para ver e tocar em Cristo. Havia da parte de Zaqueu um limite físico, porque ele era muito baixo e não dava nem para esticar os seus pés para assim poder ver o Senhor. Ele encontrava barreiras.

Sabe, meus irmãos, às vezes, paramos em nossos limites, paramos nas nossas próprias deficiências e nas dificuldades que os outros colocam à nossa frente para não chegarmos até Jesus.

Hoje, Zaqueu é um convite para revermos as nossas atitudes. Primeiro, não podemos colocar nenhum limite para nos aproximarmos do Senhor; nem os pecados nem os erros que cometemos nesta vida, nada nem ninguém pode impedir que um filho de Deus se aproxime d’Ele.

Somos convidados por Zaqueu a transpor as dificuldades, as barreiras que são colocadas em nossa frente, as quais, muitas vezes, estão dentro de nós. Sim, somos nós que, tantas vezes, sentimos preconceitos com a nossa própria situação, somos nós que estamos com a nossa autoestima muito baixa.

Hoje, nós passamos por cima dessas barreiras, e assim como Zaqueu, vamos ao encontro do Senhor, porque Ele está dizendo: “Hoje, quero estar na sua casa!”.

Jesus quer estar em nossa casa, assim como esteve na casa de Zaqueu. O Senhor não quer olhar para a nossa condição, não quer olhar se somos malvistos pelos outros. É como se alguns dissessem: “Ele está na casa de um pecador!”. Como somos todos pecadores, queremos abrir as portas do nosso coração, da nossa casa para que Jesus possa entrar.

Deixe-me dizer uma coisa a você: quando Jesus entra em nossa casa, em nossa vida e em nosso coração muitas coisas mudam dentro de nós; a situação muda dentro do nosso interior, aquela visão distorcida e errada que nós, muitas vezes, temos e vivemos também muda. A presença amorosa de Jesus transforma todas as coisas!

Eu sei que há muitas coisas precisando mudar em sua vida e em sua casa. Então, permita que Jesus, o Salvador, traga a salvação para a situação que a sua família e você estão vivendo. A vida de Zaqueu nunca mais foi a mesma desde que permitiu a entrada de Jesus em sua casa.

Se hoje você permite que o Senhor entre nas situações da sua vida que precisam ser mudadas, pode ter certeza que Ele chegará onde você está precisando, onde você mesmo diz que ‘não tem mais jeito’ ou ‘não tem solução ou salvação’. Porque quem conhecia Zaqueu nunca imaginava que tivesse jeito para aquele homem, mas para Deus nada é impossível, nem aquilo que você acha que não tem jeito. Acredite: para Deus tem jeito!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

33º Domingo do Tempo Comum

Estamos terminando o ano litúrgico. Nesse período somos chamados à vigilância para ir ao encontro do Senhor, Juiz do Universo. Com a próxima festa de Cristo Rei sabemos a direção a tomar e o caminho a percorrer. O caminho da vigilância é o bom uso dos bens que recebemos de Deus para produzir.

No evangelho de hoje ouvimos a parábola dos talentos. As riquezas de Deus nos foram confiadas para que as fizéssemos produzir. Deus não pede que tenhamos tudo, mas que façamos produzir frutos os dons que recebemos. Ninguém é mais que ninguém. Menor é o que não aproveita os dons que tem. Não é matemática nem economia, mas correspondência aos dons que nos foram confiados. Preguiça espiritual é sinônimo de corpo morto, inútil e prejudicial.

Quais são os talentos que recebemos? (Talento equivalia a 26 kg de ouro ou prata – 6.000 dias de trabalho – 5 talentos eram um valor altíssimo). Um talento não era uma moedinha.

Nós chamamos talentos os dons que recebemos. Valem mais que dinheiro. Além dos dons pessoais recebemos as preciosas riquezas dadas por Deus em Cristo: Sua Igreja, os Sacramentos, a Palavra de Deus, a vida da comunidade, os ministérios, a evangelização, o mundo criado que nos foi dado a cuidar e o amor ao próximo, sobretudo o necessitado. Não produzir significa morrer. Não bastam oraçõezinhas para a salvação. É preciso produzir frutos. Esta é a vigilância que Jesus pede: responsabilidade sobre o que nos foi confiado. Não se trata de ficar apavorado com um mundo que pode acabar de uma hora para a outra. Isso fica por conta de quem não tem o que fazer com os dons confiados a ele.

O maior dom é o cuidado dos necessitados. Nossa missão é resgatar o tempo presente de todas as iniquidades, pois os dias são maus. A educação cristã fixou-se quase só na prática de orações e rito e não tomou conta da vida no seu todo.


Pe. Luiz Carlos de Oliveira, CSsR

Ajudar ou construir o Reino de Deus?

Os Fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Esta é uma pergunta que geralmente fazemos. Mas o que representa esse Reino? Significa que o Senhor reinará sobre a terra. Todos nós, crentes ou ateus, esperamos por este dia em que estaremos todos realizados, satisfeitos na presença d’Ele. A pergunta deles é a mesma pergunta que fazemos: “Quando é que, verdadeiramente, o Senhor reinará?

O homem sempre quis algo que o preenchesse positivamente, mas nem sempre encontrou as melhores situações. Chegamos até a nos perguntar: “Onde está Deus? Quando Ele vai intervir?”

Se a Palavra nos diz que o Reino do Senhor há de vir, significa que há outro reino que não é o de Deus. Por isso é importante que nos perguntemos: “Quem eu sigo? O Reino de Deus ou o reino do mundo?”. Corremos o risco de deixar o Senhor de lado e começar a seguir o reino do mundo.

Para sabermos a qual reino servir, devemos compreender a carta de São Paulo a Filemon. Segundo ela, Onésimo era escravo de Filemon, mas São Paulo recomendou a este que não o visse mais como escravo, mas como irmão. Para entendermos o reino deste mundo e verificarmos se o estamos construindo ou não, esta carta nos ajudará.

O Reino deste mundo é egoísta, não é caridoso. Centraliza-se em si mesmo e faz com que outros trabalhem somente ao seu bel prazer. Por exemplo: um casal casado que não está construindo o reino do mundo casa-se para ser feliz, não para ajudar o processo do outro.

“Grande consolo tive por causa de sua caridade.” O mundo tem ficado cada vez menos caridoso. Estamos voltados para nós mesmos e nem temos coragem de olhar para as pessoas caídas ao nosso lado. No mundo de hoje, falta solidariedade, porque este reino é egoísta.

Se você é do tipo que trabalha para ter suas “coisas”, faz “um favor” para alguém a fim de obter algo em troca ou para tirar o peso da sua consciência, desculpe-me, mas você está construindo o reino deste mundo e não o reino de Deus.

Devemos olhar para o outro como irmão e não como algo qualquer. Perceba que o Reino dos céus é construído tijolinho por tijolinho. Quando olho para o outro com ganância, como se fosse meu escravo e não como irmão, estou contribuindo algo para o mundo, não para o Senhor.

Será que consigo olhar para a pessoa que me fez sofrer como irmão? Quantos melindres! Queremos sempre que os outros nos sirvam. Comece a olhar para o outro tirando os olhos de você mesmo e verá que o outro também sofre.

Você que é empresário, tem a coragem de olhar para os seus empregados como irmãos e não como escravos? Essa é a maior caridade!

Estamos inflamados com a cultura do descartável, diante da qual não vemos o outro como pessoa, mas como “algo” que nos pode ser útil. Como nas redes sociais, as pessoas que não nos importunam, nós simplesmente as bloqueamos.

A construção do reino deste mundo é fácil, mas a construção do Reino de Deus é difícil. É mais fácil descartar as pessoas que nos fazem mal do que viver um processo de acolhê-las para a construção do Reino de Deus. Quem eu tenho descartado?

Deus escuta muito mais a sua oração quando ela é feita numa comunidade que ora junto. Não podemos viver uma fé individualista, não podemos fazer um divórcio entre a fé e a vida que levamos.

Vejam o exemplo de irmã Dulce. Não bastariam as belas palavras daquela mulher se não houvesse caridade em seus atos. Independente do livro que você tenha escrito, o mais bonito será o livro escrito com a sua vida. Hoje, bastam as palavras para nos enganar.

Sobre a pergunta dos fariseus a Jesus, de “quando chegará o Reino de Deus”, o Senhor lhes responde querendo saber se estão dispostos a construir esse Reino; e este não é ostensivo, não é cheio de brilho nem de riquezas.

Há muitas pessoas criando necessidades, querendo consumir e consumir, ter um monte de “luxo”, mas não ter Deus. O Senhor não pode ser comprado com dinheiro, Ele quer o seu coração. O essencial não são coisas materiais, o essencial é Deus.

Um só dia na presença de Deus vale mais do que muitos dias neste mundo. O Reino do Senhor não é dividido nem tem pacto nenhum com este mundo. Se estivermos divididos entre o que vemos e fazemos, não conseguiremos chegar ao que Jesus nos convida neste Evangelho.

Padre Anderson Marçal

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

10 Pensamentos de Santo Agostinho sobre as tentações

1 - Adão caiu, porque não se recomendou a Deus na hora da tentação.

2 - Toda tentação é uma forma de inquisição. Por meio dela o homem se conhece a si mesmo.

3 - Fecha a porta para que não entre o tentador. Ele não deixa de chamar, mas se vê que a porta está fechada vai em frente. Só entra quando te esqueces de fechá-la ou não a fechas com segurança.

4 - Nossa vida é uma peregrinação. E, comotal, está cheia de tentações. Porém, nossa maturidade se forja nas tentações.

5 - Ninguém conhece a si mesmo se não é tentado; nem pode ser coroado, se não vence; nem vencer, se não luta; nem lutar, se lhe faltam inimigos. Se rejeitas a tentação, rejeitas também o crescimento.

6 - Coloca-te, pois, nas mãos do Artífice, sem restrições. Ele te corrige, te lustra, te limpa. Para isso serve-se de vários instrumentos: são os escândalos e tentações do mundo. Não fujas das mãos do Artífice e não temas: Deus permite as tentações, não para te arruinar, mas para fazer-te mais forte.

7 - O mundo combate contra os soldados de Cristo com duas armas e táticas diferentes. Uma arma é a sedução; sua tática, criar angústia. A outra é o medo; sua tática, semear desânimo.

8 - O demônio não influência nem seduz ninguém se não encontra terreno propício. Quando o homem ambiciona uma coisa; sua concupiscência legítima as sugestões do demônio. Quando um homem teme algo, o medo abre uma brecha em sua alma pela qual se infiltram suas insinuações. Por essas duas portas, a concupiscência e o medo, o demônio se apodera do homem.

9 - Imita a formiga. Sê formiga de Deus. Escuta a Palavra de Deus e guarda-a em teu coração. Abastece tua dispensa interior durante os dias felizes do verão e assim poderás encarar os dias difíceis da tentação durante os invernos de tua alma.


10 - Procurai preencher com deleites espirituais o vazio dos desejos da carne: leituras, orações, salmos, bons pensamentos, prática frequente de boas obras, esperança no mundo futuro e um coração inflamado no amor de Deus.

Ser mãe, o mais belo ato de heroísmo

Em uma de suas cartas apostólicas, João Paulo II sabiamente coloca que a maternidade está ligada à estrutura pessoal do “ser” da mulher e com a dimensão pessoal do seu “dom sincero de si mesma”.

Nas palavras de Maria na Anunciação – “Faça-se em mim segundo a tua palavra”–, nós encontramos a disponibilidade da mulher ao dom de si e ao acolhimento da nova vida.

No dom de si, na capacidade de morrer para si mesma, toda mulher é chamada a ser mãe. Na maternidade, reflete-se o mistério eterno do gerar, que é próprio do Deus uno e trino.

Ser mãe, portanto, é ser uma mulher eterna! A mãe é aquela que traspassa o tempo, ela é a imagem do infinito terrestre. Ela é o imutável da vida, na concepção, na gestação e no parto. A concepção e o nascimento são a hora e o mistério da vida, são também a hora e o mistério da mulher.

A mãe é aquela que gera uma vida para a eternidade, que transmite vida ao infinito, ao mesmo tempo que sua vida transcorre no finito do cotidiano feito de pequenas e minúsculas fadigas. Feito de silêncio, o heroísmo da mãe é feito no dia a dia das coisas comuns.

A maternidade comporta uma comunhão especial com o mistério da vida, que amadurece no seio da mulher: a mãe admira este mistério com intuição singular, pois compreende o que vai se formando dentro de si. Esse modo único de contato com o novo ser que está sendo formado em seu ventre cria na mulher uma atitude especial e uma capacidade única de acolher o ser humano em geral; e isso caracteriza profundamente toda a personalidade dela.

A mulher, muito mais que o homem, possui uma disposição natural de atenção e cuidado para com o ser humano, e a maternidade só faz desenvolver ainda mais essa capacidade, esse dom.

Ser mãe e experimentar os sentimentos maternos é colocar-se do lado do abandonado, é saber se inclinar com amor e solicitude sobre tudo quanto há de pequeno e fraco na terra.

E este filho pode ser não apenas o filho do ventre, mas todo aquele ser humano que a mulher encontra ao longo de sua vida. Pois o mundo hoje é como uma criança pobre e abandonada que geme e precisa dos cuidados de uma mãe. O mundo, perdido como está, precisa encontrar em cada mulher uma mãe.

Quando Deus resolveu se encarnar no seio de uma mulher para se fazer homem e habitar entre nós, Ele quis colocar a mulher no papel de corredentora da humanidade. Ele quis colocar a mulher como responsável também pela sua obra criadora. Deus não precisava de uma mulher para vir ao mundo, mas Ele quis precisar dela. Por isso, na maternidade de Maria, encontramos todas as respostas para o que significa para a mulher se tornar mãe.

Todas as vezes que a maternidade da mulher se repete na história humana sobre a Terra, permanece sempre a aliança que Deus estabeleceu com o gênero humano mediante a maternidade da Mãe de Deus.

Contemplando esta Mãe, cujo coração foi traspassado por uma espada, o pensamento volta-se a todas as mulheres que sofrem no mundo, que sofrem tanto no sentido físico como moral. É difícil enumerar e nomear todos estes sofrimentos, mas podem ser recordados no desvelo maternal pelos filhos, especialmente quando estão doentes ou andam por maus caminhos, na dor das mães que perderam seus filhos, na dor das mães esquecidas pelos seus filhos adultos ou das viúvas, nos sofrimentos das mulheres que lutam sozinhas pela sobrevivência e nos sofrimentos das mulheres que sofreram injustiças e são exploradas. Sem falar em todos os sofrimentos causados pelo pecado que atingiram a dignidade humana ou materna da mulher.

Diante de todas estas dores, precisamos como Maria estar ao pés da Cruz de Cristo, pois ali também encontramos a ligação e o sentido da maternidade da mulher com o mistério Pascal.

“Da mesma maneira também vós estais agora tristes, mas eu voltarei a ver-vos; então vosso coração alegrar-se-á e ninguém mais tirará vossa alegria” (Jo, 16,22).

Judith Dipp

Cofundadora da Comunidade de Aliança Mãe da Ternura

Estejamos livres e despojados aguardando a vinda de Jesus

É tão bonito poder contemplar essa realidade que se chama “parusia”, que nos prepara para os acontecimentos finais da humanidade. São muitos os elementos, mas o principal deles é a volta gloriosa de Jesus Cristo ao nosso meio. Algumas pessoas se perguntam: “Quando será a segunda vinda de Cristo?”. Tenho de lhes dizer aquilo que o próprio Jesus disse: “Em breve! Não vai demorar!”.

O que não vale a pena é nos gastarmos em cálculos, criarmos o suspense do terror, do medo e do pavor. A vinda de Jesus no meio de nós será a coisa mais maravilhosa e agradável, será a intervenção definitiva, única e última de Deus na história da humanidade. Por isso todos nós aguardamos ansiosos por este dia, e quando digo “ansiosos” é porque desejamos que Ele venha logo. Mas não precisamos especular, não precisamos fazer cálculos nem criar fantasias. O que precisamos é aguardar, viver piedosamente como se o Senhor viesse hoje, porque o mais importante não é o dia em que Ele virá, mas estarmos preparados para este momento.

“Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia” (Lucas 17,24). Não haverá tempo para nos prepararmos, para nos convertermos, para nos confessarmos nem para nos libertarmos. A hora é agora, o tempo é este!

O que o Senhor nos ensina com Sua vinda? Primeiro: que o tempo é breve, que nós não temos todo o tempo do mundo, que não podemos pensar que a vida vai ser longa. Muitos chegam a dizer: “Ah, posso viver uma vida toda errada, depois me converto!”. Não! A vida é breve, por isso devemos vivê-la com a seriedade que ela merece, como se cada dia fosse o último, esperando o Senhor voltar logo!

Não importa se o Senhor virá amanhã ou daqui há mil anos, o importante é que o nosso coração, hoje, já O aguarde. Devemos viver de forma prudente, sóbria, despojada, para que nada nos prenda ou apegue o nosso coração a este mundo, para que livres e desprendidos possamos ir ao encontro do Nosso Senhor, sem nenhum alarde, sem nenhuma pretensão de fazermos juízos sobre a vinda d’Ele. O importante é que Deus vem e cada dia mais estamos perto da Sua vinda, por isso só podemos dizer: “Maranathá! Vem, Senhor Jesus!”

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova