Amor e perdão, uma feliz combinação

Todos nós, combatentes, deveríamos trazer sobre a nossa farda esta frase: 'Amor e Perdão'. Não pode faltar amor nem perdão na vida do combatente do Senhor. O amor e o perdão caminham lado a lado. A natureza humana e a nossa tendência para o pecado nos levam a agir de forma contrária à vontade de Deus. Muitas vezes, não conseguimos encarar os acontecimentos na visão do amor. O joio que o inimigo semeia, no meio dos filhos de Deus, é o desamor e a recusa em dar o primeiro passo para perdoar.

O perdão é um ato de vontade e, se não lutarmos para sair de nós mesmos, se não deixarmos de lado o nosso orgulho para ir ao encontro dos nossos irmãos, perderemos tudo e todos. A lei do amor precisa triunfar em nossa vida, em nossa casa, em nossa família. Quantas famílias, casamentos e comunidades cristãs estão sendo destruídos pela falta de perdão! Precisamos entender: o perdão é a chave que nos devolve a unidade e que nos conduz a uma vida no amor.

Não podemos nos deixar levar pelos sentimentos. Os nossos sentimentos nos arrastam e nos levam a fazer o que não devíamos. A nossa luta é espiritual, há em nós forças que nos levam ao perdão; mas existem também forças nos segurando, nos prendendo, nos amarrando e escravizando, dizendo 'não', impedindo-nos de perdoar. Jesus, no entanto, quer nos dar a vitória do perdão. Perdoar é um presente de Deus, é uma porta de graças. Sempre teremos necessidade de perdoar. Quantas vezes devemos perdoar? É preciso perdoar sempre! Assim como temos dificuldade em perdoar as pessoas, elas também sentem a mesma dificuldade em perdoar as nossas faltas.

A partir do momento em que decidimos perdoar, somos curados e restaurados no amor, recuperamos a alegria e a paz. Quando perdoamos, não estamos fazendo papel de bobo, não estamos compactuando com o erro dos outros. Ao contrário: perdoar é algo muito concreto. É como quando se perdoa uma dívida. Você sabe que a dívida existe, que determinada pessoa deve para você tal quantia; você não é nenhum cego, nenhum “trouxa”. Você sabe de tudo, mas, de olhos abertos para a realidade, você perdoa aquela dívida. Veja: a dívida existe, mas você perdoa.

Perdoar é algo nobre. Não se prenda a coisinhas: salve sua vida. Procure vencer o seu orgulho. Perdoe a todos, perdoe por tudo, perdoe sempre. O perdão faz crescer o amor entre as pessoas, e todo o corpo de Cristo, que é a Igreja, ganha com isso. Muitas vezes, não recebemos as bênçãos do Céu, porque não perdoamos. Deus quer nos abençoar, mas, se estivermos fechados ao perdão, a graça não acontecerá. O nosso coração precisa estar aberto ao perdão para que a graça de Deus seja abundante em nossa vida.

Façamos a oração de São Francisco pedindo a Deus a graça de perdoar sempre: "Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve a perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver erros, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz! Ó Mestre, fazei com que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando, que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna! 

Não se sinta humilhado ao dar o primeiro passo para o perdão. Muito pelo contrário: você é vencedor, porque teve a coragem de perdoar primeiro. Nunca espere que os outros deem o primeiro passo. Dê você e verá a grande libertação que Deus fará em sua vida. Quando nos humilhamos diante dos homens, crescemos diante de Deus e Sua graça é superabundante em nossas vidas! Esta é a vitória do combatente: amar e perdoar, uma feliz combinação. O amor nos leva a perdoar, e o perdão nos faz crescer no amor.


Monsenhor Jonas Abib

4º Domingo da Quaresma

A Palavra de Deus nos fala sobre a luz divina que se manifesta na história humana. Deus se revela ao mundo de modo original e surpreendente.

Nas pessoas pobres e frágeis, ele manifesta a grandeza de seu amor. Escolhe Davi, um humilde pastor, para governar o seu povo com justiça. Depois envia seu filho que cura a cegueira, liberta de toda opressão e ilumina o caminho da vida. Quem segue Jesus anda no caminho da luz.

A 1ª Leitura descreve a escolha de Davi para ser o rei de Israel. Samuel foi à casa de Jessé, os filhos são apresentados, mas o escolhido é o menor que está no campo cuidando do rebanho. Ele foi ungido. A unção é o meio pelo qual se confere uma missão sagrada. O Governo do povo deve ser realizado sob a autoridade de Deus.

Mostra que Deus não se deixa conduzir pelas aparências. Ele conhece o coração de cada pessoa e chama os que estão no ultimo lugar para realizar o seu plano de salvação.

São Paulo, na 2ª Leitura, quer manter a comunidade Cristã no caminho do amor. Existem dois caminhos: o das trevas e o da luz. O caminho das trevas era bem conhecido pelos cristãos de Éfeso. Viviam no egoísmo, na avareza, na busca de prazeres. São Paulo ensina o caminho da luz que se manifesta por uma vida em Cristo. Ele viveu como filho da luz e se revelou como a luz verdadeira. Jesus não somente assumiu atitudes de amor, mas é a essência do amor.

A pessoa unida a Cristo também é filha da luz. Sabe discernir o que é agradável ao Senhor e produz frutos de bondade, justiça e verdade. Jesus nos fez participantes da sua própria natureza divina. Assim como Ele é a Luz de Deus no mundo, também nós podemos viver de tal modo que a luz divina brilhe no mundo através de nossas boas obras.

Jesus é a luz do mundo. Vivamos como filhos da luz para que as pessoas vejam as boas obras e glorifiquem o Pai que está nos céus.

O Evangelho descreve a cura do cego de nascença. A cegueira era considerada um castigo divino, seja pelos pecados da pessoa ou dos antepassados. Por não poder ler a Sagrada Escritura e estudar a Lei, era considerado um ignorante diante de Deus.

Jesus veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Quando perguntam a Jesus, quem pecou, ele procura abrir também os olhos dos discípulos em vez de achar um culpado, Jesus resgata a dignidade, recuperando a visão.

Jesus vê o cego de nascença e toma a iniciativa de curá-lo. Usa a terra e saliva, formando um barro que lembra a criação. Jesus quer recriar a pessoas, dando-lhes nova vida. Mas a graça divina precisa da colaboração da pessoa. Por isso o cego deverá seguir a palavra de Jesus e lavar-se na piscina.

Seguir o caminho de Jesus significa entrar num processo de libertação. O cego recupera a vista, recebe de Jesus o dom da fé e torna-se discípulo. Recuperar a verdadeira visão é renascer pela fé, acolher a Jesus e se deixar conduzir por sua palavra.


Homilia Dominical

Maria é a grande colaboradora no mistério da redenção!

A Virgem Maria é a grande colaboradora no mistério da redenção; é aquela que, com seu ”sim”, com sua entrega e com sua disponibilidade, permite a realização da operação mais maravilhosa que já houve na face da terra!

”Maria, então, disse: ‘Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”’ (Lucas 1,38).

Nós temos a graça de celebrar hoje a Solenidade da Anunciação do Senhor, por isso nós interrompemos o tempo que vivemos da Quaresma para entrarmos em sintonia com outro tempo de graça, que é o tempo do Natal. Nós, hoje, celebramos, com nove meses de antecedência, o princípio da Encarnação do Verbo Divino: a maneira como Deus entrou na nossa história para se fazer um de nós. Usaremos primeiro a opção de Deus ou a ação de Deus: foi Ele quem quis, foi Ele que escolheu o meio e o caminho para nos salvar.

Bendito seja Deus porque Ele não nos deixou sozinhos, não nos deixou no cativeiro da morte e do pecado, mas quis nos salvar; por isso, o Verbo Divino se encarna hoje no ventre de Maria. O divino se encontra com o humano e o humano se abre, como dom, para receber essa graça divina. De um lado Deus, que toma a iniciativa e do outro, a humanidade na pessoa da Virgem Maria, que se abre para receber esse dom de Deus.

Louvado seja Deus pelo ventre de Maria, louvado seja Deus pela disponibilidade e pela docilidade da Virgem Maria, que diz o seu “sim” a Deus e que se abre de corpo e alma para que nela se opere o mistério da salvação da humanidade!

A Virgem Maria é a grande colaboradora no mistério da redenção; é aquela que, com seu ”sim”, com sua entrega e com sua disponibilidade, permite a realização da operação mais maravilhosa que já houve na face da terra: é uma nova criação que se inicia no seu ventre. O mesmo Deus, que criou todas as coisas no princípio, agora cria uma nova humanidade, cria um novo Homem, um novo Adão, na pessoa de Jesus. Jesus não existia antes de Maria, humanamente falando, Ele existia na sua condição divina, como Verbo Divino. Cristo o Senhor se torna homem, Jesus Nosso Salvador, por essa união maravilhosa e sagrada do Espírito Santo, que se une à nossa natureza humana na pessoa de Nossa Senhora.

A Santíssima Virgem Maria não é divina, mas divinamente se abre para acolher a ação de Deus em sua vida. Ela agora é a nova mulher, a primeira recriada por Deus na nova humanidade que Ele começa a partir dela. Bendito sejas, nosso Deus, pelo ventre que Te acolheu, pelos seios que amamentaram Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

Hoje, nós comemoramos o nascimento e o início de uma nova humanidade, nós celebramos com todo o amor, alegria, glórias aos céus, o “sim” de Maria, o “sim” redentor para todos nós!

Que Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Anunciação do Senhor

Neste dia, a Igreja festeja solenemente o anúncio da Encarnação do Filho de Deus. O tema central desta grande festa é o Verbo Divino que assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço.

Hoje é o dia em que a eternidade entra no tempo ou, como afirmou o Papa São Leão Magno: “A humildade foi assumida pela majestade; a fraqueza, pela força; a mortalidade, pela eternidade.”

Com alegria contemplamos o mistério do Deus Todo-Poderoso, que na origem do mundo cria todas as coisas com sua Palavra, porém, desta vez escolhe depender da Palavra de um frágil ser humano, a Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor:

“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem e disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.’ Não temas , Maria, conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Maria perguntou ao anjo: ‘Como se fará isso, pois não conheço homem?’ Respondeu-lhe o anjo:’ O Espírito Santo descerá sobre ti. Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tu palavra’” (cf. Lc 1,26-38).

Sendo assim, hoje é o dia de proclamarmos: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14a). E fazermos memória do início oficial da Redenção de TODOS, devido à plenitude dos tempos. É o momento histórico, em que o SIM do Filho ao Pai precedeu o da Mãe: “Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade” (Hb 10,7). Mas não suprimiu o necessário SIM humano da Virgem Santíssima.

Cumprindo desta maneira a profecia de Isaías: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco” (Is 7,14). Por isso rezemos com toda a Igreja:


“Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da Virgem Maria; dai-nos participar da divindade do nosso Redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por nosso Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo”.

3º Domingo da Quaresma

As três leituras apresentam uma situação de vida na qual cada um pode, facilmente, reconhecer seu próprio caminho. Uma surpreendente pedagogia divina acompanha e estimula o crescimento rumo à plena libertação de toda humana ilusão.

A sede, como a fome, constitui uma das experiências mais traumáticas da vida humana. A procura para satisfazer suas exigências a transforma em potente motor que impele a pessoa a uma contínua busca, até que seja satisfeita. Nesta luta para a vida, se encontra, porém, a tentação de se apegar a tudo o que parece dar resposta imediata ou de buscar solução no passado.

Na 1ª Leitura, diante da aridez do deserto, Israel desconfia das promessas de Deus, se queixa de insuportável fadiga e sonha com a água e a carne que o Egito lhe garantia, embora em condição de escravidão. Contudo o Deus de Israel é o Deus que constrói o futuro, não somente do passado, é o Deus da libertação, ano o Deus da escravidão. Ordena a Moisés que vá para frente e promete que ele mesmo estará lá, pronto a operar novas maravilhas. “Passa adiante do povo (…) Toma a vara com que feriste o rio Nilo. Eu estarei lá, diante de ti sobre o rochedo (…) Ferirás a pedra e dela sairá água para o povo beber”.

Jesus estará sempre à frente dos discípulos no caminho para Jerusalém, renovando seu compromisso com a missão recebida do Pai, e pedindo aos discípulos para “segui-lo”, sem voltar atrás (Lc 9,51-62). Ele está sempre diante de nós e nos convida a segui-lo.

Na 2ª Leitura, Paulo destaca a gratuidade da iniciativa com a qual Deus estabeleceu conosco uma relação de autentica renovação em Cristo Jesus, derramando nos nossos corações seu Espírito, princípio de vida nova, fundamento da esperança e penhor da plena participação em sua vida. “Por ele, só tivemos acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes, mas ainda não ufanamos da esperança da glória de Deus. E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dados”.

No Evangelho, Jesus, em seu encontro com a mulher samaritana junto do poço de Jacó (evangelho), revela a absoluta liberdade com a qual ele se doa a todos e a cada pessoa. Ao mesmo tempo, com delicada pedagogia, ele faz a mulher passar da procura de solução insuficiente às exigências mais elementares da vida, como a água, para a atenção aos mais profundos anseios de verdade, de beleza e de vida, que estão em seu coração, escondidos dela mesma.

O próprio Jesus se faz mendicante e companheiro de procura. “Dá-me de beber”. O gesto de proximidade guia a mulher a descer às profundidades do poço que se encontra nas entranhas de sua própria experiência. “Se conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva”. Ela, com surpresa, descobre que o sedento estrangeiro está, de fato, lhe oferecendo uma água que não se pode recolher dentro do balde e sim no coração. “Mas quem beber da água que darei, nunca mais terá sede (…) Senhor dá-me dessa água…”.

Tal invocação recebe em resposta, a abertura de uma perspectiva ainda mais inesperada: participar do novo culto a Deus em Espírito e plenitude, superando toda divisão e redução aos critérios religiosos humanos: “Mas vem a hora, e é agora, em que os que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade”.

Os discípulos são conduzidos a percorrer um caminho de abertura e conversão aos critérios de Deus, parecido com o caminho feito pela mulher de Samaria. Com estranhamento ao encontrar Jesus falando com a mulher estrangeiras, porém solícitos para que o mestre como algo depois de tanta fadiga da viagem, eles são conduzidos por Jesus a mudar de horizonte: “Eu tenho um alimento para comer, que vós não conheceis (…) O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo a sua obra.”.

Esta mudança de horizonte constitui a passagem/ páscoa que os discípulos terão dificuldade a cumprir em si mesmo, até que o Espírito converta o coração deles e o próprio Jesus lhes abra a mente depois da ressurreição. Os discípulos, iluminados e fortalecidos pelo Espírito, conseguirão dar testemunho de Jesus, somente depois da Páscoa.

A mulher samaritana, ao contrário, parece mais disponível a deixar-se guiar pela novidade extraordinária encontrada em Jesus, e inicia imediatamente a dar testemunho dele. “Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava: “Ele me disse tudo o que fiz””.

Ela se torna a “primeira evangelizadora”, antecipando, profeticamente, o alegre anúncio da ressurreição, dado por Maria Madalena e pelas mulheres aos discípulos, na madrugada de Páscoa.


Diocese de Limeira

Com nossos atos, nós aceitamos ou rejeitamos Jesus?

Hoje em dia, com nossos atos, nós aceitamos ou rejeitamos a Palavra de Jesus, a salvação de Jesus, a mensagem que Ele nos trouxe?

”Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular’. Isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?”’ (Mateus 21,42).

Meus irmãos e minhas irmãs, a Palavra de Deus, hoje, nos mostra a parábola dos vinhateiros, uma longa parábola, uma longa história, a qual, no final, resume para nós como aconteceu a história da salvação, a manifestação de Deus entre nós: a Boa Nova nos foi trazida por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Você sabe que essa Boa Nova não foi aceita por todos. O motivo de Jesus ter morrido na cruz, foi porque Ele veio para os Seus, mas os Seus não O receberam, os notáveis da época, os conhecedores da Lei e os fariseus rejeitaram a pregação de Jesus e a mensagem d’Ele. Porque em outra época, Deus enviou os profetas, os patriarcas, todos aqueles que vieram e falaram em nome do Senhor, mas, nos tempos últimos, Deus enviou Seu próprio Filho para que Ele trouxesse a mensagem do Pai, a mensagem do Reino, trouxesse o dom da salvação para todos os homens. Mas o que fizeram a Ele? Rejeitaram, apedrejaram, mataram, eliminaram Jesus e a Sua mensagem.

Não adianta nós apenas olharmos para o passado, porque aí vamos dirigir um olhar de crítica e de culpa para aqueles notáveis que até já passaram, mas precisamos olhar para os tempos atuais, para o hoje, porque Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre, e perguntarmos para nós, homens do dia de hoje: Nós aceitamos ou rejeitamos a Palavra de Jesus, a salvação de Jesus, a mensagem que Jesus trouxe a nós? Não resta dúvida de que vivemos no mundo onde a mensagem cristã, onde o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo ainda é muito rejeitado.

Se vivemos em um mundo chamado culturalmente ”cristão” por prática ou por coisas parecidas, mas é no fundo o mesmo mundo que rejeita a mensagem de Jesus. O mundo aceita celebrar o Natal, a Páscoa, mas os celebra do seu jeito; um jeito muito ”mundano” de fazer as coisas e não de um jeito cristão de ver e de enxergar as coisas e o mundo.

Se olharmos para a nossa vida, muitas vezes, nós aceitamos Jesus, Suas Palavras e Seus ensinamentos, mas até Jesus não nos contrariar, até a Sua mensagem ser conveniente a nós, até a Sua Palavra não nos provocar naquilo que nos é mais caro, até Jesus não se tornar exigente demais conosco, até a Sua Palavra não exigir de nós aquilo que, muitas vezes, nós podemos dar, mas nós não queremos dar.

Meus irmãos e minhas irmãs, a Palavra de Deus, hoje, faz uma séria provocação a nós: Nós aceitamos ou rejeitamos Jesus? Nós acolhemos com nossa alma, com o nosso coração, com a nossa vida, a mensagem do Evangelho e permitimos que ela entre em nós para mudar a nossa cabeça, a nossa mentalidade, realizar uma conversão profunda em nosso ser ou simplesmente nos comportamos com indiferença e rejeitamos a Sua Palavra?

Que Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Parabéns, Pe. Ivan!!!

Obrigado Senhor, pelo dom da vida de nosso querido Padre Ivan.

Todo cristão é chamado para servir. No entanto, para que o povo de Deus possa cumprir sua missão, Ele suscita em seu meio algumas vocações específicas, a do sacerdócio é uma delas. Deus chama alguém do meio do povo, para o povo. Um padre deve ser ao mesmo tempo, pequeno e grande, de espírito nobre e ao mesmo tempo simples.

Um padre deve ser discípulo de seu Senhor, chefe do seu rebanho; um mendigo de mãos largamente abertas, um portador de inumeráveis dons, um homem no campo de batalha, uma mãe para confortar os doentes, com a sabedoria da idade e a confiança de um menino; voltado para o alto, com os pés na terra.

Um padre deve ser experimentado no sofrimento, imune a toda inveja, que fala com franqueza e é inimigo da preguiça. Um padre é feito para alegria, é alguém que se mantém sempre fiel. Nossa Comunidade se alegra junto a sua família por este dia tão especial o seu aniversário.

Padre Ivan, conte com nossas orações e que Deus e Nossa Senhora de Fátima te abençoe todos os dias de sua vida.

Parabéns!!!


Paz e Bem!!!

Mensagem do Pároco

É importante que todos reflitam sobre a Campanha da Fraternidade deste ano. A CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, lançou oficialmente a Campanha de Fraternidade 2014, desta vez centrada no tema “Fraternidade e Tráfico Humano” e tendo como lema a expressão paulina “Foi para sermos livres que Cristo nos libertou”. A quinquagésima edição desta Campanha anual prevê uma série de iniciativas de sensibilização, formação e oração, visando ajudar a compreender melhor o fenômeno do tráfico humano, para preparar “agentes pastorais” que sejam “antenas” nas comunidades empenhadas nesta luta. Só no Brasil, calcula-se que haja pelo menos 200 mil pessoas reduzidas à escravidão.

Oração da Campanha da Fraternidade de 2014
  
Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo
e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados.
Fazei que experimentem a libertaçãoda cruz
e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal,
vivamos como vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.

AMÉM!

Atenciosamente,
Pe. Francisco Ivan de Souza
Pároco do Santuário de Fátima


São José exemplo de Homem de Deus

Homem simples, trabalhador, responsável, um homem santo que em tudo buscava agradar a Deus e em tudo obedeceu ao Pai.

São José é uma figura muito importante no evangelho, exemplo de Homem de Deus, justo, Pai adotivo de Jesus, esposo de Maria, homem viril, casto que trazia em seu coração um profundo desejo de ser de Deus, mesmo que lhe custasse; quando Deus o falava, ele respondia com atitudes concretas, não olhava as dificuldades, mas seguia a voz do Senhor, queria corresponder aos planos de Deus. Ele acreditava e se lançava na providência de Divina.

No evangelho pouco se fala da sua vida, mas o exalta por ter sido um homem justo.

“José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber.” (São Mateus 1, 19)

São José foi um homem que ouviu e realizou concretamente os desígnios de Deus.

Fico a imaginar São José, acompanhando a gravidez, o parto, o crescimento do filho de Deus, as primeiras palavras e os seus primeiros passos, a infância, adolescência, a vida adulta. Como um bom Pai e esposo cuidou de Nossa Senhora, estando sempre atento a providência e ao sustento de sua família, ele se tornou  santo na fidelidade a Deus através do cotidiano de um Pai de família, foi dessa forma que São José foi Santo, zelando, sustentando, protegendo e amando com gestos concretos a Deus através de sua família.

Atualmente, tem-se perdido o sentido da missão do homem e as referências paternas. Poucos são os movimentos de resgate aos valores da paternidade e da masculinidade, encontramos muitos homens confusos na sua sexualidade porque tiraram os olhos de Deus.

Somente quando o homem busca a Jesus, adorando-o, reconhecendo os seus pecados, buscando-o em primeiro lugar, ele encontra a sua essência, que preenche, que forma e resgata: Somos filhos amados.

São José, um homem humilde e justo, “viveu pela fé”, sem a qual “é impossível agradar a Deus” (cf. Hab 2,3; Rm 1,17; Hb 11,6).

A exemplo de São José, não tenha medo de ter os olhos voltados para o Pai, confiar nele, como filho amado, reconhecer-se como homem de Deus é perceber traços de Deus em seu ser.

“Depois de Jesus e de Maria, amai São José.”
São João Bosco

Deyse Lima

Comunidade Canção Nova

Por que a Cruz é sinal do cristão?

Algumas pessoas não católicas dizem que a cruz é um símbolo pagão e que não deve ser usada. Mas esta afirmação não está de acordo com o que a Igreja Católica sempre viveu e ensinou desde os seus primórdios e também não concorda com os textos bíblicos, que louvam e exaltam a Cruz de Cristo. Senão vejamos:

Mt 10, 38 – Jesus disse: “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim”.

Mt 16, 24 – “Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.

Lc 14, 27 –“E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo”.

Gl 2, 19 – “Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo”.

Gl 6, 12.14 – “Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”.

1Cor 1,18: “A linguagem da Cruz… para aqueles que se salvam, para nós, é poder  de Deus”.

1Cor 1, 17: “… anunciar o  Evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem, a fim de que não se torne inútil a Cruz de Cristo”.

Quando o imperador Constantino o Grande, enfrentou seu rival Maxêncio sobre a ponte Milvia, próximo do ano 300,  viu nos céus uma cruz luminosa acompanhada dos dizeres: “In hoc signo vinces!” (Por este sinal vencerás). Constantino, então, colocou a sua pessoa e o seu exército sob a proteção do sinal da cruz e venceu Maxêncio, tornando-se imperador supremo de Roma, proibindo em seguida a perseguição aos cristãos pelo Edito de Milão, em 313.

O símbolo resultante da sobreposição das letras gregas X e P, iniciais de Cristo em grego, lembrava Cristo e a Cruz e foi representado no estandarte de Constantino. No fim do século IV, tomou a forma que lembrava a Cruz.

Após a conversão de  Constantino († 337) a cruz deixou de ser usada para o suplício dos condenados e tornou-se  o símbolo da vitória de Cristo e o sinal dos cristãos, como mostra de muitas maneiras a arte, a Liturgia, a piedade particular e a literatura cristã. A cruz tornou-se, então, sinal da Paixão vitoriosa do Senhor. Conscientes deste seu valor, os cristãos ornamentavam a cruz com palmas e pedras preciosas.

Os Padres da Igreja como Tertuliano de Cartago e Hipólito de Roma, já nos séculos II e III, afirmavam que os cristãos se benziam com o sinal da Cruz. Os mártires tomavam a cruz antes de enfrentar a morte e os santos não se separavam da cruz. As Atas dos Mártires mostra isso.

No entanto, muito antes de Constantino, Tertuliano (†202) já escrevera: “Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando nos vamos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas  as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa o sinal da Cruz” (De corona militis 3)*.

S. Hipólito de Roma († 235), descrevendo as práticas dos cristãos do século III, escreveu: “Marcai com respeito as vossas cabeças com o sinal da Cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e protege contra o diabo, se é feito com fé, não por ostentação, mas em virtude da convicção de que é um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o Cordeiro verdadeiro; ao fazer o sinal da  Cruz na fronte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos espreita para nos condenar” (Tradição dos Apóstolos 42)*.

No Novo Testamento a Cruz é símbolo da virtude da penitência, domínio das paixões desregradas e do sofrer por amor de Cristo e da Igreja pelas salvação do mundo. Seria preciso apagar muitos versículos do Novo Testamento para dizer que a Cruz é um símbolo introduzido no século IV na vida dos cristãos. O sinal da Cruz é o sinal dos cristãos ou o sinal do Deus vivo, de que fala Ap 7, 2, fazendo eco a Ez 9,4: “Um anjo gritou em alta voz aos quatro Anjos que haviam sido encarregados de fazer mal à terra e ao mar: “Não danifiqueis a terra, o mar e as árvores, até que tenhamos marcado a fronte dos servos do nosso Deus”.

São Clemente de Alexandria, no século III, chamava a letra T (tau), símbolo da cruz, de “figura do sinal do Senhor” (Stromateis VI 11)*.

Por tudo isso, a vivência e a iconografia dos cristãos, desde o século I, deram à cruz sagrada um lugar especial entre as expressões da fé cristã. Daí podemos ver que é totalmente errônea a teoria de que a Cruz é um símbolo pagão introduzido por influência do paganismo na Igreja e destinado a ser eliminado do uso dos cristãos. Rejeitar a Cruz de Cristo é o mesmo que rejeitar o símbolo da Redenção e da esperança dos cristãos.


Prof. Felipe Aquino

2º Domingo da Quaresma

As três leituras deste domingo destacam que a iniciativa no processo de transfiguração e de renovação é fruto da livre e gratuita escolha e do chamado de Deus, não dos nossos esforços. Somos filhos e filhas da graça do Pai!

Na 1ª Leitura, Deus, por livre escolha de amor, chama Abraão e lhe pede para abandonar sua família e sua terra, com a promessa de que o tornará abençoado e fecundo, sinal de esperança para todos os povos. Abraão acolhe o chamado de Deus e inicia aquela caminhada na fé que o faz “pai de todos os que acreditam no Senhor e se entregam a Ele” (Cf. Rm 4,11).

Abrão passando do abandonar das suas raízes vitais para a fecundidade que vem de Deus, vive primeiro a “páscoa” de morte a si mesmo e de adesão a Deus, que cada um de nós, na Quaresma, é chamado a viver para aderir a Cristo (Gn 12, 1-4).

Na 2ªLeitura, Paulo lembra a Timóteo que Deus nos chamou à salvação e à santidade não por nossos méritos, mas por sua livre e gratuita escolha, manifestada em Cristo.

É Deus que, na sua liberdade e condescendência, escolhe e chama as pessoas para fazê-las seus parceiros na aventura da vida. É ele que inicia, permanecendo como protagonista, o caminho de renovação pascal em que o cristão entrou, por graça, através do Batismo.

No evangelho, Jesus, por livre escolha de amor, chama Pedro, Tiago e João e os leva consigo sobre uma alta montanha, para que se tornem testemunhas de sua sorte de messias sofredor e glorioso, que há de transformar o mundo através do amor crucificado. Jesus, diante dos discípulos, antecipa sua páscoa. Eles são introduzidos no mistério de Jesus e apreendem que o caminho deles não será diferente da sorte do mestre.

Ao narrar a estadia de Jesus no deserto, depois do batismo, e seu combate vitorioso contra o demônio (1º Domingo da Quaresma), Mateus destaca que Jesus estava atuando como o “novo Moisés”. Moisés guiou o povo de Israel rumo à terra prometida e mediou a aliança entre Deus e o povo. Jesus guia o novo povo de Deus, peregrino na história para uma relação com Deus mais autêntica na fidelidade e na liberdade, estabelecendo, no sacrifício de si mesmo, a aliança nova e definitiva.

A presença, ao lado de Jesus, de Moisés, o legislador, e de Elias, o primeiro dos profetas de Israel, indica que o Antigo Testamento agora encontra seu cumprimento em Jesus morto e ressuscitado.

A voz do Pai proclama Jesus “O Filho amado no qual eu coloco todo o meu agrado”. A ele é preciso “escutar” (Mt 17,5) e seguir. A voz do Pai confirma a proclamação da condição divina de Jesus, feita no batismo no Jordão (cf. Mt 3,17), e antecipa a glorificação de Jesus através da cruz na ressurreição e sua vinda gloriosa no fim dos tempos.


Diocese de Limeira

José e seus planos!

José e seus planos! Como todos nós, José possuía seus planos. Casar-se, constituir uma família, preparar para ela um lar e pensar nos filhos que viriam.

Como pai, compreendo com exatidão o que significa um filho. Como nos realiza! Lembro-me de que, quando meu filho era menor, eu gostava de fazer uma brincadeira (que, aliás, não recomendo a ninguém, pois é perigosa) com ele. Levantando-o por baixo, erguia-o somente com uma mão e lhe dizia: “Equilibre-se, filho!” Sempre fiz isso com grande satisfação! Olhava para ele e convidava-o a pular, jogando-se em meus braços. Uma vez, ao repetir a cena, Eliana comentava comigo que eu mais parecia um campeão, erguendo “meu troféu”, meu filho, minha vitória!

Se nós homens somos assim, é natural imaginar que José quisesse gerar seus próprios filhos. No entanto, ele deparou-se com Deus, que mudou seus planos, sua vida, seu senso de realização. Tudo com uma clareza, às vezes, despercebida.

No Evangelho segundo Mateus, está escrito assim:
“O anúncio a José. Eis qual foi a origem de Jesus Cristo. Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José. Ora, antes de terem coabitado, achou-se ela grávida por obra do Espírito Santo” (Mt 1,18).

Naquele tempo, os casamentos aconteciam assim. Maria já havia sido prometida a José e, como noivos, assumiram aquele compromisso como um casamento. Estavam praticamente casados. No entanto, Deus executa e propõe Seus planos. Observe, no versículo 18, que, antes de terem morado juntos, acha-se Maria grávida pela ação do Espírito Santo. José, que era justo, perfeito em grau altíssimo em suas virtudes, resolve repudiá-la secretamente.

Assim conta a partir do versículo 19:
“José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la publicamente, resolveu repudiá-la secretamente. Tal era o projeto que concebera, mas eis o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e lhe disse: 'José, filho de Davi, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa: o que foi gerado nela provém do Espírito Santo, e ela dará à luz um filho a quem porás o nome de Jesus, pois é ele que salvará o seu povo dos seus pecados'” (Mt 1, 19-21)

José tinha um plano! Por que pensou em deixar Maria? Duvidou de sua pureza? Nunca! Não compreendia o que estava acontecendo? De forma alguma, pois tinha conhecimento de que o Messias deveria vir de uma virgem. Mas, então, por que José pensou em a deixar?

É exatamente nesse ponto em que se nota o maior brilho de toda a humildade desse santo homem. É verdade que muitos interpretam como se houvesse uma suspeita, um julgamento...

Nada disso! José se enche de temor diante daquilo que era absolutamente claro e compreensível para ele. O que, na verdade, o move a deixar Maria é sua humildade, por não se achar digno de a acompanhar em tamanho mistério!

Grandes teólogos josefinos explicam, apoiados por santos doutores como São Basílio, São Bernardo e nas revelações a Santa Brígida, que José, mesmo antes de o Anjo do Senhor lhe ter carnação e, por humildade, quis deixar Maria.

São Bernardo, referindo-se a esse fato atesta: “Por que razão José quis abandonar Maria?” E responde: “Ouçamos não a minha própria opinião, mas a dos Santos Padres: Foi pela mesma razão por que São Pedro quis afastar de si o Mestre: 'Afasta-te de mim, Senhor, pois sou um homem pecador’. Pelo mesmo motivo que o Centurião dizia a Jesus: 'Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa!'”

José julgou-se indigno e pecador diante de tão grande mistério; julgou-se pequeno demais para ser companheiro de Maria. Cheio de santo temor, sofreu sozinho a solidão de sua incapacidade de considerar-se, ainda, esposo da Mãe do Salvador.

José duvida de si mesmo. Exclui-se! De certa forma, José pensa em retirar-se da vida de Maria para dar lugar a Deus. Há nisso uma humildade perfeita: o sacrifício de si mesmo!

Com a revelação do Anjo, José decide-se pelos planos de Deus. Torna-se pai de Jesus, não porque lhe gera a vida, mas porque dá sua própria vida para que Jesus viva.

Obediente, é mais santo que todos. Na verdade, é a obediência a base da santidade desse homem que nos ensina que, na verdade, nunca somos donos de nada; nada a nós pertence; administramos, gerenciamos os dons que são unicamente de Deus. Por isso, nossa vida é serviço. Somente isso. Nada mais.

Provavelmente, como carpinteiro, executou grande parte dos móveis da casa, tudo bem a seu jeito. Tudo por causa de Maria! Tudo por Jesus! Esse é outro tesouro do quanto José nos quer ensinar: tornar-nos, cada vez mais, devotos de Maria; cada vez mais seguidores de Jesus, cada vez dedicados aos dois.

Compreendemos, agora, o significado dos planos de José diante das descobertas daquilo que Deus esperava dele. Tudo tomou novo rumo. Tudo com muito sofrimento.

“Ao despertar, José fez o que o Anjo do Senhor lhe prescrevera: acolheu, em sua casa, a sua esposa, mas não a conheceu até quando ela deu à luz um filho, ao qual deu o nome de Jesus” (Mt 1,24-25).

Vale a pena lembrar que José acreditou num sonho! Provavelmente, ele precisasse ser provado com frequência para alcançar, a todo instante, os méritos de santidade necessários ao comprimento de sua missão. Também deve ficar bem claro que, segundo o versículo 25 acima citado, José “não a conheceu até quando ela deu à luz um filho...”, não quer dizer, de forma alguma, que José e Maria tiveram outros filhos depois que Jesus nasceu. Assim está escrito, de acordo com a tradução que mais se aproxima do original, pois era o que se sabia a respeito de José, Maria e Jesus até então.

Com tudo o que vimos, torna-se urgente para todos nós a necessidade de submetermos a Deus nossos planos. Não é tão fácil assim! Não podemos nos apegar às grandes realizações, tampouco desprezar as pequenas oportunidades. Se sou fiel no pouco...

Peçamos sabedoria. São José a tem e quer dá-la a nós.

Ricardo Sá

Missionário da Comunidade Canção Nova

Oração é elevar o nosso pensamento a Deus

Meus irmãos e minhas irmãs, a liturgia de hoje pode ser resumida em uma palavra: oração. Ela foi perpassada tanto nas leituras quanto no Evangelho. No Salmo 50, por exemplo, cantamos: “Naquele dia em que gritei, vós me escutastes, ó Senhor!”. Jesus é aquele que ouve a nossa oração, mesmo quando não damos nenhuma importância ao momento em que estamos a sós com Ele. Sabemos, pois, que ela faz parte da nossa vida.

Há momentos, em nossa vida, que parece que Deus não nos ouve, não é mesmo? Mas tenha a certeza de que, em todos os momentos em que nos colocamos na presença do Senhor, Ele nos ouve.

Na primeira leitura, vemos uma grande mulher de oração: Ester, a rainha que clamou ao Senhor pela salvação de seu povo e, diante dEle, rezou fazendo memória aos feitos das proezas de Deus ao Seu povo. Na oração, ela pediu que o próprio Deus colocasse, em sua boca, palavras sábias diante do rei, seu esposo. Antes de conversar, ela rezou e Deus ouviu sua prece.

No Evangelho, lemos que o nosso Deus cumpre as Suas promessas: “Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta! Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate a porta será aberta” (Mt 7, 7). Jesus conhece Seus filhos e sabe o que eles podem pedir, ou seja, coisas e situações que não nos farão bem, pois Deus sabe o que é melhor para nós e não nos quer dar coisas nocivas.

Você pode se questionar: “Se Deus sabe do que precisamos, por que devemos Lhe pedir?” A resposta é simples: um coração que busca a oração, mantém-se fiel a Deus. Quantas vezes rezamos, mas parece-nos que Ele se faz de surdo? Ele nos ouve sempre, mas espera o momento certo para atender nosso pedido.

Em cada livro da Sagrada Escritura, lemos que o povo buscava Deus na oração, até mesmo Jesus buscava ocasiões de estar a sós com Deus, muitas vezes na madrugada. As grandes decisões de Jesus foram feitas em vigílias de oração.

Deus, meus irmãos, escuta o nosso clamor. Isso, porém, não significa que o Senhor precisa se submeter à nossa vontade. Não! Somos nós que precisamos submeter a nossa vontade a Ele. Busque uma vida de oração para que, por meio dela, você encontre a vontade de Deus para sua vida.

O que você tem pedido a Deus? Ganhar na mega-sena ou aquele carro do ano? Amados, não é isso que o Senhor nos ensina. Devemos buscar o Reino de Deus e todas as outras coisas nos virão por acréscimo. Por isso, todas as vezes que nos colocamos em oração, colocamo-nos em sintonia com Ele.


Se você olhar a vida dos santos, verá que foram homens e mulheres que buscavam a sintonia com o Senhor. Oração é isso: buscar a intimidade com Deus. Em seus momentos de oração, não busque palavras rebuscadas, mas ore na simplicidade.

Na vida espiritual, podemos dizer que “você é aquilo que reza”. Como você tem vivido seus momentos de oração? Orar é dobrar os joelhos no chão e reconhecer-se submisso a Deus, sendo perseverante em sua oração.

Você precisa partilhar com o Senhor as suas realidades, tê-Lo como amigo. Tenha uma fé viva, traduzida na vida, testemunhada no amor pelos irmãos. Mas isso não acontece de uma hora para outra, busque ser fiel no pouco e Deus vai lhe confiar muito mais. Cada momento que meditamos a Palavra ela vai se enraizando dentro de nós.

Dê um passo em direção à vontade de Deus em sua vida. Comece aos poucos, para que vire um hábito e ore sem cessar.

Padre Toninho

Sacerdote da Diocese de São José do Rio Preto (SP)